50 Anos de James Bond – Parte 20: “007 – Um Novo Dia para Morrer”
Pedro Lauria
Chegamos ao último filme da série “clássica”.
Ainda bem.
O 20º filme da franquia é uma obra tão fraca e repleta de problemas que mesmo o caráter festivo da película fica em segundo plano. Festividades essas representadas pelas diversas homenagens aos antigos filmes da série: desde Halle Berry saindo do mar a lá Ursulla Andress (a primeira Bond Girl) até a presença de um crocodilo nas paredes de Q (agora interpretado por John Cleese) fazendo uma referência a uma das traquitanas usadas por Roger Moore.
Aliás… pobre Moore. Injustiçado quando chamado de “o James Bond mais exagerado de todos os tempos” – mostra que seus filmes não são nada perto da epítome da loucura em que atinge esse último filme de Pierce Brosnan. Não falo do vilão com diamantes no rosto. Nem do vilão que troca de rosto. Também não falo do carro invisível. Ou do satélite que solta um raio laser poderosíssimo que destrói bases militares – mas demora para derreter um castelo de gelo. Nem do James Bond surfando um tsunami. Enfim, na verdade falo disso tudo em conjunto, somado a cenas patéticas como uma que envolve uma armadura cibernética (que de nada funciona). É muito exagero, sem a menor preocupação com a narrativa.
Mas tudo poderia ser perdoado se pelos menos as cenas de ação funcionassem. E elas não funcionam. Pela primeira vez na série um vilão portando um lança-chamas pareceu ridículo (sem intenção) e pouco ameaçador. A luta final, envolvendo antagonistas tomando decisões arbitrárias completamente estúpidas (como não matar um personagem após falar “meu erro foi não ter te matado antes) que se desenvolvem em cenas infantis e que não empolgam. Tudo culpa de uma má direção. Sejam pela falta de ritmo e coreografia dessas cenas ou pelo uso excessivo de câmeras lentas de forma tosca. A verdade é que Lee Tamahori, o diretor, consegue fazer de um roteiro fraquíssimo (que envolve elementos de traição, vingança e plot twists retirados da cabeça de um infante) algo ainda pior. O filme não tem uma redenção. Nenhuma. Quer dizer, tirando a peculiar (porém interessante) trilha composta por Madonna.
Adicionando a cereja no excesso de falhas e problemas da obra está uma das Bond Girls mais sem sal e sem personalidade de toda a franquia. Ingênua, tola e completamente inútil na trama, a Jinx Johnson de Halle Berry ainda é completamente bipolar, só se mostrando uma agente “competente” no último ato da trama e de uma forma completamente inverossímil que não convence nem o maior fã do agente britânico.
007 – Um Novo Dia para Morrer representa a última pá de terra no enterro de um franquia que sempre viveu de altos e baixos. Mas quem diria que isso seria uma coisa boa? O 20º filme da série foi essencial para que Casino Royale – um reboot completo da série – fosse possível. Dessa forma, só me resta concluir a crítica de uma única forma:
“Adeus Pierce Brosnan. E o brigado pelos peixes.”
BEM NA FITA: O tema da Madonna; Referências aos filmes anteriores
QUEIMOU O FILME: Vilões fraquíssimos; Bond Girl sem personalidade; Péssimas cenas de ação; Absurdos não justificados pelo roteiro; Direção péssima
FICHA TÉCNICA:
Diretor: Lee Tamahori
Elenco: Pierce Brosnan, Judy Dench, John Cleese, Halle Berry e Michael Madsen
Produção: Barbara Broccoli
Roteiro: Neal Purvis e Robert Wade
Fotografia: David Tattersall
Montador: Christian Wagner e Andrew MacRitchie