“Até Que o Casamento Nos Separe” cumpre bem aquilo que promete: de forma leve, diverte e faz rir!
Anna Cintra
|16 de junho de 2016
Após elogiada temporada em São Paulo e recém-chegada ao Rio, a peça possui argumento simples, acessível e eficiente. Com ares de comédia romântica (quase pastelão!), brinca com clichês e estereótipos sobre relacionamentos amorosos e tem como foco os prazeres e desventuras do dia-a-dia de um casal que está junto há vinte anos. Conflitos, arranca-rabos, picuinhas, discussões envolvendo louça suja ou carro arranhado… A vida conjugal de Tavinho e Maria Eduarda (Eduardo Martini e Viviane Araújo, respectivamente) é exposta com muito bom humor e serve de espelho para muitos na plateia.O texto, uma parceria de Martini e Cris Nicolotti (atriz, formada em publicidade pela FAAP, apresentadora de tv e uma das primeiras a emplacar um web hit nacional, nos primórdios do You Tube no Brasil), é um balaio de situações hilárias. Traz diálogos ágeis e devidamente adaptados aos palcos cariocas (faz piada usando como pano de fundo, por exemplo, uma lua-de-mel desprovida de glamour na Região dos Lagos e o engarrafamento na Ponte Rio-Niterói) e está apto para agradar todo tipo de público.
O talento cômico de Eduardo Martini é notoriamente perceptível durante os quase setenta minutos de espetáculo. Cria do teatro, com mais de trinta anos de carreira, também é o produtor e diretor e acertou ao convidar Viviane Araújo para atuarem juntos mais uma vez ( dividiram o palco em “Cada Um Tem o Anjo que Merece” e se conhecem desde a “Escolinha do Professor Raimundo”). Viviane, em sua trajetória muito singular, inteligentemente vem aprendendo com os grandes e mostra-se mais madura e desenvolta a cada novo trabalho. Aqui, ela segue bem o rítmo do texto e esbanja cumplicidade com Martini.
O cenário e os figurinos são enxutos: basicamente apenas um pequeno altar, alguns poucos elementos cênicos e meia dúzia de trocas de roupa e sobreposições. Isso realça o texto e o trabalho dos atores, que seguem em um interessante ping pong verbal até o final do espetáculo. Apenas uma ressalva: observei uma falha de sincronicidade entre a sonoplastia e alguns movimentos dos personagens, principalmente na cena em que Maria Eduarda quebra os móveis e utensílios, durante uma crise de TPM (momento em que os efeitos sonoros são imprescindíveis, uma vez que esses elementos não estão de verdade no palco, a história nos convida à imaginá-los).
Sem a pretensão de ser didático ou exageradamente reflexivo, “Até que o Casamento nos Separe” é a chance que a atual temporada teatral oferece de gargalhar um pouco. Ou muito! Afinal, como dizia o poetinha “é melhor ser alegre que ser triste…’