Alma de Cowboy Concrete Cowboy netflix filme crítica resenha review

‘Alma de Cowboy’ (Netflix) impressiona, mas perde força no roteiro

Cadu Costa

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2 de abril de 2021

Com estreia para esta sexta-feira (02), o filme Alma de Cowboy (Concrete Cowboy) é a nova aposta da Netflix. Inspirado no livro “Ghetto Cowboy”, de Greg Neri, o longa tem direção de Ricky Staub. Além disso, conta com Idris Elba (Luther e O Esquadrão Suicida); Caleb McLaughlin (Stranger Things); e Jharrel Jerome (Olhos Que Condenam) nos papéis principais.
Na trama, Cole (McLaughlin), de 15 anos, é levado para viver com seu distante pai Harp (Elba) no norte da Filadélfia. Lá, descobre a vibrante cultura de cowboys urbanos da cidade que existe há mais de 100 anos, proporcionando um refúgio seguro para o bairro, apesar da pobreza e violência. Ademais, vivencia o crime ao se reconectar com um amigo de infância, Smush (Jerome). Além da trama principal entre filho e pai que precisam se reconectar, o filme aborda a história real do Clube Fletcher Street. Durante séculos, o hipismo urbano afro-americano sobreviveu pelos asfaltos e prédios da cidade.
Primeiramente, Alma de Cowboy é um filme interessante da Netflix sobre vários aspectos. Fala de um grupo cultural bem específico que desmistifica o estereótipo do John Wayne, cowboy clássico americano. Partindo disso, o longa tem algo a dizer sobre paixão, conexão, respeito e família. Aliás, embora tenha uma maneira mais tradicional de transmitir essas mensagens, sua fotografia e outros pontos que o fazem se destacar como únicos contam muito. É uma produção sincera e impressionante, ao mesmo tempo que destaca uma tradição incrível e com potencial de causar um impacto maravilhoso.

Atuações

No entanto, embora o elenco esteja muito bem e seja agradabilíssima a forma que esse tal grupo é posto na tela, falta roteiro. Muitas das transições e dos plots são simplificados demais e acabam desestabilizando a jornada do protagonista Cole. Ainda assim, é Caleb McLaughlin quem melhor oferece uma atuação forte e emocional. O ator demonstra uma gama empolgante de emoções muito diferentes de seu Lucas Sinclair de Stranger Things.
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Por outro lado, o vencedor do Emmy 2019, Jharrel Jerome continua seu trabalho fantástico e cheio de nuances com sua segura interpretação de Smush. Seu personagem é a má influência típica, mas que aqui é colocado como uma figura tridimensional simpática.
Idris Elba, entretanto, apesar de seu carisma inegável, entrega um Harp mais contido. Por interpretar um pai inexperiente e tendo a tendência de manter Cole à distância, a presença de Harp não é constante no filme. Isso faz com que Elba (também produtor do longa) não tenha o tempo de tela que você espera. Mas há boas cenas, como quando Harp começa a abraçar seu lado paterno e traz uma poderosa dose de seriedade e emoção e quando ele compartilha a música de John Coltrane com seu filho, por exemplo.

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Autenticidade

Ademais, o que confere autenticidade maravilhosa ao filme é o fato de que Alma de Cowboy apresenta vários membros reais do clube de equitação da Filadélfia em seu elenco. E eles acabam entregando algumas das melhores e mais impactantes performances do conjunto. Com destaque para Jamil Prattis como Paris, que acaba tendo o papel fundamental de ser aquele que mostra a Cole as cordas do estábulo.
Como já citado, a imagem de Hollywood dos cowboys são pessoas brancas cavalgando por um enorme campo aberto. E aqui nos mostra que essa não é toda a história. Há uma tradição alternativa afro-americana. Como sempre, tentando ser apagada dos registros.
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Roteiro raso

Infelizmente, a falha do filme está mesmo em seu roteiro já batido de relação problemática entre pai e filho. Não é horroroso, mas há algo pouco astuto e contido na maneira como a história é resolvida. Cole e Harp, em alguns momentos, são mais caricaturas do que pessoas. E quando o filme finalmente tenta iniciar a história deles, é tarde demais.
Além disso, a figura de Smush também não é muito trabalhada. Mesmo com todo o talento de Jharrel Jerome. Ele é apenas um garoto problemático cujo destino poderia ter sido o de tantos outros, mas também possui uma conexão com os cavalos que não é totalmente estabelecida.

Afinal, ‘Alma de Cowboy’ é bom?

Todavia, também é um drama que entrega alguns momentos de absoluta felicidade cinematográfica, como quando Cole consegue montar um cavalo selvagem ou uma criança sorrindo ao ver os animais correndo nas ruas.
Por fim, Alma de Cowboy já merece seu reconhecimento por contar um lado que ainda tentam fazer esquecer e apresentar reais conexões com o mundo dos cavaleiros pretos da Filadélfia. O final entrega uma parte emocionante e que salva um tropeço ou outro.

TRAILER

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FICHA TÉCNICA DO FILME ‘ALMA DE COWBOY’ (NETFLIX)

Título original do filme: Concrete Cowboy
Direção: Ricky Staub
Roteiro:
Ricky Staub, Dan Walser, baseado em Ghetto Cowboy, de Greg Neri
Elenco:
Idris Elba, Caleb McLaughlin, Jharrel Jerome, Lorraine Toussaint, Byron Bowers, Method Man
Onde assistir ao filme ‘Alma de Cowboy’: Netflix
Data de estreia: sex, 02/04/2021
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2021
Duração: 111 minutos
Classificação: 16 anos

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
7
Créditos Galáticos

Créditos Galáticos: 7

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