CRÍTICA | ‘Alguém Como Eu’ é um pacote diferente e bonito, mas apenas mais uma “reprise”

Wilson Spiler

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23 de maio de 2018

A cada semana que passa, uma nova comédia brasileira estreia em circuito nacional. Não que isso seja ruim, afinal, rir da própria desgraça está na veia tupiniquim. O problema é que, muitas vezes, exageramos nisso. A sorte é que nem sempre trata-se de uma produção do gênero pastelão. Porém, quando não é o caso, caímos na melosidade do romance clichê. É exatamente o que vemos Alguém Como Eu. O longa co-produzido entre Brasil e Portugal, dirigido pelo português Leonel Vieira e estrelado pela bela Paolla Oliveira e pelo galã luso Ricardo Pereira é até acima da média dessas obras citadas, o que não chega a ser um mérito.

Noite especial na pré-estreia de ‘Alguém Como Eu’

No filme, Paolla é Helena, uma publicitária solitária, que não consegue engatar um namoro e vive marcando de se encontrar com um homem misterioso. No entanto, em cima da hora, esse “pretendente” diz que houve um imprevisto e deixa a moça tristonha. E como ela chora, coitada! A jovem, com isso, fica desacreditada com o amor. Ao receber uma proposta de trabalho para Portugal, primeiramente, ela hesita, mas após tantos desencontros com esse rapaz, resolve recomeçar a vida na Europa.

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No Velho Continente, pouco após a chegada, nessas coincidências que só o cinema pode explicar, Helena conhece Alex (Ricardo), um corretor de seguros, que se encanta pelos “encantos” da moça (e vice-versa, diga-se de passagem) logo que se veem. No entanto, Alex percebeu que cometeu um erro ao levar o documento da seguradora para a ela. Ao ser convidada por uma amiga (Júlia Rabello) que aparece do nada para uma reunião de casais (detalhe que ela é solteira, reparem), a jovem tem a “brilhante” ideia de convidar Alex, a quem só tinha visto uma vez e tinha apenas o cartão de visitas profissional, para esse encontro. E o melhor (ou pior): ele aceita! É ou não é um roteiro fidedigno? #ironia

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A partir daí, o romance vira um conto de fadas. Os três primeiros meses parecem até os longas da Sandra Bullock nos “áureos tempos”. Do quarto mês em diante, o copo meio cheio passa a virar meio vazio. Tudo cai no marasmo e aqueles pequenos defeitos começam a virar grandes problemas. Qualquer coisa vira motivo para discussão. É quando, numa festa em que Alex encontra uma ex-namorada, em um momento de ciúmes, Alguém Como Eu vira uma espécie de versão de “Se Eu Fosse Você”, mas, claro, sem o talento e o carisma da dupla Glória Pires e Tony Ramos. Mas longe, MUITO LONGE disso. Helena pede a Deus para que Alex pense exatamente como ela, seja como ela, entenda o que ela quer. Então, quando a moça acorda no dia seguinte, ao ir comprar roupas para sair com os sogros, ela começa a enxergar o marido como uma mulher de verdade, em carne e osso.

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Depois disso, Alguém Como Eu tem até algumas cenas divertidas, garantidas principalmente pela personagem de Júlia Rabello – curiosamente também chamada de Júlia – que, infelizmente, é muito mal explorada e apresentada no filme. Não sabe-se de onde vem e muito menos para onde vai. Paolla Oliveira faz bem seu papel, mostrando que tem muito mais talento para ser explorado ainda. Ricardo Pereira também não é um ator ruim, reservando-se bem ao que lhe é exigido. O elenco, em geral, faz dentro do esperado pelo que a obra pede. Arlindo Lopes, intérprete de Fred, o amigo de Helena, que faz um personagem um forçado, com piadas clichês de gays, com fetiches para negros fortes, entre outros esteriótipos desnecessários para o ano de 2018.

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Além disso, se não aproveita as poucas paisagens brasileiras apresentadas, a fotografia de Portugal vale aplausos. Talvez isso seja culpa do diretor Leonel Vieira, que é luso. As tomadas da terra de nossos colonos são tão belos que, muitas vezes, chamam mais atenção do que o próprio filme em si. Só que apenas isso não salva uma película, infelizmente.

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Embora tivesse um aspecto de novidade e gerasse uma certa curiosidade, Alguém Como Eu é recheado de diálogos pobres e cenas que já vimos em outros longas. O final, então, é quase de chorar. Mas de ódio, de tanta forçação de barra. É apenas mais uma reprise embrulhada em um bonito pacote para o espectador pensar que se trata de algo inédito. Mas não se engane, você já viu esse filme.

::: TRAILER

::: FOTOS

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Alguém Como Eu
Direção: Leonel Vieira
Elenco: Paolla Oliveira, Ricardo Pereira, Júlia Rabello, Sara Prata, Arlindo Lopes
Distribuição: Downtown/Paris
Data de estreia: qui, 24/05/18
País: Brasil, Portugal
Gênero: comédia romântica
Ano de produção: 2017
Classificação: 14 anos
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Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
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