CRÍTICA | ‘Boy Erased: Uma Verdade Anulada’

Giselle Costa Rosa

|

8 de abril de 2019

Baseado no livro de memórias homônimo do ativista americano Garrard Conley, Boy Erased: Uma Verdade Anulada (Boy Erased), o filme que causou polêmica ao abordar o processo de “cura gay”, tem a direção de Joel Edgerton. Atores como Lucas Hedges (Manchester à Beira-Mar, Lady Bird: A Hora de Voar), Nicole Kidman (Aquaman, O Peso do Passado) e Russell Crowe (A Múmia) integram o elenco.

Leia mais:

– FESTIVAL DE CINEMA BRASILEIRO DE PARIS COMEÇA NESTA TERÇA: VEJA A PROGRAMAÇÃO
– CRÍTICA | ‘O GÊNIO E O LOUCO’

A história nos traz a controversa realidade do que alguns chamam de “cura gay”, outros de “terapia de conversão”, ou ainda “reorientação sexual”. Seja lá qual for o nome, o que se vê no longa é dolorosa jornada do jovem Jared (Lucas Hedges) através da “cura” prometida. Filho de Marshall Eamons (Russel Crowe) – o pastor da Igreja Batista de uma pequena cidade do Arkansas -, e da religiosa Nancy Eamons (Nicole Kidman), aos 19 anos, Jared tem sua sexualidade questionada pelos pais que o submetem ao programa do terapeuta Jared (Joel Edgerton).

Mandado para um centro religioso, em meio a outros jovens com o mesmo “problema”, ele passa a questionar sua terapia cujo um dos ensinamentos é: “finja até conseguir” (fake-it till you make-it, em inglês). Ou seja, os jovens são estimulados a fingirem exaustivamente para si e para os demais que são héteros até que o comportamento seja repetido de maneira inconsciente e se torne “natural”.

Foto: Universal Pictures / Divulgação

O melhor do longa fica por conta das atuações e não do roteiro – meio fraco. Nicole Kidman faz a mãe que, apesar de toda a sua religiosidade intrínseca, consegue enxergar através dela e dar amor ao seu filho. Já o personagem de Crowe é pautado exclusivamente pelos dogmas protestantes. As cenas em conjunto de Nicole e Lucas (indicado a Melhor Ator no Globo de Ouro 2019) são as melhores. Demonstram o quanto as relações familiares e humanas podem ser delicadas. Mas não espere chorar ao assistir o filme; a construção de sua narrativa não foi feita para isso.

A história de Garrard Conley tem extrema relevância social ao expor de modo eficaz o preconceito sexual, o medo e a intolerância religiosa – que tem tomado o mundo. E mais, demonstra que só o processo de aceitação própria, dos familiares, amigos e comunidade é benéfico para os homossexuais. E não, não existe “cura gay”¹.

(1) Segundo a Resolução CFP 001/99 do Conselho Federal de Psicologia, homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Boy Erased
Direção: Joel Edgerton
Elenco: Lucas Hedges, Nicole Kidman, Russell Crowe, Joel Edgerton, Madelyn Cline, Victor McCay, Joe Alwyn, Xavier Dolan, Troye Sivan
Distribuição: Imagem
Data de estreia: qui, 18/04/19
País: Austrália, Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Duração: 115 minutos
Classificação: 14 anos

Giselle Costa Rosa

Integrante da comunidade queer e adepta da prática da tolerância e respeito a todos. Adoro ler livros e textos sobre psicologia. Aventuro-me, vez em quando, a codar. Mas meu trampo é ser analista de mídias. Filmes e séries fazem parte do meu cotidiano que fica mais bacana quando toco violão.
O que sabemos sobre Wicked Boa noite Punpun Ao Seu Lado Minha Culpa Lift: Roubo nas Alturas Patos Onde Assistir o filme Lamborghini Morgan Freeman