CRÍTICA | ‘Rei Arthur: A Lenda da Espada’ é apenas uma mesmice com um pouco de estilo visual

Thiago de Mello

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17 de maio de 2017

Rei Arthur: A Lenda da Espada (King Arthur: Legend of the Sword) é um blockbuster genérico que narra uma história de origem básica sobre o lendário rei britânico através dos dinâmicos, mas repetidos maneirismos de Guy Ritchie. Além disso, o diretor se vê obrigado deixar de lado a irreverência verbal características de seus personagens, já que o filme se propõe a ser “familiar”, visando consolidar uma franquia abrangente. Portanto, o que resta nada mais é do quem um repetido filme inédito, sem qualquer arroubo criativo de um diretor conhecido pela sua criatividade.

O elemento fantasioso que recheia a trama tem até certo apelo e tenta adicionar algo à extensa lista de histórias arturianas do cinema. Porém, o roteiro de Ritchie, Joby Harold e Lionel Wigram (adaptando premissa de David Dobkin e Joby Harold) minimiza esse pequeno potencial através de uma história e personagens rasos e óbvios demais. O espectador acompanha uma narrativa que jamais tenta fugir da fórmula mais básica de um filme de origem.

Vemos Arthur (Charlie Hunnam) perdendo seu direito ao trono, ainda criança, quando Vortigern (Jude Law) trai o irmão, o rei Uther (Eric Bana), pela boa e velha ganância. O futuro rei consegue escapar, mas não sem ficar traumatizado a ponto de esquecer esse fatídico evento, e aprende a se virar nas ruas londrinas. Vários anos depois, a lendária espada Excalibur ressurge e, assim, o jovem Arthur se vê em meio a uma perseguição, precisa conhecer seu passado e aceitar seu destino antes que o reino seja destruído por Vortigern.

A única “novidade” que Rei Arthur: A Lenda da Espada tenta apresentar ao público é o elemento fantasioso mencionado acima. Não pela fantasia em si, mas pelas criaturas que determinam o rumo da história. Fora isso, há apenas mais do mesmo durante as 2h06 de película.

O Arthur de Charlie Hunnam jamais conquista o espectador, graças a decisões equivocadas quanto à sua personalidade. O trabalho do ator se limita ao seu charme e presença muscular, já que o personagem apresenta personalidade absolutamente rasa e previsível. Arthur é um bom moço e ótimo lutador que reluta em aceitar seu destino, até o momento em que precisa. Além dessa rasa especificidade, Hunnam adiciona uma dose de arrogância em seu Arthur, resultando num trabalho de caricata canastrice.

Os demais personagens seguem a mesma linha de desenvolvimento e nenhum deles consegue desenvolver um mínimo de personalidade original, principalmente o vilão. O principal equívoco do filme é Vortigern e sua ganância inata, pois limita Jude Law a um trabalho decepcionante. O ator fica preso ao antagonista irrelevante, num trabalho que se resume a simplesmente fazer caras e bocas de dor, ódio ou tédio.

Guy Ritchie parece convencido que a sua inventiva direção é o suficiente para dar brilho a uma história formulaica e personagens unidimensionais. Infelizmente, mesmo que o filme apresente momentos do conhecido estilo visual e narrativo do diretor, isso não consegue tirar o tom de mesmice que assola Rei Arthur. É divertido acompanhar a edição de alguns momentos do filme, sim, porém, nada mais são do que repetições de tantas outras obras de Ritchie. A edição acelerada, os diálogos ácidos (até onde proposta familiar permite), os movimentos de câmera, o slow motion, a música eletrônica e todas as demais técnicas características de Ritchie estão lá. Suas assinaturas até dão um mínimo de destaques nos momentos em que acontecem, porém tornam-se irrelevantes diante um roteiro e direção predominantemente formulaicos.

Parte da dinâmica de Ritchie também se perde na utilização do CGI, cuja qualidade não consegue criar os elementos necessários em seus respectivos momentos. Há, por exemplo, uma luta entre Arhtur e um ser monstruoso que possui boa coreografia e dinâmica visual, mas a recriação dos personagens em computação gráfica jamais atinge o mínimo de qualidade para manter o público interessado no momento.

Conclusão

Não há nada de novo em Rei Arthur: A Lenda da Espada. O filme confia que os maneirismos de Guy Ritchie darão elementos o suficiente para que o espectador se engaje na aventura fantasiosa. Mas não é isso que acontece e o resultado final é apenas uma mesmice com um pouco de estilo visual. E ele nem é mais uma novidade.

Rei Arthur: A Lenda da Espada estreia em 18 de maio.

*CRÍTICA PUBLICADA ORIGINALMENTE NO SITE “O SETE”, PARCEIRO DO BLAH CULTURAL

TRAILER:

FOTOS:


FICHA TÉCNICA:
Título original: King Arthur: Legend of the Sword
Direção: Guy Ritchie
Elenco: Charlie Hunnam, Astrid Bergès-Frisbey, Jude Law
3D
Distribuição: Warner
Data de estreia: qui, 18/05/17
País: Estados Unidos
Gênero: aventura
Ano de produção: 2016
Classificação: 14 anos

Thiago de Mello

Jornalista amante de cinema, de rock, de cultura pop e de Bloody Mary. Além de colaborar para o Blah Cultural, é idealizador do osete.com.br.
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