A jornada musical e política do cantor Fael

Rafael Vasco

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19 de outubro de 2021

O cantor gaúcho Fael acaba de lançar seu primeiro EP, chamado ‘Aqui e Agora’, que traz sete canções inéditas e autorais. Além disso, este trabalho é um retrato da jornada de descoberta do artista, retratando o seu atual momento e do mundo. O projeto já está disponível em todas as plataformas digitais.

Aliás, nesse EP, Fael explora várias sonoridades, que vão desde o eletrônico até a MPB. Contudo, ele também aposta em letras que provocam a tomada de consciência, como em ‘As Flores’ e ‘Hoje É Sempre Ontem’, que mostram sua visão sobre a atual situação política do país.

Sendo assim, o ULTRAVERSO convidou o artista para uma conversa sobre o novo trabalho, arte e o poder de influência da sua música. Portanto, acompanhe o nosso bate papo:   

ULTRAVERSO: Fael, você lançou recentemente o EP ‘Aqui e Agora’, que traz sete músicas autorais. Conte de que maneira surgiu o conceito deste trabalho?

FAEL: O EP é uma tentativa de traduzir tanto o meu estado de espírito atual quanto o estado das coisas no mundo e no Brasil. É sobre eu me entendendo como pessoa e como artista, saindo da minha casca, em um mundo que parece cada vez mais autoritário e sufocante. Portanto, acho que o tema central aqui é o da liberdade de ser você mesmo, tanto do ponto de vista íntimo quanto político.

Aliás, duas faixas presentes no projeto, ‘As Flores’ e ‘Hoje É Sempre Ontem’, são claramente políticas. Nesse sentido, acredita que a sua arte pode estimular questionamentos?

FAEL: Sim, acho que toda arte é carregada de significado político, de forma intencional ou não. Essas duas faixas são abertamente políticas e sobre o avanço autoritário no Brasil, se referem a política no sentido mais tradicional da coisa, mas acho que músicas como Vira-Latas e Do Lado de Fora também são políticas de outra forma. Assim, toda vez que tomo uma posição de dizer “eu sou assim e quero um mundo melhor desse ou daquele jeito”, tomo uma posição política. Sobre fazer questionamentos, nem acredito que seja o que estou fazendo, para o bem e para mal minhas músicas são bastante diretas, são mais declarações ou provocações, não questões.

Você já compõe desde a adolescência, porém, só decidiu gravar estas letras recentemente. Portanto, em que momento e o que te motivou a mostrar seu trabalho para o mundo?

FAEL: O caminho para gravar e lançar esse EP foi bastante longo. Sempre tive a vontade de gravar, nunca parei de compor desde os meus 15 anos, mas sempre achei que precisava de uma banda para trilhar esse caminho. Com isso, tive várias tentativas, mas as coisas nunca se encaixaram. Até que no fim de 2018 fiz um workshop de composição de canções, com o Fabricio Gambogi, da banda Dingo Bells. Ele me dizia que para produzir, era necessário se mexer, encontrar um produtor, um parceiro e fazer acontecer. Logo, foi ali que decidi que faria algo solo. Uns meses depois conversei com o Cezar Tortorelli, que na época era meu professor de violão, e começamos a gravar em 2019 com ele produzindo. Entretanto, a pandemia acabou atrapalhando a finalização do EP, mas finalmente ele nasceu.

A imagem abstrata da capa do EP também foi feita por você. Sendo assim, como define a sua relação com este tipo de arte e qual a ideia desta capa?

FAEL: Eu sou publicitário, sempre trabalhei com direção de arte e design, para mim era natural pensar o EP tanto musicalmente quanto visualmente. Queria que ele fosse meu pequeno universo particular, uma tradução de quem sou em todos os níveis. E eu sou assim, eu gosto de rock, samba e pop e coloquei tudo isso no EP. Como também gosto de cores vibrantes e esse tipo de arte abstrata, mas também simbólica. Por isso, acho que a arte do EP traduz bem esse meu mundo um pouco caótico e colorido.

Fael aposta na mistura de estilos em seu EP de estreia ‘Aqui e Agora’ (Foto: Divulgação)

Apesar de ter várias referências musicais, consegue dizer qual estilo define o seu trabalho?

FAEL: Minha base é no pop rock, cresci ouvindo artistas como Coldplay, U2, Pink Floyd, Oasis, Beatles, Skank, Fito Paez, essas bandas bastante melódicas, mas que eventualmente tocam algo mais pesado. Gosto da música que tenta transcender um pouco a vida cotidiana, coisas mais grandiosas.

Você é um artista independente, e muitas vezes ter visibilidade não é fácil. Nesse contexto, quais os desafios para continuar produzindo?

FAEL: Esse é meu primeiro lançamento, sou o novato chegando em uma sala lotada. O obstáculo de qualquer um quando está começando é chegar nas pessoas, criar aquele primeiro interesse que as façam buscar mais. Quanto a continuar produzindo, sempre tem o desafio do orçamento, mas tenho várias canções já engatadas para o futuro e vou tentando fazer o melhor que posso com os recursos que tenho. Faço música tanto para os outros quanto para mim mesmo.

Para finalizar, pode indicar alguns artistas ou bandas gaúchas para o nosso público conhecer também?

FAEL: Meus amigos da Alpargatos são uma banda incrível, além de serem pessoas maravilhosas. Ando ouvindo também Pedro Cassel, Thiago Ramil, Lipsen e Projeto Shaun.

Ouça o EP do Fael no Spotify

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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Maré do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!

Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!

Rafael Vasco

Um viciado em informação, até mesmo as inúteis. Com dois minutos de conversa, convenço você de que sou legal. Insta: _rafael_vasco
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