Avenoar

Avenoar | Brincando com o tempo e fazendo música

Ana Rita

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4 de setembro de 2021

Com músicas Pop, o duo Avenoar vem ganhado destaque em grandes playlists do Spotify e Deezer. A dupla é formada por Carol Fincatti e Gabriel Dellilo. Casando bem as duas vozes, o duo paulistano está lançando seu primeiro álbum, com o projeto de lançamento de singles, como foi o caso da música “Nos Seus Detalhes”, com letra composta por Gabriel, e melodia por Carol.

A gente teve uma conversa bem legal sobre a história do duo, de onde vem o nome ‘Avenoar’, o processo de composição e lançamento do álbum e arte da capa dos singles, assim como, as principais referências e influências nos trabalhos do Avenoar.

Confira!

De onde vem o nome Avenoar?

Carol: A gente tava lá no começo procurando um nome, e a gente queria algo novo e que a galera achasse a gente direto. E a gente achou essa palavra naqueles dicionários de palavras que traduzem sentimentos que só existem em algumas línguas, e o Gabe sempre fala o exemplo da “saudade” que só existe no português. E “avenoar” vem do francês, vem da junção de duas palavras, o “avenoir”, e a gente colocou um “a”. A gente gostou bastante da sonoridade, da fonética.

Gabriel: “Avenoir” é um sentimento que a gente tem quando a gente tá diante de uma escolha e quer visualizar o resultado de trás para frente, tipo, você conheceu uma pessoa agora, imagina daqui há 10 anos, 20 anos. Você faz todas aquelas projeções, você se imagina no futuro. E esse é um sentimento que no francês eles tem essa palavra “avenoar”. Quando a gente viu, a gente pirou.

Carol: E eu tava apaixonada pelo nome também. É como se fosse um desejo que as memórias fosse fluir de trás pra frente, até chamam de “Benjamin Button dos sentimentos”.  A gente gostou, achou poético. E tem isso de não ter nada escrito da mesma forma.

Gabriel: É louco também porque esse sentimento trata muito da nossa relação com tempo, e tem a ver com nosso novo trabalho. Acho que sempre esteve presente no nosso subconsciente essa ideia de tempo.

Conta um pouco da história de vocês, como surgiu o duo?

Carol: Foi em 2016. A primeira vez que a gente se encontrou foi em estúdio já, já foi 100% na música. Em maio de 2016, que a gente foi convidado para um projeto musical na época. Era uma banda que estava sendo formada, já era algo autoral. A gente se conheceu nesse convite, foi se encontrando e compondo junto, e percebemos nossa sinergia. E falamos, “é, a gente está caminhando pra ser um duo”.

Gabriel: Quando a gente foi compondo, a gente percebeu essa sinergia, essa conexão tão grande. A gente começou a criar tanto carinho pelo que a gente estava criando. Quando a gente se encontrava, era tão fácil como fluíam as coisas, um complementava o outro. O caminho para um duo foi muito natural.

Na música “Nos Seus Detalhes”, o Gabriel, você compôs a letra, e Carol a melodia, certo? Como foi esse processo de criação? Como vocês fazem geralmente essa criação coletiva?

Gabriel: Nessa música específica, eu idealizo como aquelas histórias muito legais que acontecem na vida. É muito bonito como aconteceu porque mostra nossa parceria. Eu lembro que essa letra, eu tinha mostrado para a Carol em um café. Antes da pandemia a gente sempre fazia as reuniões em cafés. A Carol adorou a letra, e guardamos. E veio a pandemia. Lembro que um dia eu decidi mandar a letra para a Carol, a gente não conseguia se encontrar. Juro, passaram 30 minutos, e a Carol mandou a música pronta. Foi tão bonito. Foi tão generoso da Carol porque ela pensou no meu tom de voz. Ela mandou violão e voz. Me emocionei, foi muito legal.

