13 Reasons Why | A necessária discussão de temas que geralmente não são aprofundados

Gabriella Soares

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4 de abril de 2017

Hannah Baker (Katherine Langford) poderia ser uma adolescente normal do ensino médio americano passando por ritos que fazem parte desse momento da vida, como a exploração da própria sexualidade, os primeiros contatos sexuais, as amizades, a autodescoberta e a construção de uma identidade. Experiências que deveriam ser respeitadas, compreendidas e ocorrerem segundo seus termos. Masas coisas não acontecem como deveriam, nada é simples e as pessoas podem ser – e na maioria das vezes são – horríveis, egoístas e ignorantes com quem está ao lado. E as consequências também podem ser, como mostra a nova série adaptada da Netflix, “13 Reasons Why”.

Do processo que a levou ao suicídio até a concretização do ato, Hannah passou por muita coisa, e em seus últimos dias de vida ela planejou exatamente como iria contar os detalhes de sua história a cada pessoa que de alguma forma contribuiu para sua morte. Ela acredita que cada história tem 13 lados, assim, a garota deixa 13 fitas cassetes com instruções claras para que elas sejam ouvidas por cada uma das pessoas que agiram como uma razão para a sua morte. Assim, acompanhamos Clay Jensen (Dylan Minnete)na descoberta dos motivos dele ser um porque assim como cada um dos seus colegas, além dos mistérios que ainda rondam Hannah.

Desde o primeiro episódio a premissa da série já é muito bem estabelecida e o interesse é despertado não apenas pelas razões, como pela questão de como Clay – e todos os outros personagens – influenciaram na morte de Hannah e como cada um deles está conectado. Além da ligação dos personagens e da própria trama, um dos pontos que mantem a tensão é a forma como a história é contada. Com uma edição inteligente, que não segue uma ordem cronológica, os fatos e os pequenos detalhes são apresentados de forma a te manter ansioso para saber como as coisas chegaram naquele ponto.

Um problema de 13 Reasons Why é que algumas situações parecem terem sido exageradas, ao menos no que diz respeito às reações dos personagens. A tentativa de buscar esse clima de tensão para os acontecimentos fez com que alguns fatos revelados não correspondessem às expectativas e, assim, fossem frustrantes e sem grande impacto. Mesmo os personagens sendo representações de questões e problemas que são recorrentes na vida de um adolescente/jovem e considerando que Hannah não estava bem emocional e psicologicamente, há momentos na série que a dramatização parece exagerada para o momento e o perfil dos personagens, o que prejudica o ritmo de alguns episódios.

Também alguns dos jovens não tem tantos motivos ou justificativa racional para a paranoia em relação à possível divulgação das fitas, como Ryan e a Courtney, por exemplo, entretanto o comportamento deles como um grupo ajuda a criar a ideia de que todos estão no limite. Seja pelos acontecimentos recentes na Liberty High ou pelo que eles descobriram – ou não querem que os outros descubram – através dos depoimentos de Hannah, todos aqueles adolescentes estão com as emoções à flor da pele, principalmente o medo das consequências pessoais ou judiciais que suas ações podem acarretar.

Assim, é com facilidade que alguns personagens desconsideram completamente o que Hannah deixou registrado nas fitas. Seja por não se importarem não verem – ou não quererem admitir – nada de errado com o que fizeram. O que fica mais evidente com as reações dos personagens é asuperficialidade, egoísmosfalta de consideração com as pessoas que parece ser marca desse grupo etário e social. Mesmo Clay, que desde o início vemos como um menino doce e gentil pode agir como um completo idiota, principalmente por sua falta de ação e apatia.

“13 Reasons Why” é uma história que trata não apenas de suicídio como também de objetificação do corpo da mulher e das pessoas, bullying, machismo, assédio, abusos físicos, metais e sexuais, luto, sobrevivência, álcool e drogas. E o trunfo da série é que ela consegue discutir tais assuntos e fomentar a discussão e a reflexão de uma forma dinâmica e competente na maioria de seus episódios.

Com boas atuações, principalmente de Dylan Minnete e Katherine Langford, que entregaram momentos emocionantes, e um roteiro sólido e aberto sobre questões que não costumamos discutir a fundo, a mais nova adaptação da Netflix apresenta uma ótima produção e deixa questionamentos sobre as nossas ações e a falta delas e as consequências disso na vida das outras pessoas.

::: TRAILER

https://youtu.be/nHdoAaLiU2E

Gabriella Soares

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