Cia Banquete Cultural estreia ‘Áurea, a Lei da Velha Senhora’ na sua sede na Lapa no Rio
Giselle Costa Rosa
A montagem Áurea, a lei da velha senhora aborda os reflexos da escravidão no Brasil e a luta contra o racismo, visando à conscientização sobre a importância dos negros na formação da identidade brasileira e à quebra de preconceito racial ainda presente em nossa sociedade.
A despeito de políticas públicas paliativas que visam à diminuição da desigualdade racial no Brasil, implantadas nos últimos anos, o racismo persiste. No mercado de trabalho, nas universidades, nas delegacias e no discurso dos formadores de opinião não é raro identificar sintomas desse preconceito velado ou mesmo ostensivo.
A constante afirmação de estereótipos na produção cultural brasileira “mainstream” e nos meios de comunicação hegemônicos colabora para reforçar o sentimento de auto-desvalorização nos negros e o desinteresse pelo debate aprofundado sobre causas do racismo e ações para sua mitigação ou até mesmo para o seu fim. Áurea, a lei da velha senhora pretende confrontar o espectador com esta realidade. O fim do preconceito racial passa não só pelo reconhecimento da existência do racismo, mas principalmente pela compreensão da contribuição do negro para a identidade cultural brasileira.
A trama se passa nos dias atuais, em um casarão abandonado no centro de uma grande cidade, que em tempos remotos abrigou uma família de posses e seus escravos. Curiosamente, neste lugar, a escravidão ainda não foi abolida e os negros vivem em condições precárias, sob a dominação de sua Velha Senhora Áurea.
Tudo corria como sempre, até que surge Senhorinha, uma jovem justiceira que descobre o casarão em meio à morte inesperada da matriarca e instaura forçosamente a liberdade dos negros, abolindo a Lei da Velha Senhora e ajudando-os a conviver harmoniosamente com a democracia vigente, ou o que se fez dela.
A partir do espetáculo teatral, nasceu o curta-metragem “Negrinho”, que será exibido todo dia antes do espetáculo. Personagem importante do texto que ganha vida nas telas do cinema e revela a vida de um menino negro de cinco anos numa comunidade quilombola do interior brasileiro com sua mãe e sua bisavó. Pouco se sabe de seu passado, seu pai (autor do texto da peça e roteiro do filme) e muito se descobre através de seus olhos sobre os moradores do local e suas raízes. Negrinho é um filósofo contemporâneo, um anjo de asa negra, que questiona a diferença de cor e desbrava um mundo ainda regido pelo preconceito, mesmo que velado.
Por fim, Áurea, a lei da Vela de Senhora é um projeto que deu certo antes mesmo de sua estreia. Todos da equipe foram transformados pelo seu processo e vários desdobramentos culturais foram alcançados, como o filme “Negrinho”, a trilogia “A Saga dos Homens Pretos”, ambos com estreia simultânea com o espetáculo, e os encontros de sábado na Cia Banquete Cultural voltados à cultura negra (aulas abertas de dança de matriz africana, oficinas de percussão e de capoeira Angola), realizados desde novembro de 2014, quando tudo efetivamente começou.
::: Programação paralela gratuita aos domingos às 15h na sede da Cia Banquete Cultural
08/11 – Debate sobre a peça “Áurea, a Lei da Velha Senhora” com Jean Mendonça e elenco
15/11 – Aula prática de Capoeira Angola com André Sampaio
22/11 – Aula prática de Afro contemporâneo com Evandro Passos
29/11 – Debate sobre o curta “Negrinho” com Thaís Inácio
06/12 – Aula prática de Afro contemporâneo com Evandro Passos
13/12 – Debate sobre identidade afro-brasileira com Evandro Passos e Jean Mendonça
:: SERVIÇO
Temporada: 05 de novembro a 13 de dezembro de 2015
Dia/Horário: quinta a sábado, às 19h e domingo às 18h
Local: Sede da Cia Banquete Cultural
Endereço: Rua da Lapa, 243, Rio de Janeiro/RJ – próximo ao metrô da Glória
Ingresso: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
Duração: 120 minutos
Classificação etária: 18 anos
Lotação máxima: 80 lugares
Reservas e informações: contato@banquetecultural.com ou (21)96918-8999