‘Close’ é puro coração

Leo e Rémi são dois amigos de 13 anos que vivem intensamente as férias de verão desfrutando da mais pura e genuína amizade. Suas famílias são próximas e o mundo é bonito, divertido e transmitido aos nossos olhos como uma lembrança de algo que já fomos e já tivemos, mas se perdeu na vida adulta.

Se fosse somente sobre isso, Close, que estreia nos cinemas na próxima semana, ainda assim seria um filme excelente. Mas a premissa é só a primeira coisa a nos cativar nessa obra. Portanto, pode se preparar que, ao subir dos créditos, seu coração vai ficar dilacerado de amor e dor.

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Naturalidade

O amor e a amizade entre ambos é construído com muita naturalidade, Rémi é doce e criativo; Leo é agitado e esperto, e, juntos, poderiam ter desbravado o universo. Mas quando as aulas finalmente começam, a proximidade deles causa comentários dos outros estudantes e, então, a relação tão linda é colocada à prova, afinal, como é possível escolher ser você mesmo e enfrentar o preconceito quando você ainda está formando a sua essência, quando você sequer sabe com certeza quem é.

Cada gesto desse filme tão pleno é certo. As cores que envolvem cada um dos protagonistas, mostrando sempre Rémi cercado ou vestido de vermelho, abordando a paixão e a dor que ele já vive internamente; enquanto Leo está, no primeiro e no segundo ato, rodeado de tons claros, puros e sinceros.

Conforme o roteiro se desenrola e a amizade vai ruindo, as nuances vão sendo percebidas, e ao retornar de um passeio divertido com seus novos amigos, Leo é surpreendido com uma decisão sem volta feita por Rémi.

Direção

Close é uma história de muitas histórias. Cabe aqui a pureza das relações pueris, o desenrolar da sexualidade e o quão feroz e devastador o preconceito pode ser; cabe a quase negligência paternal que tenta e às vezes não consegue acessar o universo que é outra pessoa; cabe o primeiro amor e a dor excruciante da primeira vez que se tem o coração partido.

Em cada pequena ou grande história abordada no enredo, a direção de Lukas Dhont acerta em cheio, indo da mais tênue luz acertando um dos garotos enquanto eles brincam de se esconder dos perigos iminentes e imaginários da vida até as flores sendo brutalmente arrancadas por um trator preparando o solo para algo novo que vai nascer.

Atuações

As atuações também valem um destaque. Rémi e Leo nos fazem pensar que são eles ali, o tempo inteiro, com o carisma e o medo que a idade permite, com o coração cheio de alegria ou o olhar melancólico que só o desenrolar de amar pela primeira vez proporciona.

Close é tão bom que é uma pena que o filme belga esteja disputando o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com uma lista de tantos favoritos: “Nada de Novo no Front” (Alemanha) e “Argentina, 1985”. Ainda assim, levando ou não a estatueta, esse é o tipo de narrativa que entra para a memória de todo mundo que se dispõe a gastar pouco mais de uma hora e meia na apreciação do drama pueril.

Preconceito afetando vidas

Ao fim, deixamos lágrimas e levamos uma lição de que o preconceito afeta a vida de formas irremediáveis. O que se deve buscar é viver uma vida plena, preservar as relações que são preciosas e continuar buscando aprender sobre quem se é, sempre.

Desde “O Caçador de Pipas” que uma história de amizade não mexia tanto com meu coração. Se Amir e Hassan eram os sultões de Cabul, Leo e Rémi serão, para sempre, os capitães dos campos floridos da Bélgica.

Onde assistir ao filme Close (2022)?

A saber, Close estreia nesta quinta-feira, 2 de março de 2023, nos cinemas brasileiros.

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Trailer do filme Close (2022)

Close (2022): elenco do filme

Eden Dambrine

Gustav De Waele

Émilie Dequenne

Léa Drucker

Ficha Técnica do filme Close (2022)

Título original do filme: Close
Direção: Lukas Dhont
Roteiro: Lukas Dhont, Angelo Tijssens
Duração: 105 minutos
País: Bélgica, Holanda, França
Gênero: drama
Ano: 2022
Classificação: 14 anos