Entrevista com Orival Pessini, criador do Fofão e Patropi

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Entrevista com Orival Pessini, criador do Fofão e Patropi

Stenlånd Leandro

Hoje o ULTRAVERSO chega até você, nosso leitor, com uma entrevista um tanto quanto diferente. Orival Pessini, criador de alguns dos mais carismáticos personagens dos anos 80, sendo eles Fofão, Patropi, Sócrates, entre outros, aos 69 anos, é muito simpático e falante. Divorciado, mora sozinho na Zona Oeste de São Paulo, tem um filho de 24 anos e é avô de duas menininhas. Nossa equipe teve acesso ao humorista e o entrevistamos. Confira:

ULTRAVERSO:  De todos os personagens que você criou até agora, com qual você se identifica mais?

Orival Pessini: No meu caso a identificação é automática e igual a todos, exatamente no momento que eu passo a interpreta-los, passo a vive-los integralmente. Quanto ao carinho, evidentemente o Fofão tem uma parcela maior pois mexe diretamente com o mundo lúdico não só infantil mas do adulto também, afinal todos nós levamos dentro da gente a criança que sempre seremos também.

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Como foi o processo de criação de seus personagens e qual deu mais trabalho para ser desenvolvido?

Orival Pessini: Não existe um processo, a criação nasce… surge, quase sempre com um ou outro motivo um tanto diferente mas aos mesmo tempo semelhante, o famoso “estalo”. O mais difícil, entretanto foi o Fofão. Na época a Globo estava criando o programa Balão Mágico, e o Boni simplesmente pediu para eu criar um personagem infantil e, vejam a responsabilidade, o que eu criasse iria para o ar, ele nem queria ver “piloto ou protótipo” eu tinha total liberdade! Putz! O que fazer?

Na época, o ET fazia enorme sucesso no cinema. Eu tinha pensado em, ursinho, palhacinho, cachorrinho, porquinho. Afinal o quê? Resolvi criar um ET também! Misturei tudo que eu havia imaginado e nasceu o Fofão, reparem que o Fofão tem um pouco disso tudo. E deu no que deu…

Desenvolver as máscaras de seus personagens exige muito tempo e trabalho?

Orival Pessini: Exige. Pra criar a máscara eu faço a escultura em argila encima da minha cabeça em gesso depois moldo em gesso para fazer a forma em negativo, nessa forma eu coloco a látex líquido e vulcanizo, sai daí o positivo que é a máscara, recorto milimetricamente os olhos, boca etc. implanto os pelos, cabelos etc., faço a maquilagem e pronto, surgiu um novo personagem.

A maioria de seus personagens são figuras que podemos identificar no nosso cotidiano, mas o Fofão não. O que o fez criar o Fofão que se tornou um marco para as crianças daquele momento em nossa história?

Orival Pessini: Bem isso foi explicado na resposta anterior, mas as crianças desse nosso momento atual vão poder desfrutar também, vem aí uma série de novidades, um lindo DVD ao vivo, desenhos animados, aplicativos, games… enfim, é só aguardar.

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Por que decidiu criar máscara ao invés do uso de maquiagem? Acredita que se tivesse usado maquiagem ao invés teria obtido todo o sucesso e admiração que existe hoje em dia pelos seus personagens?

Orival Pessini: Não coloco isso em julgamento porque eu sempre quis fazer o que faço, foram anos de pesquisa, muito trabalho e aprendizado, a admiração existe sempre quando um personagem tem carisma, uma boa base e é bem fundamentado, daí o resultado aparece, e um pouco de sorte também ajuda. Aliás, é bom dizer que sempre que a sorte bateu em minha porta. Eu estava trabalhando (risos)!

Como as pessoas lhe reconhecem na rua: através de sua voz que é muito parecida com a do Patropi e Juvenal ou “olhem é o Orival Pessini, criador do fofão”?

Orival Pessini: Normalmente me reconhecem pelas entrevistas que vez ou outra faço pelos programas de TV principalmente, mídia impressa é mais raro. Até me admiro que sou bem reconhecido apesar de dizer sempre que sou o ator mais famoso desconhecido do Brasil!

