Crítica de Álbum: Beyoncé – BEYONCÉ
Anderson Vidal
Na última sexta-feira (13), Beyoncé surpreendeu aos fãs e a crítica disponibilizando o seu quinto Álbum de estúdio no iTunes, quando ninguém mais esperava que a cantora fosse lançar algo ainda este ano.
“BEYONCÉ”, como é chamado, está sendo vendido como um “álbum visual”, que contém 14 faixas e 17 vídeos. Sem nenhum aviso prévio, o site do iTunes e da cantora chegou a ficar fora do ar por alguns minutos, por causa do enorme acesso.
Não sou fã da Beyoncé, mas admiro muito o trabalho dela, possuo seus CDs e seus DVDs, e sou apaixonado pela era Sasha Fierce, e com isso esse novo trabalho não me surpreendeu. Me surpreendeu apenas pelo fato dela lançar do nada, mas fora isso, pra mim é o mais do mesmo.
Ouvindo suas músicas, acho muito bom que ela permaneça com suas raízes R&B – apenar de alguns momentos ela vacilar. Num momento em que tanto eletrônico enche cansadamente os nossos ouvidos, ela continua a Beyoncé de sempre. Como quem fala: É isso que eu faço e farei, compre, ou saia pra lá. Eis então que ela é a de sempre.
Veja bem, admiro muito a Beyoncé e a artista que ela se tornou e onde ela chegou, mas vamos admitir, ela não vem se reinventando há algum tempo. Se ela quer permanecer no R&B, Urban, beleza, mas tem como permanecer no seu estilo criando algo novo, e ela não faz. Talvez por ela saber que desse jeito deu certo e vai continuar vendendo pros milhões de fãs que carrega. Um exemplo de se reinventar sem perder as raízes é a Ciara, que vem sempre lançando um trabalho melhor que o outro, porém não é tão reconhecida como Beyoncé.
As músicas soam de forma muito parecida, algumas lembram a era B’Day, outras parecem ter sido descartadas do I Am…, e outras parecem sequencias do 4.
Vamos dar uma olhadinha:
1 – Pretty Hurts – A segunda melhor. A intro com ela sendo questionada qual é a inspiração para a vida dela é ótima. Queremos ser felizes, é claro. A mensagem positiva que a música passa é ótima, a beleza pode dor sim, ainda mais para tudo que a sociedade impõe, mas Beyoncé canta “It’s the soul that needs a surgery”. Apoiado.
2 – Haunted – Gostei apenas da Intro e da música após seus primeiros 3 minutos. Até passar esse tempo somos “assombrados” por uma mistura de sons desconfortantes, chatos e irritantes. Mas assim que isso passa, a música fica legal.
3 – Drunk In Love (feat. Jay Z) – Alguma sugestão sobre o ritmo árabe e a participação de Jay Z? Bom, estava com receio em ouvir essa parceria, mas me agradou. Mas poderia se encaixar no B’Day ou I Am… facilmente.
4 – Blow – A vibe vintage da música me conquistou, no inicio imaginei que seria uma baladinha romântica, mas dai ela se desdobra e se distancia de alguma baladinha. Blow parece que não entrou no 4 porque já tinham Countdown e encaixaram aqui em BEYONCÉ.
5 – No Angel – Esta faixa parece uma mistura de Naughty Girl com Diva e I Miss You. A letra não acrescenta em nada. É boazinha de se ouvir, mas com aquela sensação de já-ouvi-isso-antes.
6 – Partition – Utilizando uma interação que Beyoncé faz com os fãs em sua turnê, Partition é o motivo pra que o CD venha com aquela advertência em sua capa. É uma das mais legais do Álbum, mas ainda com o já-ouvi-isso-antes. E é aqui que temos a vacilada dela no R&B, utilizando alguns recursos eletrônicos, mesclado com um som do gueto, bem bacana. Mas tombando um pouco pro eletrônico.
