CRÍTICA #2 | ‘Caça-Fantasmas’ vai muito além de uma ótima comédia
Bruno Lopes
|13 de julho de 2016
Erin Gilbert (Kristen Wiig), uma respeitada professora da universidade de Columbia, tem sua reputação ameaçada ao descobrir que um antigo livro que havia escrito junto de uma amiga Abby Yates (Melissa McCarthy) falando sobre a existência de fantasmas está sendo vendido na internet. Para que a obra fosse retirada de circulação, Erin tem que ajudar Abby e sua parceira maluca (Kate Mckinnon) a investigar uma possível aparição de um fantasma. Empolgadas com a apuração, elas decidem montar uma equipe para deter uma ameaça fantasmagórica que pode destruir a cidade de Nova York.
CRÍTICA #1 | EFEITOS ESPECIAIS E KATE MCKINNON NÃO SUSTENTAM ‘CAÇA-FANTASMAS’
Paul Feig teve uma grande missão em seu novo longa: pegar uma comedia clássica dos anos 80, que marcou uma década, e refazer ou rebootar para os dias de hoje com as quatro protagonistas femininas. E ele a cumpre de maneira muito competente! Caça-Fantasmas (2016) não chega a ser marcante como o original, mas é tão engraçado e divertido quanto. Os elogios começam pelo elenco: todas estão muito bem! Elas têm uma química incrível, um timing cômico perfeito, com o seu espaço bem delineado e com um papel significativo na trama. Destaque para as personagens de Leslie Jones e Kate Mckinnon, que são as personalidades mais excêntricas do grupo. Mckinnon é quase um Inspetor Bugiganga, com suas invenções malucas. Até os personagens secundários têm o seu espaço, com direito a aparições de atores que atuaram na produção original, como Bill Murray, por exemplo.
Caça-Fantasmas tem uma trama simples, segue a mesma linha dos antecessores, trabalha muito bem o sentimento de nostalgia, é cheio de fan-services, tem alguns clichês e conveniências, o vilão é genérico demais. Mas nada disso incomoda. O filme é puro escapismo. É um dos poucos exemplos de remakes que deram certo.
A grande polêmica do longa foi levantada antes mesmo do seu lançamento: a escolha do elenco. O fato de ser um elenco só de mulheres – com uma delas sendo negra – resultou no trailer mais negativado da história do YouTube. Isso só mostra como é importante a discussão de temas como racismo, machismo e o que é a representatividade no cinema. Um bom exemplo disso é o personagem de Chris Hemsworth, que é um secretário nada esperto, atrapalhado, que só conseguiu o trabalho por ser atraente. Este personagem ironicamente ilustra mais ou menos como Hollywood cansou de representar mulheres em suas produções, sem relevância, nenhuma importância real na trama, só um interesse amoroso de um dos protagonistas. Isso é só um exemplo. Representações como esta acontecem com mulheres, negros, homossexuais, latinos e etc. A representatividade funciona quando há personagens relevantes de ambos os sexos, independente de suas etnias, opção sexual e afins, sem estereótipos.
Caça-Fantasmas (2016) cumpre muito bem o seu papel como filme de comédia. É divertidíssimo, se mantém no nível do de 1984 – agradando aos fãs antigos e novos – e faz um bom trabalho sobre a representatividade.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
Título original: Ghostbusters
Direção: Paul Feig
Roteiro: Katie Dippold
Elenco: Kristen Wiig, Melissa McCarthy, Kate Mckinnon, Leslie Jones, Chris Hemsworth, Cecily Strong, Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Andy García
Distribuição: Sony
Data de estreia: qui, 14/07/16
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produção: 2016
Duração: 116 minutos
Classificação: 10 anos
Bruno Lopes