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Fofolândia, O Planeta do Fofão. Enquanto isso Sócrates que tem uma feição de macaco e foi inserido na série “Planeta dos Homens”. Foram ambos criados a pedido do Boni ou somente o Fofão?

Orival Pessini: Somente o Fofão, os outros todos criei atendendo os meus pedidos mesmos, é bem menos angustiante (risos)!

Sua passagem pela A Praça é Nossa também foi interessante. Você e Carlos Alberto de Nóbrega ainda mantêm contato?

Orival Pessini: Sim somos amigos, e pouca gente sabe mas o Patropi eu lancei na Praça… onde estourou com bastante sucesso, só depois é que fui convidado pelo grande Chico Anísio para integrar a Escolinha do prof. Raimundo.

Na nova safra de atores comediantes, há alguém que você aponta e diz: “Esse tem futuro”?

Orival Pessini: Tem muita gente boa surgindo. Pena que tem um outro tanto que decora uma meia dúzia de piadas e já se considera humorista. Mas, enfim, faz parte. O tempo se encarrega de filtrar e ficam os bons. Dos que eu gosto, não vou tentar apontar todos pra não correr o risco de esquecer de alguém, mas talvez começando pelo Marcelo Adnet. A lista não é pequena não…

Quanto aos personagens antigos vindo de outros comediantes, qual era seu predileto?

Orival Pessini: A escolha é difícil… eu vou de Mazzaropi Golias, Zé Vasconcelos a Chico Anísio, de Chaplin a Jerry Lewis.

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Num geral, seus personagens eram cativantes, ainda que apontassem para um momento de nossas vidas, enquanto outros atores da mesma época eram mais ‘pastelão’. Orival Pessini é atraído também por esse tipo de humor?

Orival Pessini: Não, eu gosto basicamente de humor. Humor que tenha humor! E não principalmente aquele humor que e ator não precisa rir da própria piada para avisar ao público que aquilo que ele disse é engraçado, coisa muito comum hoje em dia.

Quando não está atuando, qual é o hobby de Orival Pessini?

Orival Pessini: Criar textos de humor, refazer máscaras que estão se desgastando, criar novos projetos, cuidar das páginas Patropi & Cia, Personagem Fofão, páginas do face que faço questão de administrar pessoalmente.

O ator Carlos Villagran disse que o Kiko era seu maior inimigo, uma vez era um personagem jovem enquanto ele estava envelhecendo. Florinda Meza também respondeu que tudo tem um ciclo e que Roberto Bolaños já não tinha mais a agilidade de antes. O que você acha sobre isso em relação ao futuro de seus personagens?

Orival Pessini: Fizemos três shows juntos, uma pessoa admirável. Quanto ao Bolaños e seus problemas, não sei muito. Já em relação ao futuro dos meus personagens, eles é quem vão decidir, afinal, por mim, enquanto eles quiserem, eu vou. A vida do artista é uma fantasia levada a sério porque só assim ele vive!

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Por que a maioria das escolinhas somente tinham o Patropi como personagem? Houve convites para que outros personagens pudessem participar da Escolinha do Professor Raimundo e das outras mais em que Patropí participou?

Orival Pessini: Não sei exatamente. Talvez por ser bem caracterizado como estudante, sei lá, ou muito marcante. Mas realmente fiz várias escolinhas, já posso fazer mestrado (risos)!

Como foi sua experiência com Enéas Ferreira Carneiro como professor da escolinha do Barulho?

Orival Pessini: Pra ser sincero nem lembro direito, mas foi legal. Inusitado, afinal ele também era um belo personagem.

‘Eu digo ei, digo ei, digo ei, cê parece que não sei’. Uma música muito legal do Patropi. Há quanto tempo que ele não toca a “guita” dele e também essa canção?

Orival Pessini: Toca sempre, muito mais do que você pensa. Faço muitos eventos com o show “Patropi & Cia” e em todos ele tem que cantar. Aliás o contato para os eventos é com o Álvaro (alvarogomes@globo.com).

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Não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do ULTRAVERSO:

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Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!

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