Ascensão: Império Otomano

‘Ascensão: Império Otomano’ (Netflix) | CRÍTICA

Stenlånd Leandro

Considerado um dos mais duradouros de toda a História, o Império Otomano teve sua origem no início do Século XI a partir do momento em que tribos nômades turcas se fixaram em Anatólia. Com a formação de uma cultura militarista e movidos pelos princípios do Alcorão, que incluem a propagação de fiéis, os otomanos começaram um intenso processo expansionista que culminou na conquista de Constantinopla dos Bizantinos.

No intuito de compreender melhor esse feito histórico que marcou a passagem da Idade Média para Moderna, a série documental Ascensão: Império Otomano está disponível na Netflix. Todo império tem um começo baseado em diversas tragédias. Sangue, aço, poder, riquezas e conquistas. Em 1453, o imperador romano Constantino XI e o sultão otomano Maomé II travaram uma batalha épica pelo domínio da cidade, até então, Romana.

A história conta que foram exatos 23 exércitos de governantes anteriores que tentaram possuir as terras dos romanos. Nenhum teve êxito. Era uma cidade de defesa intransponível no qual jamais tinha caído. Ascensão: Império Otomano narra a história deste embate épico que levou meses até que um resultado fosse satisfatório para um dos lados. Dinastias e mais dinastias que ousaram atacar Constantinopla sem sucesso.

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Em 1451, o governante de Constantinopla, era o imperador Constantino XI, uma espécie de senhor que era visto como um ser além do céu e da Terra. Então, eis que a maior ameaça ao reinado de 11 mil anos dos romanos começa a aparecer no horizonte: os otomanos. Com a morte de Murad II, Maomé destina-se à Adrianópolis, capital do império Otomano, reivindicar o trono sem saber se será nomeado o novo sultão do Império Otomano.

No século XV, sob a liderança do sultão Mehmed II (Maomé II), os otomanos invadem Constantinopla, que caiu em 1453 e foi convertida em capital otomana, tendo seu nome mudado para Istambul (o qual permanece até hoje). A cidade era destinada a ser o centro do mundo. Era uma espécie de junção: Ásia, Europa, Mar Negro, Mediterrâneo, região dos bálcãs, algumas cidades italianas e no meio estava Constantinopla. A cidade era mais que só um lugar estratégico, pois, no Mediterrâneo, Constantinopla sempre foi a maior cidade e citada como terra prometida.

A ASCENSÃO DE MAOMÉ II

Ao longo de seis episódios, Ascensão: Império Otomano busca retratar a história do Sultão Mehmed II, desde sua ascensão ao poder com apenas 13 anos até a célebre vitória em Constantinopla. Afinal, por séculos acreditava-se que a cidade era impenetrável devido à fortificação extrema com 4 muros impedindo que exércitos chegassem até a cidade.

Ascensão: Império Otomano Netflix

Durante o Califado Omíada, cercos foram erguidos ao redor dos gigantescos muros, mas apesar das tentativas, ela permaneceu impenetrável. Por isso, quando chegou sua vez, Mehmed comandou a construção de um canhão com dimensões nunca antes vistas, que foi usado para abrir buracos na muralha. Além disso, dispôs de 70 navios para o transporte das tropas durante a noite. Ascensão: Império Otomano segue a mesma linha de “Os Últimos Czares” e se estabelece como uma mistura de documentário com drama de ação.

A trama da minissérie, desde o começo, é narrada em partes. Em outros momentos não deixa de mostrar atores que, mesmo sem peso de seus nomes, conseguem engrandecer o drama. Maomé II era um ser de muita personalidade e, totalmente arredio. Ia contra tudo e todos, não respeitava seus Vizires  e achava sempre ser o único no mundo a ter o poder para destroçar as muralhas de Constantinopla. Na época, muitos tentavam envergonhar o garoto que tinha apenas 19 anos.

BATALHAS ÉPICAS

A saber, Ascensão: Império Otomano molda a forma como todo esse embate teve inicio, meio e fim. Para o sultão, por exemplo, tudo que estava dentro de Constantinopla pertencia aos romanos e, o que do lado de fora estava, aos otomanos. Dessa forma, era muito simples travar os suprimentos a caminho e evitar que a cidade fosse reabastecida.

