Cinema ao Pé da Letra – Parte 23: 6 Cenas, 6 Luzes, 6 Filmes (The Number of the Beast)

Pedro Lauria

Olááááá, enfermeira!!!

Continuando nossas conversas sobre luz, hoje teremos uma coluna simples – porém extremamente reveladora. Hoje, veremos na prática como a luz (junto com a posição da câmera) pode transformar a mesma cena em coisas completamente diferentes. Para isso, recorreremos ao documentário brasileiro Iluminados. Nele, 6 fotógrafos brasileiros dão seus depoimentos sobre a importância da direção de fotografia e, no final de tudo, iluminam uma cena: mesmos atores, mesmo figurino, mesma locação, só mudando o fotógrafo.

Vamos ver o impacto da Fotografia em uma cena:

Fotografia: Pedro Farkas (A Ostra e o Vento)

Fotografia: Pedro Farkas (A Ostra e o Vento) – Repare como, na cena acima, Farkas brinca com a dualidade do preto e branco (cor do figurino dos personagens), criando um lado esquerdo escuro e um lado direito claro. Essa dualidade ajuda a reforçar a identidade dos personagens que estão se beijando.


Fotografia: Mário Carneiro (O Padre e a Moça)

Fotografia: Mário Carneiro (O Padre e a Moça) – Mário Carneiro se utiliza de sombras fracas para criar uma fotografia soturna, auxiliando na “intimidade da cena”.


Fotografia: Fernando Duarte (Cabra Marcado para Morrer)

Fotografia: Fernando Duarte (Cabra Marcado para Morrer) – Já Duarte, acaba por criar uma atmosfera mais quente e reservada, apostando em uma colorização indo mais para a monocromática, apostando em tons escuros.


Fotografia: Dib Lufti (Como Era Gostoso o Meu Francês)

Fotografia: Dib Lutfi (Como Era Gostoso o Meu Francês) – O Close conjunto de Lutfi nos aproxima dos amantes. Sua iluminação geral ajuda a dar um certo ar novelesco.


Fotografia: Antônio Luiz Mendes (Tiradentes)

Fotografia: Edgar Moura (A Hora da Estrela) – A criação de silhueta por Moura, além da beleza estética, ajuda a destacar os amantes do cenário. E, transformá-los em uma só sombra.


Fotografia: Walter Carvalho (Lavoura Arcaica)

Fotografia: Walter Carvalho (Lavoura Arcaica) – Na cena de Carvalho, ambos os amantes vão para atrás de um tecido, que, com a ajuda da iluminação de Carvalho tornam eles vultos misturados. A falta total de definição diz algo: os personagens deixaram de ser eles para se tornar algo completamente diferente, um mistura indecifrável.

E para vocês, qual fotografia chama mais atenção? Qual é a mais bonita? Qual é aquela que dá mais sentido narrativo a ação do beijo?

Independente da resposta, o que fica muito claro é a importância que a luz tem na cena, e como cada fotógrafo traz a sua própria contribuição para o filme.

Até a próxima muchachos!

Pedro Lauria

Em 2050 será conhecido como o maior roteirista e diretor de todos os tempos. Por enquanto, é só um jovem com o objetivo de ganhar o Oscar, a Palma de Ouro e o MTV Movie Awards pelo mesmo filme.
NAN