7 – Jealous – Esta possui a mesma batida base de Partition. A letra é bacana, falando sobre ciúmes, um tema que muitos podem se identificar, mas novamente soa como uma descartada do 4.
8 – Rocket – Já-ouvi-isso-antes. Soa vagarosamente com I Care, Me, Myself and I e algumas faixas desde mesmo trabalho. A letra é uma das melhores do BEYONCÉ. Mas não empolga, você apenas continua ouvindo, sem ter grande destaque.
9 – Mine (feat. Drake) – A música é linda. Dai entra o Drake e quebra a sincronia da música, então o Drake sai e Beyoncé entra na sincronia quebrada que o Drake trouxe, numa letra esquisita e confusa.
10 – XO – Aqui temos o melhor da Beyoncé. Todas as músicas deveriam ter essa vibe. Possui os elementos que fizeram grandes hits dela. Não tem aquela mesma batida maçante, aquele mesmo ritmo e acordes. Essa é uma das poucas que parece que foi feita apenas para este Álbum. E a melhor música tem a menor duração, uma pena.
11 – ***Flawless (feat. Chimamanda Ngozi Adiche) – Já-ouvi-isso-antes – risos. A letra de Flawless é muito boa, mas a participação de Chimamanda Ngozi Adiche é tão grande quanto o seu nome, apenar da mensagem ser interessante, fica cansativo.
12 – Superpower (feat. Frank Ocean) – Chegando no final Beyoncé solta as músicas mais legais – em breve comentarei sobre essa teoria. Superpower me agradou muito, apenas de não gostar muito quando Beyoncé vá declamando as palavras, e não cantando. Mas foi uma das minhas preferidas. E a participação de Frank Ocean só teve a acrescentar na faixa.
13 – Heaven – Com uma letra simples e triste, Heaven é a mais linda do Álbum. Diferente das anteriores que não possuem emoção, Heaven transborda esse sentimento. Tanto em sua melodia quanto no tom de voz da Beyoncé. Só foi extremamente desnecessário o Pai Nosso no final.
14 – Blue (feat. Blue Ivy) – Sim, com a participação de sua filha. Finalizando o Álbum, Beyoncé apresenta Blue, que é melhor que a canção anterior. Blue é linda e finaliza este trabalho com muito carinho.
Bom, a teoria mencionada em Superpower é que assim como nos filmes, no qual tudo termina de uma forma boa, com uma ótima canção e personagens felizes para compensar o desastre do filme. BEYONCÉ finaliza da mesma forma. Colocando as melhores músicas no final para pensarmos que o Álbum foi bom, quando na verdade não foi.
BEYONCÉ peca em letras repetitivas, tudo muito igual, assim como as melodias soam parecidas com músicas de outros Álbuns dela, as letras também soam como as de sempre.
Senti falta de músicas mais pra cima, músicas como Single Ladies, Radio, Ego, Love On Top, End of Time, por exemplo. Enquanto o Álbum roda, a única vontade é de se sentar e ouvir as músicas, e não em se animar e curtir.
Talvez ela tenha criado um CD mais intimista e reciclou tudo o que já tenha feito e vivido, dai se transformou em BEYONCÉ. Mas vamos lá, não é um trabalho ruim, possui uma qualidade maravilhosa e sabemos que todos amam a Beyoncé, mas não vamos engolir tudo o que ela faça e gritar que está divino, porque não está. Lembrando que é uma opinião minha, ninguém é obrigado a concordar, apenas aceitar.
COLOCO NO REPEAT: Pretty Hurts, Blow, Partition, XO, Superpower e Blue.
RETIRO DO PLAYLIST: Haunted, No Angel, Rocket, Mine.
Ainda não se sabe quando o “Álbum Visual” se tornará um disco físico, mas a própria Beyoncé disse que será antes do final do ano, será que dá tempo? Se bem que como ninguém sabia desde trabalho, as cópias já devem estar prontas, só mandar para as lojas, não?!