Uma coisa ficou muito clara: cada lado conseguia o melhor de si para que a guerra perdurasse o quanto fosse necessário até que o inimigo desistisse por cansaço. Canhões enormes fizeram das muralhas de Constantinopla um mar de escombros. Foram 80 mil soldados otomanos na fronte do sultão.

Ascensão: Império Otomano série

O CONTRA-ATAQUE BIZANTINO

Decerto, o lado dos romanos também tinha uma arma secreta: o genovês Giovanni Giustiniani Longo. Graças à esta peça do xadrez, mesmo com os muros da cidade enfraquecidos, os romanos seguraram-se por mais longos meses sem ter quase nenhuma baixa. Ademais, as crônicas contam que era um ser valente beirando a empáfia e arrogância. Um especialista em defender cidades muradas. Um pirata que vivia atacando o Egito. Assim sendo, exatamente o que os constantinos precisavam.

Além disso, a maior concentração de canhões de todo mundo estava frente à Constantinopla para dar pressão à suposta astúcia de Giovanni Giustiniani Longo. O guerreiro nunca tinha confrontado algo assim. Eram cerca de 70 canhões enormes que, para cada um, foram necessários dezenas de bois para carregar. O bombardeio ocorrida dia e noite e durou cerca de um mês. Mesmo assim, a muralha manteve-se de pé por bastante tempo.

Esses canhões não eram como os do século 18. O seriado mostra que eles possuíam cerca de 10 metros de comprimento e eram feitos de puro cobre. Contudo, a muralha tinha longos 22 km de extensão, construída pelo imperador Teodósio II, ainda no século 5, e estava entre as mais fortes do mundo.

OTOMANOS: O TEMPO URGE

Otomanos sempre odiaram batalhas longas. Primeiro porque o custo era enorme. Quanto mais demorava numa batalha, maior era o gasto com suprimentos, armas e armaduras. Ademais, sem saber o resultado da guerra, poderia custar muito mais que apenas dinheiro. Além disso, quanto mais a guerra perdurava, maiores eram as chances de chegarem reforços do papa e aliados como tchecos, ucranianos e outros. Terceiro que, conforme perdiam-se soldados, muitos vizires da época acabavam se tornando uma espécie de  oposição para desbancar do trono, seu atual sultão.

Ascensão: Império Otomano crítica

Esse sistema defensivo que a muralha propunha fez com que muitos desistissem. Todavia, para os Turcos, o foco era: invadir, conquistar, roubar o tesouro e oprimir o inimigo de forma rápida e rasteira. Eles eram uma entidade crescente com uma unidade de comando sólida que os europeus não possuíam naquele momento.

Não havia ninguém nos bálcãs que pudessem com eles. Assim, Maomé II junta ao seu exército os famosos Janissários. Estes eram ex-escravos do mundo cristão, levados quando crianças, convertidos ao Islamismo e treinados para serem o exército mais temido do sultão.

Era necessário atacar, afinal, sabendo do ataque iminente provindo dos Otomanos, reforços iam de encontro aos bizantinos. O papa mandava ajuda como comida, água, dinheiro para suprir necessidades da guerra e tudo isso fica claro. Porém, os inimigos sabiam dessa possibilidade e até no mar criaram diversas barreiras para evitar que a ajuda chegasse ao porto dos romanos.

Por fim, filmada em diversas locações em Istambul e dirigida por Emre Sahin, Ascensão: Império Otomano é estrelado por atores turcos renomados como Cem Yiğit Üzümoğlu, Selim Bayraktar, Birkan Sokullu e Osman Sonant. Foi produzida por Karga Seven em parceria com a STX Entertainment, também contando com historiadores aclamados pela crítica, como Prof. Dr. A.M Celal Şengör e Dr. Emrah Safa Gürkan.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Rise of Empires: Ottoman
Temporada: 1
Número de episódios: 6
Criação: Emre Sahin
Elenco: Cem Yigit Uzümoglu, Tommaso Basili, Selim Bayraktar, Birkan Sokullu,Tuba Büyüküstün, Ushan Çakir, Selim Bayraktar
Distribuição: Netflix
Data de estreia: sex, 24/01/20
Gênero:  Guerra
Ano de produção: 2019
Classificação: 18 anos

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
NAN