Áudio Retrato apresenta Evandro Mesquita e a Geração do Desbunde

Colaboração

*****Colaboração de Adriana Barradas*****

Nascido do documentário White Black and Blues com BB King, ÁUDIO RETRATO é uma série do Canal Bis que mostra, de forma documental, entrevista e performance musical. Dentre os 6 episódios produzidos pela Indústria Imaginária e dirigidos por Ricardo Nauenberg, estão as personalidades musicais de Fernanda Abreu com o Funk Carioca (que abriu a série), Gilberto Gil, na década de 70, exilado em Londres, Lenine definindo a música universal, Gabriel O Pensador e as origens da música de protesto, Dinho Ouro Preto no paradoxo da geração Rock Brasília e a proximidade do poder, e Evandro Mesquita da geração Pier de Ipanema, todos cantando e contando histórias de temas específicos que impactaram suas carreiras e história de vida.

Evandro Mesquita e a Geração do Desbunde é o segundo episódio da série. O documentário do canal brasileiro foi lançado na última terça-feira, na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, contando com a presença de Evandro Mesquita, integrantes da banda Blitz, o diretor da série e convidados.

Foto: Adriana Barradas

Foto: Adriana Barradas

Permeando a geração praiana de Ipanema dos anos 70, Evandro Mesquita traz para o episódio a vivência dos jovens cariocas do surf, da arte, da natureza e dos “sonhos de uma juventude de paz e amor”, como afirma no documentário. Era a geração desbunde das areias de Ipanema, que se descobria enquanto jovem e, mesmo invisíveis perante a ditadura militar e a esquerda de luta, também estava inserindo um movimento.

Evandro dá seu depoimento falando sobre seu contato com novas culturas, o conhecimento da liberdade, da arte paralela, do som que escutava e que não tocava nas rádios, se inserindo em um grupo de jovens que começavam a notar e simpatizar com o movimento hippie, que chegava ao Brasil, assim como “os sonhos imortais de Woodstock” – como o próprio coloca. Fala do desbunde, gíria inventada na década de 60 para designar os que abandonavam a luta armada no regime militar, os interessados em contracultura e que viviam seus próprios ideais, que, para Evandro, era também uma alternativa política e uma forma de movimento: a arte de ser invisível.

O episódio, com uma linguagem documental e cinematográfica, mescla blocos narrativos com clipes captados ao vivo da sua banda, Blitz. O programa traz o início, a vida no Arpoador, em Ipanema, enquanto jovem surfista, já tocando gaita e compondo músicas com o violão; a entrada para o grupo “Asdrúbal Trouxe o Trombone”; o surgimento da Blitz, bem como a construção do emissário submarino, que transmutou o Pier de Ipanema em local de boas ondas, ponto de encontro de surfistas, poetas, artistas… Um local de liberdade e consequentemente das drogas nos anos 70.

Por fim, mais atual, ainda musical e um tanto saudoso, vemos no documentário as reflexões de um Evandro Mesquita mais velho, experiente e de novos sonhos. Vivendo em um cenário mudado, ele se afirma preocupado com as atuais questões culturais e educacionais: “ – A grande luta agora é a da conscientização”. Sem “blá blá blá”, Evandro traz, como deseja o diretor Ricardo Nauenberg, uma “vida interessante que cruza com histórias interessantes”.

Foto: Adriana Barradas

Foto: Adriana Barradas

Áudio Retrato é um bom formato para quem gosta de entender mais sobre os cenários e contextos nos quais andam os nossos ídolos musicais. Que histórias política, social e, principalmente, de vida acompanham a construção de artistas que, aqui, cantam e documentam suas músicas. Histórias que certamente influenciam a música brasileira, seja feita de protesto ou na base de paz e amor.

Veja mais fotos da pré-estreia na fan page do Blah Cultural no Facebook

Áudio Retrato
Canal BIS HD (do Multishow)
Episódio 2 – Evandro Mesquita Sexta, 11 de outubro, às 19h.
Horários Alternativos
12/out – SÁB – 13:10
13/out – DOM – 09:00
14/out – SEG – 12:00
14/out – SEG – 06:00
16/out – QUA – 16:30
16/out – QUA – 04:00
17/out – QUI – 19:30

Colaboração

Aqui você encontra textos de eventuais colaboradores e leitores do ULTRAVERSO, além das primeiras contribuições de colaboradores que hoje são fixos.
NAN