CRÍTICA | ‘Café Society’, tragicomédia romanticamente bem intencionada com uma encantadora Kristen Stewart

Luigi Martini

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15 de agosto de 2016

Em Café Society,  Woody Allen produz uma tragicomédia romanticamente bem intencionada

Rodeado de belos cenários, conflitos amorosos um tanto usuais e elegância derivada de Hollywood e Nova Iorque da década de 30, Woody Allen  – que em 2016 completa 80 proveitosos anos – produz aqui uma tragicomédia romanticamente bem intencionada.

Em Café Society (2016), Bobby (Jesse Eisenberg) é um jovem nova-iorquino aspirante a escritor – alter ego do cineasta – que viaja a Hollywood em busca de uma vida melhor e longe da joalheria de seu pai, onde não via mais continuidade de trabalho. Seu tio Phil (Steve Carell), poderoso agente de estrelas, o contrata como garoto de recados. Na cidade nova, ele se apaixona por Vonnie (Kristen Stewart), ambiciosa ajudante e secreto caso amoroso do tio.

Woody Allen não aparece no filme, mas é o narrador da história que se passa nos dois lados dos Estados Unidos. “A partir do momento em que escrevi a história era como se estivesse lendo meu próprio romance”, afirmou Allen em uma entrevista divulgada à imprensa em Cannes. Ele explicou que imaginou o filme “como um romance” e um “relato coral que não se prende a apenas um personagem”.

O diretor parece ter encontrado claramente em Einsenberg sua nova persona, haja vista a ingenuidade amorosa, desajeitamento e apelo poético encontrado no ator; contudo, o apelo cômico notável de Allen – claramente visto em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall, 1977) e Dirigindo no Escuro (Hollywood Ending, 2002) (genuínos prêmios de ouro e prata para piores títulos brasileiros do diretor de todos os tempos)- não se encontra na sobriedade e proeminência de Einsenberg. Kristen Stewart está encantadora; o fato de representar pela primeira vez um filme de época onde cores neutras como branco, rosa e verde claro ilustram as cenas favorece a revelação de um despretensioso e até então não tão conhecido lado da atriz. Não obstante, a expressividade aqui ainda se recua de uma certa forma; sua sutil porém evidente timidez é favorável em termos estéticos e românticos, mas não tão convincentes em situações de maior tensão emocional onde isso é exigido.

Cafe-Society

Tal como Meia Noite em Paris (Midnight in Paris, 2011), a película aproveita bem os cenários das duas cidades além da decoração e figurino dos personagens; a trilha sonora é coerente; e planos um tanto convencionais (planos e contra planos), mas que não diminuem o valor estético.

O romance de Bobby por Vonnie é leve e ao mesmo tempo angustiante; a sucessão dos fatos pode fazer o espectador não se satisfazer plenamente, mas isso não vem tanto ao caso.  Há uma terceiro foco nesse ínterim: os acontecimentos do irmão gangster de Bobby e seu sub-grupo. É um enfoque totalmente desnecessário e gratuito à história – pode ter sido uma tentativa não tão bem sucedida de comicidade, tendo em vista a ausência de humor que existe aqui.

Cafe Society é um filme romântico por via especialmente de Jessie Einsenberg; muito agradável aos olhos; traz um certo objeto de reflexão no desfecho que possivelmente conforta a quem assiste; possui certas falhas de condução de enredo; e parece não ser original em termos de profundidade romântica e filosófica relação a sua obras anteriores – mas é Woddy Allen com 80 anos e 48 longas no currículo, ele pode vai.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título Original: Café Society
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Steve Carell, Blake Lively
Fotografia: Vittorio Storaro
Distribuição: Imagem Filmes
Gênero: Comédia / Romance
Duração: 98 min
Ano: 2016
País: Estados Unidos
Classificação: 12 anos

Luigi Martini

Estudante de publicidade e futuro professor em estudos da comunicação, tecladista de uma banda alternativa em desenvolvimento e alguém que procura pensar sobre a vida e seus pertences através de filmes.
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