50 Anos de James Bond – Parte 12: “007 – Somente para Seus Olhos”
Pedro Lauria
Chegamos ao mais medíocre filme da série. Parte da sequência desastrosa iniciada por 007 – Contra o Foguete da Morte.
A trama, passada principalmente na Grécia, começa quando um barco britânico afunda junto com um instrumento chamado ATAC – peça militar vital para os ingleses. A primeira ministra então contrata um oceanógrafo para achá-la. Porém, este é assassinado na frente de sua filha (Carole Bouqet, a Bond Girl fascinada por bestas – a lá Daryll, de Walking Dead). Cabe a Bond recuperar o aparelho e ajudar Melina na sua jornada por vingança.
A simplicidade da trama poderia ser um aspecto positivo da obra, caso a narrativa aproveitasse a oportunidade para entregar um filme ágil – porém, Maibaum e Michael Wilson, usam e abusam de núcleos inúteis (como o da esquiadora Bibi Dahl) e de reviravoltas pouco fundadas para estender a história, a ponto de torná-la irritantemente cansativa. O filme acaba se tornando extremamente monótono – o que é uma pena, visto que as cenas de ação e o uso de dublês são espetaculares (um dos melhores da série).
Outro problema proveniente do roteiro, é o vilão Kristatos, que nem fede, nem cheira (o Jaws de Richard Kiel nos deixou orfãos de um vilão icônico). O mesmo não pode ser dizer de Columbus, um dos melhores sidekicks que Bond já teve, e que rouba a cena sem precisar fazer gracinhas ou agir como alívio cômico. Ainda no departamento de atuação, é impossível não falar da morte do ator Bernard Lee, o lendário M. Em respeito ao seu falecimento foi escolhido não substituí-lo no filme e deixar a entender que ele “estava se retirando”.
Sendo o primeiro filmes dos anos 80, fica claro, como a década mais estranha do cinema, pesou em cima das obras de Bond. As cenas de ação com músicas alegres a lá Macgiver e Esquadrão Classe A, dão um tom galhofa, como as das séries B que despontavam na época. Porém, isso contrasta com o “pseudo-realismo” do filme, uma vez que 007 – Somente para Seus Olhos é um dos capítulos mais “pé no chão” da série. Sem invenções mirabolantes, cenas inacreditáveis ou vilões histriônicos.
E isso não é legal quando falamos de 007.
Quer dizer… não quando a nossa única cena a lá James Bond é a inacreditável abertura. O começo com Bond colocando flores no túmulo de sua finada esposa (sim, aquela mesmo que casou com o agente em 007 – A Serviço de Sua Majestade – e que ficou 12 anos esquecida) já dá a entender que o filme tem como pretensão encerrar algumas pontas soltas. Porém, nada prepara o espectador para a cena que estava por vir: a luta entre Bond e Blofeld (que não havia aparecido no período Moore) é ridícula. Pensar que o grande vilão da série foi derrotado daquela forma é um desrespeito com todo o legado deixando pelos outros filmes.
E se a obra começa com uma galhofa desrespeitosa para os fãs da série – ele termina com outra – dessa vez insultando a primeira ministra britânica, Margaret Thatcher. Porém, ao contrário da cena envolvendo Blofeld, a gag com a ministra funciona e é divertidíssima, sendo um ponto alto em meio ao broxante desfecho.
007 – Somente para seus Olhos tem alguns pontos interessantes, uma temática oitentista que data um pouco a obra, mas que lhe dá um certo charme, porém, se torna medíocre diante de uma história frágil e uma narrativa extremamente lenta. No final, parece que se retirassem bons 30 ou 40 minutos, o filme se tornaria um pouco mais memorável.
BEM NA FITA: A tom oitentista (inclusive no tema); Columbus, O excelente trabalho de dublês
QUEIMOU O FILME: O vilão inexpressivo; A falta de M; A narrativa arrastada; Os aspectos pouco memoráveis
FICHA TÉCNICA:
Diretor: John Glen
Elenco: Roger Moore, Caroule Bouquet, Desmond Llewelyn, Topol, Julian Glover e Lois Maxwell
Produção: Albert R. Broccoli
Roteiro: Richard Maibaum e Michael Wilson
Fotografia: Alan Hume
Montador: John Grover