Jojo Rabbit é um bom filme.

Taika Waititi vive Adolf Hitler

BÔNUS | Jojo Rabbit é o melhor filme do Oscar

Alvaro Tallarico

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29 de janeiro de 2020

Jojo Rabbit é o melhor filme dentre os indicados ao Oscar em 2020. O longa-metragem dirigido por Taika Waititi (Thor: Ragnarok) recebeu seis indicações: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Atriz Coadjuvante (Scarlett Johansson), Melhor Figurino, Melhor Montagem e Melhor Design de Produção. Uma das coisas mais interessantes do divertido filme é que o diretor também interpreta o líder nazista Adolf Hitler. Ah, mas não é exatamente aquele ditador conhecido, e sim o amigo imaginário do pequeno Jojo de 10 anos.
Para ser sincero, o título da coluna não expressa toda minha opinião, afinal, “História de Um Casamento” é bom demais, assim como “O Irlandês”, além disso, ainda temos “O Parasita” correndo por fora. Todavia, Jojo Rabbit se passa na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial. Como tantos outros… O que seria do cinema sem a Segunda Guerra? Quantos e quantos filmes são em cima desse tema. A questão aqui é o momento de crescimento do fascismo no mundo e também um certo retorno de grupos nazistas. Sendo assim, esse longa-metragem torna-se contundente pela mensagem que passa utilizando o humor como ferramenta para o pensamento crítico.
Jojo, vivido com eficiência pelo carismático Roman Griffin Davis, é um projeto de nazista que está sempre dialogando com o amigo imaginário Adolf Hitler, o qual ganha forma em atuação simplesmente hilária de Taika Waititi. Nesse ínterim temos sua mãe, Josie Betzler (excelente trabalho de Scarlett Johansson), que está escondendo uma judia, Elsa (Thomasin McKenzie), em casa. E Jojo, o nazistinha fanático, descobre. A partir disso, suas opiniões acabam sendo cutucadas por novos sentimentos.

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Run, Jojo, run

A evolução da relação de Jojo e Elsa é saborosa. Conhecemos a adolescente em uma sequência de terror, muito bem dirigida. Além disso, o filme consegue arrancar muitas risadas, enquanto emociona e faz pensar. Taika Waititi ridiculariza os nazistas, nos fazendo analisar suas absurdas motivações e a idolatria. A primeira parte do longa, durante o treinamento para nazistas mirins demonstra o rumo escolhido e é deveras cômica. Jojo aprende que suas escolhas podem trazer cicatrizes, mas é só o início de sua jornada. O Adolf Hitler de Taika é engraçadíssimo, uma caricatura desse escroto vilão. A interação entre os dois é um dos braços do tal humor usado como ferramenta crítica ao fanatismo e o absurdo da guerra. Ainda temos o bom Sam Rockwell como Capitão Klenzendorf em dobradinha com Finkel, vivido por Alfie Allen (o Theon Greyjoy, de Game of Thrones).

Dance

Ao ver o filme, certamente, percebemos que as indicações ao Oscar foram merecidas. O roteiro é azeitado e ajeitado permitindo o desenvolvimento dos personagens. Scarlett Johansson dá alma para Josie, e nos entrega uma mãe, uma mulher, um ser humano, que luta pelo que acredita da forma que consegue, enquanto, ao mesmo tempo, tenta educar o teimoso filho.
A dinâmica montagem facilita a mensagem que o filme procura passar, como, em especial, na parte inicial quando ouvimos “I Wanna Hold Your Hand”, dos Beatles, em alemão, e acompanhamos imagens reais da loucura em cima da figura de Adolf Hitler. Como é possível tamanho fanatismo? Como pessoas podem virar gado não-pensante tão facilmente em torno de ídolos e mitos?
Jojo Rabbit procura ensinar a não desistir traz reflexão sobre o mundo que queremos. A difícil perseverança faz parte da evolução para que sempre haja a possibilidade de dançar – com liberdade.

*Por fim, se liga: a coluna BÔNUS, do jornalista cultural Alvaro Tallarico @viventeandante, sai toda quarta-feira aqui no BLAHZINGA! 

Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
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