CRÍTICA | ‘Aliados’ aposta no romance e na reflexão em meio à guerra

Stephanie Porfirio

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9 de janeiro de 2017

A película Aliados (Allied) traz, já a partir de seu nome, uma carga histórica coerente com seu enredo, em que o escritor Steven Knight (Redenção – 2013, Locke – 2013) escolheu o título dado às forças que se uniram para combater as Potências do Eixo na Segunda Guerra Mundial – Os países aliados. O filme dirigido por Robert Zemeckis (De Volta para o Futuro – 1985, Forrest Gump – 1994) não deixa o espectador perdido em nenhum momento. Ele apresenta adequadamente os personagens, o momento histórico e ambiente. Acompanhado de uma fotografia recheada de belas paisagens, luz adequada e cores harmônicas, o diretor te conduz ao longo do filme, como em uma dança, na qual os dançarinos são a francesa Marianne Beausejour (Marion Cotillard), integrante da resistência francesa, e o comandante canadense Max Vaton (Brad Pitt), que estão em uma missão para eliminar um embaixador nazista em Casablanca, no Marrocos. Dessa maneira, quem guia essa dança é a personagem de Marion Cotillard. A atriz mostra que veio para brilhar, com olhar marcante, sorrisos provocantes e um constante ar de sedução mesclada com ironia. Ela é a alma do filme, deixando assim – o já veterano de guerra – Brad Pitt, com uma boa encenação, porém apenas translúcida, pois a cor e intensidade estão carregadas sobre o nome de Cotillard.

Ainda sobre o efeito de “dança guiada” que o diretor propõe, ele mostra como levará o filme desde a primeira cena: Max Vaton aterrissa na imensa e encantadora paisagem do deserto Marroquino. O jogo de câmera escolhido, não à toa, é o de mostrar pouco a pouco, a partir do pé, a figura de Max. E assim faz ao longo da história, nos submetendo à velocidade exata que ele quer impor, o qual vai crescendo em romance, tensão e ação, acompanhado da sonografia de Alan Silvestri que emociona cada vez mais, deixando as cenas ainda mais intensas. Além de um figurino impecável, adequado à época e bonito de se ver.

Um exemplo bastante importante desse crescimento do roteiro está nas cenas que se seguem ao pouso no deserto, em que o diretor, econômico e preciso, mostra que Marianne Beausejour e Max Vaton se disfarçam de marido e mulher, sendo Max um engenheiro parisiense e Marianne aguarda seu retorno.

Dessa forma, o longa vai nascendo frame a frame, onde a atuação de cada um vai se desenvolvendo. Recheado de diálogos marcantes entre os personagens, Aliados ainda arrancará bons e valorosos sorrisos do espectador, como no importante diálogo que Marianne tenta ajudar Max a melhorar o seu nada natural sotaque parisiense e a tirada de que ele parece mais de Québec do que de Paris rende-lhe o título de “le québécois”, que está presente do início ao fim, mostrando o quanto a ligação deles foi crescendo ao longo do filme.

Fazer o cinéfilo refletir é a aposta do diretor, pois, até mesmo com uma singela brincadeira, o diretor propõe uma renovação de como encaramos o “casamento”, como em um diálogo, em que Marianne diz a Vaton “Nós temos que conversar e rir, você chegou hoje” e a resposta de Max, que te arranca sorrisos, é “Somos casados, por que rir? ”. E a proposta do filme é justamente essa: a reflexão sobre aquilo que não parece óbvio.

Após toda essa apresentação, é criado o enredo principal, Marianne e Max se apaixonam durante a missão. Uma cena linda no deserto Marroquino, com um grande jogo de câmera – intrínseco ao diretor, tido como especialista em efeitos especiais –, Max e Marianne são imersos em um ambiente de romance em uma cena marcante meio a uma tempestade. E, após sobreviverem à missão, Max convida Marianne para ir a Londres com ele, agora como esposa em sua vida real. Assim, com todo o romance e a química crescente do casal, Max e Marianne se casam e têm uma linda filha.

No entanto, Max é retirado de sua zona de conforto ao ser abordado por oficiais superiores e questionado sobre Marianne ser uma possível espiã alemã. É aí que, para aqueles que já estavam perdendo a esperança na ação do filme, que um novo clima surge. O longa passa de um estado de romance e solidez, por parte de Max, à tensão latente, desconfiança e um terrível medo da dúvida: será que sua aliada de batalha e companheira de vida teria a capacidade de lhe trair dessa forma? E, o que aumenta ainda mais a tensão: Max tem de aguardar exatas 72 horas para descobrir se Marianne é de fato uma espiã ou se tudo não passou de um mal-entendido. E, com isso, a película vai atingindo o seu clímax.

Dessa forma, Aliados vai tomando a forma daquilo que foi proposto. Com uma história de traição em um casamento de dois espiões, lembrando o filme de Brad Pitt e Angelina JolieSr. e Sra. Smith, a obra tem em comum apenas esse tópico, pois o enredo, desenvolvimento e contexto histórico se desvendam de maneiras completamente diferentes. Um filme que parece ter uma sinopse simples e batida, torna-se melhor do início ao fim.

TRAILER:
https://youtu.be/h8RXe7_8G3U
FICHA TÉCNICA:
Título original: Allied
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: Steven Knight
Elenco: Brad Pitt, Marion Cotillard, Lizzy Caplan
Distribuição: Paramount Pictures
Data de estreia: qui, 16/02/17
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2016
Classificação: a definir

Stephanie Porfirio

Carioca, capricorniana e estudante de Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, funcionária na área de exibição da empresa Globosat Programadora. Hobby: assistir a filmes e séries, ler bons livros e ouvir mpb e rock.
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