CRÍTICA | ‘A Lenda de Tarzan’ faz jus ao mito

É curioso que no mesmo ano em que foi lançada a adaptação live-action de “Mogli – O Menino Lobo”, surja agora uma nova versão da história clássica A Lenda de Tarzan. São obras com a mesma temática e ambientadas em ambiente selvagem. Apesar disso, este novo filme do diretor David Yates, que comandou os quatro últimos Harry Potter, adota uma premissa diferente, colocando o protagonista em um momento de retorno à selva após ser inserido na civilização. Essa decisão dos roteiristas mostra-se bastante acertada, não só por apresentar uma narrativa diferente das adaptações anteriores, como também por proporcionar ao personagem uma jornada de regresso ao posto de herói, algo poucas vezes visto no cinema e que é o inverso da clássica jornada do herói.

David Yates também acerta na abordagem realista que apenas flerta com surrealismo em momentos de pausa dramática. Além disso, o diretor não cai na tendência contemporânea de diluir os conflitos da trama com humor e ironia, o que tiraria o peso do conflito de Tarzan e das consequências provocadas pelos atos do vilão interpretado por Christoph Waltz.

Aliás, o elenco é um show à parte. Apenas o protagonista é vivido por um ator que ainda não é astro. Mas Alexander Skarsgärd dá um tapa na cara daqueles que não colocavam confiança em seus ombros para ser o rosto de um dos heróis mais famosos da literatura e do cinema. O ator demonstra uma segurança impressionante ao encarar toda a angústia e dúvida de Tarzan com muita entrega. Jane, a co-protagonista, é interpretada pela ótima Margot Robbie, que em breve será vista no papel de maior destaque de sua carreira até agora como a Arlequina em “Esquadrão Suicida”. A estrela entrega aqui uma verdade impressionante, com muita energia também nas cenas de ação. Já os coadjuvantes são monstros do quilate de Christoph Waltz e Samuel L. Jackson, excelentes como sempre.

Os aspectos técnicos são igualmente formidáveis, desde a bela fotografia com uma paleta sóbria que adota principalmente um tom azulado e cru, passando pela trilha do mestre Hans Zimmer, até chegar aos efeitos visuais do mesmo nível visto nos novos filmes da franquia “Planeta dos Macacos”.

A Lenda de Tarzan, portanto, mostra que é possível fazer um reboot com frescor e alma. Mais que isso, esta nova adaptação resgata personagens clássicos e os reapresentam a uma nova geração de maneira fantástica. Tomara que dê certo (leia-se boa bilheteria), pois a obra definitivamente faz jus ao mito.

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