crítica do filme Casa de Antiguidades onde assistir

Foto: Divulgação

‘Casa de Antiguidades’ é assustadoramente atual

Wilson Spiler

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19 de julho de 2022

O filme Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria, que estreia nos cinemas no próximo dia 21 de julho, foi único latino a receber o selo da seleção oficial de Cannes 2020 – que mesmo não acontecendo, por conta da pandemia, divulgou a lista das obras que estariam em competição oficial.

Protagonizado pelo grande Antonio Pitanga, o longa conta a história de Cristovam, um “caipira” do interior do Brasil que busca em outras terras melhores condições de trabalho. Mas, o contraste cultural e étnico da nova morada em relação à sua terra natal provoca no vaqueiro um processo de solidão e perda de identidade.

Enquanto isso, boatos e maldades dos habitantes locais o levam ao desespero e a decisões equivocadas, fazendo-o perder a razão e a lucidez. Sem saída, ele passa a reviver o passado para suportar o presente.

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Casa de Antiguidades dialoga perfeitamente com o período em que vivemos no Brasil. Uma época em que a intolerância, o racismo, a xenofobia e o culto à violência, assim como às armas, tem crescido graças à ascensão da extrema-direita que tem o presidente da República como seu maior representante.

Os planos de João Paulo Miranda Maria quase sempre fechados – principalmente dentro da casa do protagonista tendem a dar uma sensação de insegurança. O cineasta usa a câmera e a trilha sonora com muita habilidade, transformando o que é um drama, teoricamente, em quase um filme de terror.

Elementos simbólicos

O uso de elementos como a profissão de vaqueiro, o gado, berrante e até derramamento de leite remetem diretamente à triste situação do Brasil atual. Além disso, integrantes de grupos violentos com a mesma cor de camisa, que embora seja azul, é uma clara referência aos uniformes da CBF vestidos por bolsonaristas. Atente-se aos diálogos, às entrelinhas. Está tudo lá. Estruturalmente. Inclusive os discursos separatistas, neonazistas, do nós contra eles, contra minorias, ideais neoliberalistas e ode a culturas norte-americanas e europeias permeiam a obra de Miranda.

Pitanga, por sua vez, como um homem sem rumo, transfigura a imagem de um ser humano derrotado, vencido pelo cansaço e pelo ódio. Uma atuação brilhante em um filme igualmente excepcional. Casa de Antiguidades é lento, é pesado, é denso, é profundo. Certamente, é uma verdadeira obra-prima de um país completamente exaurido.

Onde assistir Casa de Antiguidades?

A saber, Casa de Antiguidades estreia nesta quinta-feira, 21 de julho de 2022, exclusivamente nos cinemas brasileiros.

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Trailer do filme Casa de Antiguidades

Casa de Antiguidades: elenco do filme

Antonio Pitanga
Sam Louwyck
Ana Flávia Cavalcanti
Aline Marta Maia
Gilda Nomacce

Ficha Técnica: filme Casa de Antiguidades

Título original do filme: Si Saben Cómo Me Pongo ¿Pa’ Qué Me Invitan? 2
Direção: João Paulo Miranda Maria
Roteiro: João Paulo Miranda Maria e Felipe Sholl
Duração: 87 minutos
País: Brasil e França
Gênero: drama
Ano: 2020
Classificação: 16 anos

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
5

Créditos Galáticos: 5

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