Crítica de Filme | A Culpa É Das Estrelas

Bernardo Moura

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4 de junho de 2014

Pensei em mil maneiras de como escrever esta crítica, mas todas davam no mesmo lugar comum. Minha dificuldade é tentar não levar ao filme a impressão que tive do livro. Mas, é uma tarefa muito árdua, principalmente, quando se trata de um filme baseado na história de um livro de extremo sucesso.  Então, por favor, fãs do best-seller de Josh Green, não me xinguem. Mas tentei aqui fazer uma análise independente da outra.

A história de Hazel Grace, uma adolescente de 17 anos que respira com a ajuda de um cilindro de oxigênio, no qual carrega para onde for, devido a um câncer nos pulmões, é o ponto de partida para que o diretor Josh Boone encante e emocione poltronas do mundo todo. Visivelmente com temática adolescente/juvenil, A Culpa é das Estrelas (The Fault In Our Stars“, no título original) é um filme que pode ser visto para qualquer fase e em qualquer idade de uma vida. Ele entra para o ramo daqueles filmes chamados coringa, filmes que iremos lembrar de alguma cena ou de alguma fala posteriormente. Você aí que está lendo este texto sabe dos quais eu estou falando.

Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley) frequenta um grupo de terapia para desabafar e tentar ver um mundo de uma outra forma diferente. Afinal, desde que ela descobriu seu câncer com possibilidade de metástase, ela foi mergulhada num mundo de hospitais e médicos. Digo mergulhada, porque no filme temos a impressão que aquilo não faz parte do mundo dela. Já no livro (olha aí a comparação!) ela é bem depressiva e só fala em morte. Não sei dizer aqui se foi falha de roteiro ou da direção mesmo.

E, nestas reuniões do grupo “falido” de terapia, ela conhece o Gus, ou melhor, Augustus Waters (Ansel Elgort), um ex-jogador de basquete que perdeu metade da perna direita devido ao osteorssarcoma. Gus é um jovem alegre, cheio de piadas, e não tem a depressão ou as limitações de sua parceira. Ele tem outras. De qualquer maneira, a busca que a srta Lancaster estava buscando acaba encontrando em Gus. E essa é a história do filme. (Se você não leu o livro, não vou contar mais para não estragar a surpresa)

Já que estamos falando dele, vamos elogiar a atuação do ator (e do roteiro). A paixão que sentimos por ele no livro é passada totalmente para as telas. No livro, eu lia as páginas que só tinha Hazel Grace rápido só para chegar nas situações que temos os dois contracenando juntos. Nas telas, a personagem de Hazel Grace não é muito legal como aparenta ser no livro. Mas o fator que faz as telas ganhar é que a atriz Shailene é muito carismática e você não consegue parar de olhar a tela quando ela está em cena. Poucas atrizes do cinema atual têm este poder como o dela, na minha opinião.  E ela consegue se sair bem mesmo até nas horas mais tensas quando acontece a sucessão de fatos ao Gus.

Nada melhor que jogar ovos no carro da ex-namorada para exorcizar aquele fantasma da sua vida (Foto: Divulgação)

Nada melhor que jogar ovos no carro da ex-namorada para exorcizar aquele fantasma da sua vida (Foto: Divulgação)

Por ter muita coisa acontecendo numa linha cronológica de fatos no livro, o filme perde um pouco a naturalidade… Digo isso, quando citamos os personagens de Isaac (Nat Wolff) e do autor do livro preferido de Hazel, Peter Van Houten (Willem Dafoe).  No livro, os dois têm papeis muito importantes e amplos. Estes dois personagens servem de gatilho e fazem o casal protagonista crescer. Não é o que acontece nas telas. Lá, no longa de 125 minutos, os dois parecem servir somente para uma coisa: para falar aquilo ou acolá, e tchau. Vemos isso de uma forma tão grotesca quando Hazel vai à Amsterdã conhecer o seu terceiro melhor amigo, no meio do filme, e depois na penúltima cena. Triste!

Agora, falando em tristeza, leve um lencinho, pois a carga dramática do filme não é apelativa. É suave e sensível. E o melhor: você não chora para sempre. Tem sempre uma cena neutra ou engraçada que vai te fazer rir. A cena que ilustra este texto aqui, dos ovos no carro da Mônica, a ex-namorada do Isaac, é sensacional. E outra: Josh manteve a autenticidade do filme no sentido de que não há clichê absurdo na situação que o filme nos dá. E isto, meu amigo (minha amiga), já é um bom motivo para chorar de felicidade.

Portanto, A Culpa é das Estrelas é um filme bom para ser assistido. Convenhamos que um filme feito a partir de um livro de grande sucesso é super complicado de se fazer. Há erros? Sim, mas continua sendo um bom filme de entretenimento. Josh Boone conseguiu captar a essência da história que o mundo inteiro já conhece e transpor para as telas. E no final, ainda nos deixa com a pulga atrás da orelha. Mil perguntas de “Será?” virão à sua cabeça e o (a) levarão até às estrelas. Bom filme!

BEM NA FITA: Roteiro leve e obedecendo ao livro original. Augustus Waters.

QUEIMOU O FILME:  Roteiro muito cortado.

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FICHA TÉCNICA:

Direção: Josh Boone
Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Nat Wolff, Willem Dafoe, Laura Dem, Sam Trammell, Lotte Verbek, Mike Birbiglia
Roteiro: Scott Neustadter e Michael H. Weber
Autor da obra original: John Green
Produção: Wyck Godfrey e Marty Bowen
Distribuidor brasileiro: Fox Filmes
Gênero: Romance/ Drama
Duração: 125 min

Bernardo Moura

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