A Lenda de Golem (1)

CRÍTICA | ‘A Lenda de Golem’

Alvaro Tallarico

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12 de junho de 2019

Golem. Criatura feita de barro, possuidora de força descomunal, que, através da magia, ganha vida e obedece as ordens de seu criador. Segundo o folclore, o ritual de criação viria sendo executado desde o século 16, seguindo as regras do livro Sefer Yetzirah (“Livro da Criação”). Os cineastas Doron e Yoav escolhem abraçar essa herança folclórica rica de seu país nativo em A Lenda de Golem (The Golem), um longa escrito por Ariel Cohen.

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A história

Lituânia, 1673. Em uma época de civilização agrícola, Hanna (Hani Furstenberg, lindamente mística) e Benjamin (Ishai Gilman, correto) rezam por um herdeiro do sexo masculino, após já terem perdido um filho. Ela sofre com a pressão daquela pequena sociedade onde precisa engravidar novamente para ser útil. Em um território vizinho, Gentios lutam contra uma peste e acabam levando uma menina doente – exigindo que seja curada – para aldeia de Hanna.

Na iminência de violência, Hanna, uma mulher decidida que não se submete, quer utilizar a cabala sagrada para proteger sua vila. Recita passagens de um antigo livro ao redor de uma pilha de solo virgem desenhando um corpo e chamas que delineiam a Estrela de David e invoca um Golem (Konstantin Anikienko, assustador). Então, surge uma criança enlameada no dia seguinte, provando dedicação à segurança de Hanna como um filho faria. Porém, esse ser é um herói ou ela acaba de condenar sua comunidade ao invés de salvá-la?

A Lenda de Golem (3)

O rabino da vila tinha escolhido rezar pela cura da menina atacada pela peste, mas Hanna queria agir e usar a magia antiga. A saber, A Lenda de Golem funciona bem – até melhor – como um drama sobre como chegar aceitar trágicas perdas e construções sociais do que terror propriamente dito. Mas também não decepciona neste quesito. O filme me trouxe outras duas películas para minha memória: “A Vila” (2004) de M. Night Shyamalan, e “Cemitério Maldito”, de 1989.

Sobre o filme

Enfim, A Lenda de Golem possui uma atmosfera sombria, um suspense contínuo e criar expectativas com sucesso.  Há belas imagens também da natureza. No geral, é bem dirigido. Golem é sobre brincar de Deus. Hanna consegue “um novo filho”, um outro Joseph, contudo, deve enfrentar as consequências. Perla (Brynie Furstenberg, firme), a curandeira da cidade, por outro lado, ainda tenta avisar Hanna dos perigos. Ela, inclusive, busca enfrentar a criatura.

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Os “Paz” se utilizam de entradas furtivas durante a noite e sombras evasivas, realizando uma película com ar mundano e tenso. Doron e Yoav Paz certamente mostram o que torna o gênero de terror tão versátil. Exploram as questões de direitos das mulheres, ao mesmo tempo em que ressuscitam um passado repleto de contaminações de aves assombradas e terror baseado na fé. Um conto trágico vinculado a experiências únicas de Israel.

Em suma, o desenvolvimento d’A Lenda de Golem, distribuído pela PlayArte, é bem interessante: a construção narrativa de ir apresentando o Golem aos poucos, as atitudes imprevisíveis da criatura, as regras sociais da comunidade. O final talvez não seja tão legal, porém não chega a ser ruim. Em resumo, a produção é eficiente e instigante.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Golem
Direção: Doron Paz, Yoav Paz
Elenco: Hani Furstenberg, Ishai Golan, Brynie Furstenberg
Distribuição: PlayArte
Data de estreia: qui, 13/06/19
País: Israel
Gênero: terror
Ano de produção: 2019
Duração: 95 minutos
Classificação: 16 anos

Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
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