CRÍTICA | ‘Dark’ (2ª Temporada) – Netflix

Gilda Nobrega

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2 de julho de 2019

A segunda temporada de Dark se inicia com uma citação intrigante, deixando os apaixonados por ficção científica mais convictos que a série merece o seu lugar de destaque:

“Quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você” – Friedrich Nietzsche.

Esta é uma das séries mais densas e enigmáticas do catálogo da Netflix (lançada em 21 de junho de 2019). Sobretudo, uma das analogias mais plausíveis entre a série e a célebre frase pode se dar pelo fato de que, quanto mais você focar em um determinado problema que ainda não tem solução, cada vez mais você fica imerso no próprio problema. Com isso, ele passa a fazer parte de você e você dele.

Linhas temporais e o Apocalipse

Histórias entre as famílias (Nielsens, Kahnwalds, Tiedemanns e  Dopplers) estão ainda mais entrelaçadas e as viagens no tempo mostram mais complexidade nas relações entre passado, presente e futuro na pequena cidade de Winden. Os segredos começam a ser desvendados, bem como os casos mais antigos acabam sendo reabertos, estabelecendo correlação entre estes e os casos do presente.

Na segunda temporada, as linhas temporais são ainda mais exploradas e o ciclo de 33 anos se expande, surgindo novas épocas. Tanto para passado quanto para o futuro. A contagem regressiva para o temido apocalipse envolve todos os episódios e a usina é uma das causas dos acontecimentos que certamente tornarão a trama ainda mais impactante.

Assim como na primeira temporada, Jonas reaparece em diversas versões dele mesmo. Em uma delas, tenta impedir o apocalipse onde a “Partícula de Deus” e sua estabilização possuem papel fundamental para a continuidade ou não dos eventos catastróficos que se anunciam.

Apocalipse Dark Segunda Temporada

Apocalipse Dark Segunda Temporada. Foto: Divulgação Netflix

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Paradoxo de Bootstrap

Informações ou objetos podem existir sem mesmo terem sidos (ainda) criados. De acordo com o Paradoxo Bootstrap (ou Ontológico), através da viagem no tempo um objeto (ou informação) pode ser enviado a uma época anterior à sua própria criação e, sendo ele, recebido por seu criador no presente, torna-se o próprio objeto ou informação determinante para sua criação no futuro. Ou seja, é possível criar no futuro algo que será usado no passado. Todavia, para se entender o que ocorreu no passado ou como algo que existiu (ou funcionou) se faz necessário visitar o futuro…

Eventualmente, a partir desta narrativa, o enredo se torna ainda mais complexo, pois as consequências ou sequelas deste paradoxo farão a diferença entre o bem o mal, o certo e o errado (a luz e a escuridão), independentemente de que lado se esteja. As escolhas serão ainda mais significativas.

Máquina do Tempo Dark

Máquina do Tempo. (Foto: Divulgação / Netflix)

A luz e a escuridão

A assertiva ainda se baseia no “quando” e não no “onde”. A luz e a escuridão se confundem em quase todos os episódios da mesma forma. Ou seja, é normal você dar aquela “paradinha” para refletir quem é “o vilão e/ou mocinho”. Fique atento a mudanças no rumos dos personagens principais e secundários. Além disso, os coadjuvantes nunca foram tão cruciais nesta temporada. Bem como a cada episódio, a série reafirma seu clima de suspense, investigações e teorias da conspiração. Símbolos e elementos como o buraco de minhoca vão começar a ter algum sentido, mas perguntas irão começar a surgir: “Onde é o começo?”, “Qual é o início da vida?”, “Se todas as ações podem ser mudadas, por que nada muda?” “Toda ação se baseia em algo anterior?”.

De certo, em Dark, você nunca tem certeza de nada. A finalidade (temática) desta temporada é criar o terceiro e último loop temporal, assim como assegurar que Jonas esteja no lugar certo para “consertar” as coisas. Mas é possível mudar o passado sem afetar o futuro? Assim como disse o filósofo Socrátes… (depois de Dark!)… “Só sei que nada sei”.

Cláudia na usina série dark

Cláudia na usina. (Foto: Divulgação / Netflix)

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Dark
Temporada: 2
Episódios: 8
Criador (es):  Baran bo Odar, Jantje Friese
Produtor(es): Baran bo Odar, Jantje Friese, Quirin Berg, Max Wiedemann, Justyna Müsch
Distribuição: Netflix
Produção: Wiedemann & Berg Television
Elenco: Louis Hofmann, Oliver Masucci, Jördis Triebel, Maja Schöne, Sebastian Rudolph, Anatole Taubman, Mark Waschke, Karoline Eichhorn, Stephan Kampwirth, Anne Ratte-Polle, Andreas Pietschmann, Lisa Vicari, Angela Winkler, Michael Mendl
Data de estreia: sex, 21/06/18
País: Alemanha
Gênero: ficção científica
Ano de produção: 2019
Classificação: 16 anos

Gilda Nobrega

Carioca, apaixonada por música, shows e cinema.
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