Balada Cínica

José Danilo Rangel

Poesia inofensiva
para distrair dos conflitos,
como um sussurro,
nada de berro ou grito,
Poesia para elevar
ao céu de algodão doce
estes que buscam a distração
como se outra coisa fosse,
Poesia performática
como um malabarista de sinal
que em troca de um troco,
a lisonja, agradeça triunfal,
Poesia enigmática
que se faça faladora
em seus versos esquisitos
e sua fala enganadora.
Poesia pedante
pra convencer que sei de tudo,
resultado de afinada malícia
com um tantinho de estudo.
Poesia velada
composta com respeito e apreço
com as senhoras e os senhores
que não sei e nem conheço.
Poesia romântica
escrita à luz de velas
que fale do amor
de filmes e novelas.
Pronto, uma pequena lista
do que evitar… mas sei, como eu
muitos vão dizer que escrevem
luzes, e talvez só escrevamos breus.

José Danilo Rangel

José Danilo Rangel tem 29 anos, é cearense, de Itaitinga, vive há 20 anos em Porto Velho, Rondônia, e já foi conhecido nas rodas undergrounds portovelhenses, por ser esportista radical e pela frequência (e confusões) em festas de metal. Sempre leu muito, mas não gostava de Poesia, na verdade, considerava-a futilidade. Escrevia artigos, crônicas, contos, mas nada em verso. Apaixonado, entanto, decidiu escrever um soneto para se declarar, foi assim que encontrou na Poesia um meio de falar sobre o que sempre achou importante falar.
NAN