Carol: Cada música tem uma história diferente. E foi assim no começo, o Gabe escrevia a letra, ele sempre teve muitas letras salvas no bloco de notas, e eu sempre tive muita melodia por vir de referências pop e ser mais focada em melodia. Mas com o tempo, a gente começou a mudar um pouco isso. Eu comecei a escrever mais, o Gabe começou a ter mais facilidade com melodia. “Nos Seus Detalhes” teve essa história especial que o Gabe falou. Era uma letra muito especial, a gente tinha que guardar para um momento especial. A gente não força as músicas, a gente deixa fluir. Quando ele mandou a letra, a gente já tava no processo de composição do álbum.

E como foi a partir daí?

Eu tenho muitas melodias gravadas no meu celular, e quando recebi a letra, eu lembrei de uma e pensei “será que essa melodia encaixa?”. E foi de primeira, mudei algumas coisas e mandei para ele. Tanto que a parte C, depois do segundo refrão, que é quando tem uma mudança de melodia e de letra, ficou a primeira coisa que eu fiz. Quando a gente mandou pelos produtores, que é quando eles mexem em alguma coisa, mas 99% foi do jeito que a gente enviou.

As capas dos singles remetem uma memória afetiva de vocês, como surgiu a ideia de tornar o trabalho mais pessoal?

Gabriel: A gente tem o maior carinho por essas capas, elas vão ter uma ligação com a capa do álbum depois. Nesse processo, nós reviramos os baús das famílias com essas fotos, e começamos a selecionar. E foi louco porque a gente começou a revisitar a história dos nossos ancestrais, das nossas famílias. Parece que as fotos se escolhiam para as capas. Começamos pegando da geração dos nossos avós, depois vai vir a fase dos nossos pais, depois da gente pequeno e por aí vai. Cada foto tem histórias maravilhosas.

Carol: A gente se deparou com uma questão de que a gente precisava das capas, mas ainda não era Fase Verde, estávamos fazendo tudo a distância, e não tinha como a gente fazer uma sessão de fotos, com equipe e tudo. Conversando com o responsável pelas nossas capas, que foi inclusive quem produziu nossos três clipes do EP passado, e ele deu a ideia de pegar alguns conteúdos de arquivo.

A gente foi conversando sobre o que as músicas falavam os temas. E começamos a entrar nessa ideia de foto. Por exemplo, na do “Nos Seus Detalhes” é uma letra do Gabriel e uma melodia minha, e foi uma foto dos meus avós, então ficou bem legal. É muito especial, meus avós de bracinhos dados no casamento dos meus pais, tem um apelo que tem a ver com a música.

Quais as principais referências de vocês? O que vocês mais gostam de escutar?

Temos muitas referências, muitas referências parecidas, principalmente as nacionais. Acho que para o Avenoar, pegamos bandas lá de trás, como Skank, Lulu Santos, que o Gabe tem pirado muito esses tempos, que é um Pop bem construído na parte da instrumentação, o próprio Nando Reis e a Cássia Eller, com as duas vozes. Tem muitas bandas atuais que a gente tem acompanhado, como o Zimbra, o Gabe gosta muito de 5 a Seco. Eu, Carol, tenho muita escola no Pop gringo, Jason Mraz, umas mais antigas, desde Beatles, Carpenters, gosto muito de voz, da melodia. São muitas referências, a gente pensa muito nas nossas referências semelhantes. Quando a gente fazia show, que a gente espera muito voltar, a gente sempre tocava muitas versões, nunca tocou cover mesmo.  E acho que isso é o que a gente mais gosta de fazer, pegar as referências e transformar.

É um espectro bem variado, né?

Gabriel: Quando a gente tocava bastante em bares, a gente não se contentava em tocar a música direitinho. A gente pegava a música e fazia uma releitura, faz um medley, dá uma “popficada”, mudar a batida, a gente adora fazer essas coisas. A Carol tem coral na cabeça dela, ela cria sempre umas linhas bem diferentes, e acho que vem assim dessas várias referências. Eu sempre pirei muito em Cazuza. Eu sempre pirei muito em letra, claro que gosto da sonoridade, como Lulu Santos, que é um mestre do Pop. Grande ídolo para mim é o Cazuza, mas hoje eu to em conflito interior, porque to muito no Belchior, não paro de ouvir.

