Diretor de ‘Todo Clichê do Amor’ resume filme um como brincadeira disfarçada e diluída na forma

Giovanna Landucci

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12 de abril de 2018

Nesta segunda-feira foi realizada a coletiva de imprensa do filme Todo Clichê do Amor. Estiveram presentes no encontro o ator e diretor Rafael Primot, o produtor Daniel Gaggini e as atrizes Marjorie Estiano, Débora Falabella e Gilda Nomacce. O longa-metragem estreia no próximo dia 19 de abril em nos cinemas brasileiros.

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Ao falar da película, Daniel Gaggini fez uma pequena introdução explicando que o filme tem produção 100%  independente e que esse seria um novo jeito de fazer cinema. Segundo o produtor, não houve inscrição em editais ou auxílio de leis de incentivo para que esse projeto saísse do papel. Rafael Primot, por sua vez, explica que fez uma pesquisa de cores, ambientes, figurinos, entre outros detalhes, pois, para ele, direção de arte e fotografia sempre foi algo com o que se preocupou desde a época da faculdade.

FOTO: Tom Dutra

A partir do seu primeiro longa “A Gata Velha Ainda Mia”, que também foi uma produção 100% independente, Rafael contou que estipulou  uma meta para si de estrear um trabalho a cada dois anos pelo menos e que, para se fazer um trabalho assim, o roteiro precisa ser bastante simples, com poucas locações, para ser mais barato. De acordo com o cineasta, esse esquema funciona quase como uma cooperativa, onde juntam-se pessoas interessadas em contar essa história. Daniel acrescenta ainda que é a favor das leis de incentivo, mas que, para esse trabalho, optou por fazer entre amigos. Para ele, existem muitas formas de fazer cinema, mas que essa foi a que escolheram.

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Sobre construção de personagens, Marjorie Estiano disse que se prendeu mais na história de sua personagem querer engravidar, mas que pesquisou sobre sadomasoquismo para compô-la e viu muitos vídeos sobre o assunto para naturalizar a interpretação. No entanto, a atriz falou também a respeito da erotização do poder que o sadomasoquismo traz e comentou com humor :“Eu adorei! Mas vamos pular essa parte…”, arrancando risos dos jornalistas presentes.

Débora Falabella, por sua vez, criou uma relação muito afetiva com o roteiro. “Conheço o Rafa há muito tempo. Fizemos um curta e teatro juntos”. A atriz destacou também que estar ao lado de Gilda Nomacce foi muito divertido. “Eu tinha muito pouco texto  – o que foi ótimo, foi muito especial aprender a me comunicar sem dizer nada”.

FOTO: Tom Dutra

Gilda Nomacce revelou que se impressionou com Débora, que, para ela, é uma aula de talento e disciplina. “Colocar emoção em uma linguagem com fala é mais fácil. Débora fez isso de primeira e emocionou até a professora de libras”. A atriz disse ainda que seu personagem é como o povo brasileiro: “Está tudo errado e estou tentando me inserir. Eu represento essa inserção”. Ao encerrar sua fala, ela se emocionou ao falar da mãe, que é surda, e agradeceu ao diretor pela oportunidade de estar no filme.

Rafael Primot, por sua vez, comentou que acabou escalando quem admira e conhece de longa data. O elenco já veio muito bem preparado, sabendo bem o que tinham que fazer, mas que, em alguns momentos, também esqueciam tudo e surpreendiam mais ainda”. Sua busca durante o projeto era humanizar os personagens clichês. Deu exemplos como a prostituta que tudo que quer é ter um filho ou a moça fofa que fuma maconha e dá aula de libras. Tudo isso, para ele, compõe a humanização.

Todo Clichê do Amor veio a partir de um projeto que Rafael começou na época da faculdade a partir de um texto de teatro que ele havia escrito. As três histórias foram gravadas separadamente montando paralelos entre as dificuldades de se relacionar, sendo uma delas entre duas deficientes, uma auditiva e outra visual. A ideia foi construir uma metáfora entre as três tramas que são as dificuldades de se ouvir e enxergar, mostrando as dificuldades de convivência. “A grande brincadeira foi não ser uma novidade, a pretensa poesia que tem ali por trás. Uma brincadeira disfarçada e diluída na forma”.

FOTO: Tom Dutra

A escolha da trilha sonora iniciou-se pela abertura do filme que traria Giovana Zotti cantando e qual seria essa música. Para isso, confiou a Marcelo Pellegrini para compor as canções, pois ele é, em sua opinião, um maestro incrível e erudito que pode transformar até um funk em música erudita. Sobre atuar e dirigir, Rafael diz que já teve essa ideia em seu primeiro longa, mas não tinha coragem para estrear assim, pois já era um desafio muito grande dirigir seu próprio filme.

Daniel complementa que, além de ser um filme com produção 100% independente, a distribuição também será totalmente independente, o que faz com que seja mais restrito a algumas capitais, mas que estará disponível também em streaming pelo “NOW” muito em breve. Veja a galeria de fotos da coletiva de imprensa:

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*FOTOS: Tom Dutra

Giovanna Landucci

Publicitaria de formação, sempre gostei de escrever. Apaixonada por filmes e séries, sim, posso ser considerada seriemaníaca, pois o que eu mais gosto de fazer é maratonar! Sou geek principalmente quando falamos de Marvel e DC. Ariana incontestável, acho que essa citação de Clarice Lispector me define "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar." Ah, como é de se notar pela citação, gosto de livros e poesia também.
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