Army of the Dead filme Netflix crítica

‘Army of the Dead’ (Netflix) é puro Zack Snyder; e isso não é bom

Wilson Spiler

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16 de maio de 2021

Lá no já longínquo ano de 2004, um diretor promissor estreava nos cinemas com um filme de zumbis que dava um novo vigor à obra homônima do aclamado cineasta George Romero. Estamos falando de Zack Snyder e seu filme Madrugada dos Mortos. Era um início de carreira em alto nível, que o fornecia condições para almejar projetos maiores, como 300 e Watchmen.
Então, quando Army of the Dead: Invasão em Las Vegas (Army of the Dead) foi anunciado pela Netflix, ficamos na expectativa de ver a redenção do diretor após trabalhos duvidosos na Warner, com sua controversa visão para os personagens da DC. Afinal, no passado, ele já havia mostrado que sabia trabalhar com esse tipo de filme. Lego engano.
Antes de começar a entrar nos pormenores do filme, vale destacar que Army of the Dead se passa após um surto de zumbis em Las Vegas. A partir disso, o governo norte-americano isola a cidade, colocando contaminados em quarentena a fim de evitar que o vírus se alastrasse para o restante do país. Nesse ínterim, um homem (cujo sua ligação com o governo não ficou bem esclarecida) oferece a oportunidade da vida de Scott Ward (Dave Bautista, o Drax, de Guardiões da Galáxia): ele precisava montar um grupo de mercenários para abrir um cofre que continha US$ 200 milhões. Caso a missão desse certo, sua equipe dividiria o total de US$ 50 milhões, algo que, de fato, mudaria a vida do personagem, que trabalhava em uma lanchonete. O problema é que o dinheiro estava localizado exatamente na zona de quarentena.

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O Snyder de sempre

Em Army of the Dead vemos tudo o que consagrou Zack Snyder, mas também tornou-se alvo de críticas pela exagerada repetição das mesmas técnicas. Para se ter uma ideia, logo no início do filme temos uma introdução TODA em slow motion. Inicialmente, era até um recurso interessante, que remeteu à abertura de Zumbilândia (2009), quando mostrava as regras para escapar de zumbis. Aqui, esse argumento é utilizado para mostrar, sem perder muito tempo, o que ocorreu em Las Vegas durante o “apocalipse zumbi”. Seria até uma ideia legal, mas precisava ser toda em câmera lenta e durante longos CINCO minutos? Sinceramente, às vezes parece até uma provocação do diretor usar tão exageradamente essa artimanha.
Além disso, o filtro que acompanhou Zack Snyder por praticamente toda a carreira permanece. O que torna a ideia obsoleta, provando que o recurso trata-se apenas de mera estética do diretor, sem contribuição nenhuma para o tipo de narrativa do filme.

Elenco fraco e forçadas de barra

Mas se ficasse só nesses problemas, até tudo bem. Infelizmente, o filme é recheado de problemas, a começar pela escolha do elenco. Dave Bautista tem um senso de humor incrível, como vimos nos filmes da Marvel, mas não tem carisma suficiente e muito menos talento para carregar uma produção que pedia uma alta carga dramática. O restante do elenco também acompanha a mediocridade do protagonista, com atuações e diálogos bem rasos.
Além disso, o drama do pai com a filha não cativa, muito menos uma possível relação entre Scott e Maria Cruz (Ana de la Reguera). Afinal, estamos no meio de um apocalipse zumbi e, diante de tanto frenesi, engatar um romance é uma forçada de barra das grandes. Para piorar, o longa tem duas horas e meia praticamente, o que mostra a dificuldade do cineasta em contar uma história simples sem torná-la arrastada. O Snyder Cut de Liga da Justiça manda lembranças, não é mesmo?
Para completar, uma produção que se classifica como terror deveria, no mínimo, deveria causar sustos ou deixar o espectador apreensivo, o que não acontece. Isso pode causar uma frustração a quem assiste, já que estamos falando de uma obra de ação, que pende também para o lado do drama.
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Vale a pena assistir ‘Army of the Dead’?

Mas nem tudo é tão ruim em Army of the Dead. Embora sejam poucas, algumas cenas conseguem criar um clima de tensão ao espectador. E mesmo diante do início em primeira marcha, as câmeras lentas aparecem apenas em determinados momentos. Muitas vezes desnecessariamente, é verdade, mas ao menos não se torna um recurso tão repetitivo.
A maquiagem também é bem-feita. Conseguimos ver com clareza (ainda que com filtro escuro) as diferenças entre os zumbis trôpegos e os inteligentes. Além disso, o tigre zumbi, que causou alvoroço no trailer, não é usado de forma gratuita, apenas para mostrar como Snyder é “visionário”. O animal tem uma função importante na narrativa do longa.
Diante de tantos problemas, Army of the Dead é um filme que vale a pena assistir na Netflix? Sendo bem sincero: não. Mas se você faz parte do fã-clube de Zack Snyder, como disse anteriormente, a produção apresenta o que ele faz de melhor e de pior. Além disso, já tem continuação garantida, além de um prequel e uma série de anime que explorará outros aspectos da obra.
Infelizmente, aquele diretor promissor citado no início do texto está se tornando apenas mais um. Estamos vendo Snyder virar uma espécie de Michael Bay ou Paul W. S. Anderson, que fazem produções mais do mesmo. Portanto, Army of the Dead é só mais um filme-pipoca que não acrescenta nada à carreira do cineasta, a não ser a grana, claro.
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TRAILER DO FILME ‘ARMY OF THE DEAD’ (NETFLIX)

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FICHA TÉCNICA

Título original do filme: Army of the Dead
Direção: Zack Snyder
Roteiro: Zack Snyder, Shay Hatten, Joby Harold
Elenco: Dave Bautista, Ella Purnell, Omari Hardwick, Ana de la Reguera
Onde assistir ao filme ‘Army of the Dead’: Netflix
Data de estreia: sex, 21/05/21
País: Estados Unidos
Gênero: terror, ação
Ano de produção: 2021
Duração: 148 minutos
Classificação: 18 anos

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
4
Créditos Galáticos

Créditos Galáticos: 4

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