Eu até olho para o quadro do caso e peço desculpas, digo que não sei o que fazer agora (risos). Gosto muito também do Sá & Guarabyra. No nosso primeiro EP tem bastante Matchbox Twenty, que a gente gosta muito da sonoridade. Lady Antebullum também, a gente pegava também bastante referência de arranjo, na textura sonora. Eu acho muito legal porque a gente tem nossos produtores que ajudam nessa nossa loucura, eles dão uma direcionada na gente. E o Pop permite muito a gente dar uma passeada nos estilos, e a gente não se amarra no estilo.

O estilo não chega a ser uma questão?

Carol: Talvez essas primeiras músicas que a gente lançou do álbum, a gente falou que talvez fosse o Pop mais Indie, porque tá mais reflexivo, tá com umas guitarras fazendo umas linhas.  A gente vai voltar a fazer umas músicas mais solares, porque a gente tava sem fazer show, nessa pandemia, e a gente viu que tinha que lançar essas músicas agora. E são fases. O Pop permite a gente explorar tudo isso.

Gabriel: Ah e tem algo que a Carol não contou, que é o principal, a Carol ama Michael Jackson.

Carol: Ah, eu amo! Minha maior referência. Eu acho que como referência artística mesmo, de se moldar à época, ser um artista inovador em todos os sentidos. Gosto muito das músicas lado B do Michael, mais Soul do que Pop.

O duo Avenoar (Fotos por Renato Dell)

“Nos seus detalhes” vai fazer parte do primeiro álbum de vocês, certo? Como foi a criação do álbum e como vai ser o lançamento das músicas?

Carol:  O Gabe veio com a ideia no começo da pandemia, porque quando começou a pandemia, a gente tava pensando num show autoral, com banda, porque a gente sempre fez muito acústico em barzinho, e sempre precisa de muita versão. Veio a pandemia, tudo mudou, e a gente ficou sem saber como ia ser, o que fazer. Mas a gente nunca quis ficar parado, sabe? Nesse momento a gente se ligou, fomos olhar para o digital.

E o Gabe deu a ideia da gente voltar compor, porque a gente já tinha dado um tempo, e a gente deixou fluir, o combinado era não escrever em cima de nada. Posteriormente, a gente foi entender que as músicas eram mais pautadas no tempo, uma era sobre envelhecer, ou sobre o tempo que a gente vive hoje, uma coisa mais social. Dessa forma, fomos tendo esse olhar depois que a gente foi colocando nossas composições.

O conceito veio depois da análise da obra, né?

Gabriel: O engraçado desse processo, quando as músicas foram surgindo, era qual o conceito do álbum, a gente ficou nessa de o que amarrava essas músicas. E fomos vendo no decorrer do processo que ela que foram contando para gente qual que era o grande conceito de tudo que a gente percebeu, que foi a questão temporal. É como a Carol falou, essas músicas tem algo em comum que é o tempo, mas elas falam de formas diferentes. Foi acontecendo naturalmente. A gente acabou de lançar a primeira parte do álbum, que são essas quatro músicas.

Na próxima, a gente tá dividido em três levas, a próxima vai vir com músicas mais solares, vem de encontro um pouco desse passar do tempo, depois essa ‘luz no fim do túnel’ que a gente tá vendo nessa pandemia. E a nossa intenção é lançar o quanto antes essas próximas, mas vai demorar um pouquinho, até por questão de produção, mas a gente quis lançar essa primeira parte agora porque ela tá muito de encontro com o que a gente tem passado por esse ano.

Carol: A gente quer manter esse lançamento por singles, vem dado certo. Foi ótimo a gente ter lançado agora, porque para entrar nessas playlists da plataforma. E acho que a gente tá conseguindo achar o nosso ponto junto com o digital. Se você lança um álbum de uma vez, é mais difícil fazer com que ouçam, não é mais cultural do público de ouvir um álbum inteiro, a não ser que seja de alguém que você é muito fã. A gente tá em playlists tipo o “Rock Leve” do Spotify, nossos primeiros lançamentos estão em playlists da Deezer. A gente pegou o jeito de lançar.

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Ana Rita

Piauiense, nordestina e estudante de Arquitetura, querendo ser cinéfila, metida a crítica e apaixonada por cinema, séries, arte e música. Siga @trucagem no Instagram!
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