Crítica de Álbum: Bernardo Falcone – Beatification

Anderson Vidal

O ator e cantor Bernardo Falcone essa semana lançou no Itunes o seu primeiro projeto solo, intitulado: Beatification.

Para quem não sabe, Bernardo Falcone viveu Téo no remake da novela mexicana Rebelde na Record, e após esta experiência no qual o ator também cantava , surgiu à possibilidade de se dedicar a esta carreira, lançando alguns singles avulsos e fazendo covers.

O resultado de Beatification é até bom para um álbum de estreia, peca apenas em um aspecto: possuir músicas genéricas. Não sei o que acontece com os cantores brasileiros que resolvem gravar em inglês (Wanessa, Lorena Simpson…) e fazer um pop que cantores americanos já faziam nos anos 2000. Não que isso seja ruim, tanto que funcionou aqui e o álbum é ótimo. Mas ao invés de renovarem, apenas reciclam algo que já foi feito a mais de dez anos atrás.

Mas independente disto, como já mencionei, Beatification é um ótimo trabalho de estreia. Possui uma qualidade impressionante e tem uma grande ambição para quem quer dominar as pistas de dança, possuindo um excelente trabalho rítmico, os sintetizadores e tudo mais utilizado para formar a batida eletrônica. Todas as suas canções são trabalhadas para este feito, e incluindo um remix bem elaborado, entram em qualquer set de qualquer DJ facilmente.

Vamos dar uma analisada nas faixas:

1 – Intro – Aqui já nos deixa claro para que o álbum foi feito. Dançar. Dançar no escuro como uma criança. “Siga a batida e vamos.” É uma intro apenas para nos apresentar o trabalho e nos preparar para Beatification.

2 – Break Free – Bernardo inicia bem com uma canção com um refrão fácil e grudento. É uma daquelas músicas chiclete que lhe faz pular de verdade enquanto a ouve.

3 – Lose Control (feat. Karol K) – Perdendo o controle com uma ex participante do The Voice BrasilLose Control parece ser uma música que já ouvimos anteriormente em algum outro momento, mas é boa, apenas isso, não se destaca muito. Porém a parceira funciona.

4 – Me, Myself and the DJ – Possuindo uma sonoridade um pouco parecida com as suas antecessoras, a faixa serve para completar a álbum e ser apreciada sem muitos destaques, sem contar com um refrão muito forte, porém compensa no eletrônico.

5 – F****d It Up – Uma das mais fracas, F****d It Up serve apenas para preencher um espaço no álbum e, possivelmente, será pulada para a próxima faixa.

6 – The Best – Uma das faixas mais gostosas de se ouvir, porém ainda não é o melhor de Falcone. Apenas divertida, com uma sonoridade agradável e um bom refrão.

7 – Once Upon a Time – Gosto muito desta música desde quando ela foi liberada (em meados do ano passado, se não me engano). E ela continua boa se encaixando dentro de Beatification. O refrão de Once Upon a Time é um dos melhores do todo o álbum e, de longe, uma das melhores canções.

8 – Secret Place (feat. Jullie) – Outra canção já conhecida pelo público, e com mais uma ex participante do The Voice Brasil, Secret Place é aquela música que eu mencionei em que os cantores brasileiros deveriam renovar ao invés de reciclar. É uma das poucas faixas que possuem uma sonoridade diferente em Beatification, uma personalidade. Não soa de forma tão genérica e eletrônica como as anteriores, parece que houve um trabalho maior na construção de sua rítmica. É muito boa!

9 – Magic Spell – Fiquei confuso com essa canção. Ela me lembrou muito If You Seek Amy, da Britney Spears, mas parece que não é nenhum sample. Quando ele começa o “Baby, baby”, meu cérebro já canta “Have you seen Amy tonight?”. Tem momentos em que o ritmo é quase o mesmo, talvez por isso me deixou confuso. Não se destacou pra mim, mas também não a odiei, apenas a deixo tocar.

10 – The Pain – Junto com Secret PlaceThe Pain possui a personalidade que eu gostaria de ter visto mais em BeatificationThe Pain pra mim é a melhor canção do álbum. O refrão da canção é ótimo e a forma com que o instrumental vai evoluindo é maravilhosa. A melhor!

11 – On Fire Tonight (feat. Lyric 145) – O próximo single do álbum, já anunciado pelo próprio Falcone. On Fire Tonight conta com a participação do trio Lyric 145, revelado pelo X-Factor. Bastante comercial e ótima. A inclusão do trio na música, funciona de uma forma muito boa.

12 – Kids in the Dark (Beatified) – Canção também já conhecida pelo público devido ao DJ Filipe Guerra, porém com uma nova roupagem, Kids in the Dark finaliza este trabalho de uma forma muito boa. É como se nos convidasse a ouvir o disco novamente: “We’ll find all the answers in time, When you feel like you’ve had enough. Just follow the beats and go on”. E o trabalho aplicado no eletrônico da música é incrível, parece que o mundo está acabando e a única coisa que podemos fazer é dançar no escuro como crianças – remetendo de imediato a Intro para voltarmos a escutarmos tudo novamente. Ótimo trabalho.

Beatification possui mais acertos do que erros, e isso é ótimo para o álbum de estreia de um cantor brasileiro que está investindo em composições em inglês. Talvez a escolha de se jogar totalmente em músicas eletrônicas e não diretamente no pop seja do próprio cantor, mas ainda me soa de forma ultrapassada e a sensação de já-ouvi-isso-antes, aquele estilo House dos anos 80 ou o Dubstep dos anos 2000. Apesar disso, o albúm nos proporciona boas canções com o recurso de sintetizadores bem aplicados.

No quesito voz, Falcone também não decepciona. É claro que recursos como Auto Tune é utilizado e isso está explícito em algumas canções, mas de acordo com alguns vídeos (aqui), o cantor realmente possui uma boa voz de se conferir ao vivo.

COLOCO NO REPEAT: Break Free, Once Upon a Time, Secret Place, The Pain, On Fire Tonight e Kids in the Dark.

RETIRO DO PLAYLIST: Me, Myself and the DJ e F****d It Up.

888174680699.1200x1200-75O álbum foi anunciado pelo cantor em seu Instagram para o dia 2 de Abril, porém só foi disponibilizado no Itunes no dia 29, e vale ressaltar também que apesar de ser um brasileiro cantando em inglês, o sotaque e a pronuncia das palavras estão ótimas, e não algo forçado que cause vergonha alheia, o que é um ponto positivo para Bernardo. Torcendo para que esse trabalho seja valorizado.

Anderson Vidal

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