Banda ‘O Terno’ surpreende com leveza de novo clipe; confira

Roberta Negrão

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11 de abril de 2019

O segundo single do quarto álbum do Terno foi lançado em clipe que oscila num ponto entre a leveza e a angústia, o pop e a arte, a descontração e a seriedade e tantos outros contrastes que o trio traz consigo no novo trabalho “<atrás/além>”. A bordo de um barco, que é também um ponto entre cais e mar aberto, O Terno constrói um clipe pop e ao mesmo tempo simbólico da bagagem que a banda acumulou e carrega hoje.

Como parte da trajetória do grupo paulistano, que existe há 10 anos, “Pegando Leve” é um componente da equação que o trio traçou de exatamente não traçar uma equação para a liberdade criativa mas de envolver o pacote todo do disco “<atrás/além>” em uma embalagem temática. O Terno trata agora de um final de ciclo. Não com o peso da desesperança, mas sob o otimismo 45do desapego e o vislumbre de uma luz adiante. Escreve sobre os entraves da instantaneidade e ansiedade gerada em tempos millennials e questões comuns que ficam represadas.

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O barco em que navegam durante o clipe entra na receita tanto como elemento estético quanto simbólico do navegar à deriva, e de ruptura – o se soltar na tentativa de mergulhar até a conquista dessa liberdade. É retrato de um trio que amadureceu junto à própria obra, já que se formou quando havia recém-saído do colégio e foram passando etapas de ingresso na vida adulta enquanto lançavam seus três discos.

Guilherme Nasser, diretor do clipe, comenta: “Assim como o disco, o clipe de ‘pegando leve’ marca um novo momento da banda, a proximidade dos 30 anos e a necessidade que temos de olhar-nos e parar pra pensar um pouco. Também tinha que ser meio que o contrário do que vem se usando tecnicamente nos videoclipes; algo mais ‘errado’, entre o hi-fi e o lo-fi. A janela 3×2, o plano da cabine subexposto, a perda de foco, câmera na mão… tudo isso para nos levar a essa onda de fotos 35mm. Foi sobre o processo que conversamos muito desde o começo que nos juntamos para falar sobre o clipe e foi muito divertido fazer.”

A banda se sente segura em colocar em primeiro plano a orquestração parruda de violino, trompete e vibrafone enquanto narra a ambiguidade da geração millennial. Por isso a atenção ao sentido literal e figurativo do barco, como um não-lugar, um espaço de transição de onde se dará ao salto para o (oceano do) desconhecido. Assim como as três esferas em cores primárias que este reboca, simbolizando a possibilidade infinita de se pintar o vazio ou o mar sem limitação criativa, como O Terno fez neste seu quarto trabalho.

Roberta Negrão

Editora de música do BLAH, jornalista e redatora, uma geminiana musico-falante viciada em shows e amante da vida. Apaixonada por rádio, locução, natureza, violão e fotografia. "Gosto do que é novo, diferente, de gente que fala sorrindo e desconfio das que não gostam de gatos. Vivo cantarolando para espantar todo mal que há. Metade de mim é música, a outra estou tentando descobrir..."
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