Especial Paris | Relato pós-terrorismo: capital ressurge forte e ainda mais bela

Felipe Gatto

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8 de dezembro de 2015

Quem esteve em Paris no mês de novembro de 2015 terá ainda mais motivos para não se esquecer nunca da sua temporada na capital francesa. Os atentados que aconteceram no local na fatídica sexta-feira 13 e que deixaram 130 mortos, roubaram um pouco do brilho e da alegria de uma das cidades mais queridas e visitadas no mundo todo.

Na ocasião, terroristas se espalharam e colocaram bombas no Stade de France e em alguns restaurantes localizados no 10º distrito da região. Mas, a tragédia foi ainda pior no Bataclan, uma tradicional casa de espetáculos na qual acontecia o show da banda Eagles of the Death Metal. Ali, terroristas tiraram a vida de mais de uma centena de pessoas que apenas queriam aproveitar a noite de rock depois de trabalharem a semana toda.

Morando em Paris, pude acompanhar de perto o desespero dos franceses que novamente se viram na mira do grupo extremista “Estado Islâmico” (EI) que previamente escolheu a cidade luz para mostrar força e do que é capaz em prol da sua verdade. Apesar de assustado e receoso, não deixei de sair nas ruas para sentir o clima do local após o segundo ataque terrorista do ano. Para aqueles que não se lembram, no mês de janeiro, a redação do Charlie Hebdo, um jornal parisiense famoso por seu conteúdo irônico, foi alvo de um atentado e 12 pessoas morreram na invasão que houve no lugar após o veículo fazer uma piada envolvendo o islamismo.

A igreja de Notre Dame emocionou visitantes do mundo todo ao colocar as cores da bandeira da França no seu altar principal (Foto: Divulgação)

A igreja de Notre Dame emocionou visitantes do mundo todo ao colocar as cores da bandeira da França no seu altar principal (Foto: Divulgação)

Para meu total espanto, na manhã seguinte do ocorrido, os franceses não ficaram seguros e apavorados dentro de suas casas. Pelo contrário, seguiram com suas rotinas habituais de todo sábado e foram ao supermercado, saíram para passear com as crianças, visitaram feiras de antiguidades e não deixaram de frequentar cafés, restaurantes, lojas e igrejas. Porém, policiais e oficiais eram agora presenças constantes por toda parte. Além disso, a segurança dos principais pontos turísticos da região foi redobrada, assim como o controle de todos os que entraram e saíram do país depois da tragédia.

Em conversas informais ou entrevistas disfarçadas com os moradores (afinal, sou um jornalista irremediável), todos me garantiram que não se renderiam ao medo e que apesar de assustados com os acontecimentos, iriam erguer a cabeça e seguir em frente com suas vidas mostrando que são mais fortes do que os inimigos. Verdade ou não, o que se viu por toda parte de Paris eram turistas receosos, mas franceses destemidos que ficaram ainda mais patriotas depois de perderem alguns dos seus nativos.

Escolas fizeram um minuto de silêncio em prol das vítimas dos atentados. A famosa feirinha de natal da avenida Champs Élysées teve sua data de abertura adiada. Alguns eventos públicos, como shows, concertos ou apresentações em igrejas foram cancelados. Os principais monumentos da capital deixaram a sua tradicional luz noturna para dar lugar ao vermelho, azul e branco, cores da bandeira francesa, e se iluminaram com ainda mais beleza na tentativa de mostrar que a cidade estava de luto, mas ao mesmo tempo, firme para enfrentar as incertezas do futuro. Não foi difícil se emocionar ao entrar na igreja de Notre Dame e notar a iluminação especial em seu altar como homenagem as vítimas dos atentados. O primeiro dia em que Torre Eiffel, o principal símbolo de Paris, mudou e apareceu com as três cores da França, ela virou uma atração à parte. Aos poucos, a harmonia voltou a predominar no local, bem como os sorrisos e os flashes dos turistas que estavam por ali naquele momento histórico para o país.

Franceses mostraram que não se renderiam ao medo de novos ataques terroristas e aproveitaram o final de semana no Jardim de Luxemburgo (Foto: Felipe Gatto)

Franceses mostraram que não se renderiam ao medo de novos ataques terroristas e aproveitaram o final de semana no Jardim de Luxemburgo (Foto: Felipe Gatto)

Fato é que, apesar do clima triste e sombrio que permaneceu na cidade depois da tragédia, os franceses me mostraram que são partes de uma nação unida, forte e que consegue se reerguer com orgulho. E para aqueles que têm viagens já marcadas para Paris ou que cogitavam conhecer a cidade luz nós próximos meses, uma dica: sigam em frente. Violência, desastres, criminalidade ou quaisquer eventos desse porte podem acontecer em qualquer hora, e em qualquer parte do planeta. Viver é estar sujeito a isso, todos os dias. O que vale no final é conhecer um lugar deslumbrante, cheio de história para contar e que com certeza irá recebê-los de braços abertos.

Uma das lições que aprendi ao vivenciar de perto tudo isso, é que não importa onde você esteja, todos infelizmente estamos sujeitos a esse tipo de ocorridos. Mas, mais do que isso, foi bonito conferir as diferenças sociais, culturais e o quanto um povo pode ser forte se estiver unido. No final das contas, os franceses me ensinaram que todos somos iguais e que em qualquer canto do mundo, os anseios das pessoas são sempre os mesmos: serem felizes! E agora, já de volta em solo brasileiro, sigo dizendo cada vez mais “je t’aime” para esse lugar incrível que é Paris!

Felipe Gatto

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