50 Anos de James Bond – Parte Extra 2: “007 – Nunca Mais Outra Vez”

Pedro Lauria

Never say never again.
Nunca diga nunca outra vez.
 
Poucas vezes um título explicou tão bem os bastidores de um filme. Afinal, depois de 12 anos sem interpretar Bond, e no meio da fase decadente de Roger Moore, Sean Connery volta a encarnar o agente: mesmo depois de ter dito que nunca mais faria isso.
No mesmo ano em que 007 Contra Octopussy foi lançado, e nas mãos de outro produtor (e veja só, da família Coppolla), Sean Connery volta na tentativa de concorrer com seu rival, com um filme muito mais “pé no chão”.
Porém, por questões autorais, muito do charme do filme se perde, como o elenco e, principalmente, a música tema, que ficam de fora. Pra compensar, somos apresentado a uma música tema que se tornaria clássica: Never Say Never Again, imortalizada nas rádios dos anos 80.
007 – Nunca mais Outra Vez não entra no cânone do agente (pois não é da EON, assim como Casino Royale de 1967), e é na verdade um remake do clássico 007 Contra a Chantagem Atômica (também protagonizado por Sean Connery). Mais inusitado do que isso, é o fato da obra ser dirigida por Irvin Kershner, diretor de Star Wars V – O Império Contra Ataca. Falando um pouco de seu trabalho, é possível elogiar as boas cenas de ação, embora pouco ambiciosas para o que se espera de um filme do agente. Afinal, é necessário lembrar que 007 Contra a Chantagem Atômica foi uma obra que se destacou por sua arrojada sequência submarina – algo que fica faltando em seu remake.

E se você acha que Connery estava velho... bom, se surpreenda ao saber que Moore é 3 anos mais velho.

E se você acha que Connery estava velho… bom, se surpreenda ao saber que Moore é 3 anos mais velho.


Os maneirismos de Kershner são facilmente notáveis, se destacando seus constantes travelings e uso de objetos no primeiro plano para preencher o quadro. Ambas opções sutis, mas que ajudam a dar ritmo e equilíbrio estético a obra. Entretanto, é necessário falar de sua cafonice nos inúmeros efeitos glow nas cenas mais “românticas” que se passam na festa beneficente. Vale também registrar, que apesar do pouco trabalho de dublê do filme, a obra apresenta uma de suas mortes mais bizarras (nada que supere a morte de Kananga em Com 007 Viva e Deixe Morrer, no entanto), envolvendo – acredite – a urina do agente.
Outro ponto de destaque é a estreia de Rowan Atkinson, o eterno Mr.Bean, no cinema. Outro nome que vale a pena destacar é o de Max Von Sydow (de “O Exorcista”) que faz uma ponta como Blofeld – cuja presença pode ser vista como uma crítica a morte do vilão no período Roger Moore.
Já que não podia se usar a abertura clássica... Temos esse final meia boca.

Já que não podia se usar a abertura clássica… Temos esse final meia boca.


Falando em vilão, o filme peca pelo seu antagonista. Sem muito carisma e com cenas pouco impactantes (a maior delas envolve um jogo de video game), o Largo de 007 – Nunca Mais Outra Vez não faz jus ao seu predecessor – que mesmo bobo, ficou eternizado por seu tapa olho e fascínio por tubarões.
Os tubarões, diga-se de passagem, também voltam a aparecer nos filmes do agente. Uma clara referência a 007 Contra a Chantagem Atômica, assim, também, como o Jetpack, que volta fazendo uma pequena ponta.
No fim, esse saudosismo é o grande tempero da obra. Poder rever, por uma última vez, Sean Connery como 007 é incrível. Uma pena que o filme não tenha nenhum outro destaque e sofra pela faltas dos elementos clássicos da franquia. Talvez, sejam esses os fatores que explique a sua derrota nas bilheterias para 007 Contra Octopussy.
 
BEM NA FITA: A volta de Connery como Bond; Música Tema; Lindas Bond Girls (incluindo Kim Basinger)
QUEIMOU O FILME: História fraca; Vilão sem Carisma; Falta do tema original; Falta do elenco original
FICHA TÉCNICA:
Irvin Kershner
Elenco: Sean Connery, Kim Basinger, Barbara Carrera, Rowan Atkinson, Max Von Sydow e Klaus Maria Brandauer
Produção: Jack Schawartzamn
Roteiro: Lorenzo Semple Jr.
Fotografia: Douglas Slocombe
Montador: Ian Crafford

Pedro Lauria

Em 2050 será conhecido como o maior roteirista e diretor de todos os tempos. Por enquanto, é só um jovem com o objetivo de ganhar o Oscar, a Palma de Ouro e o MTV Movie Awards pelo mesmo filme.
NAN