Crítica de Filme | Azul É A Cor Mais Quente

Colaboração

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2 de dezembro de 2013

*Texto de Giulia Fogarollo

Azul É A Cor Mais Quente, último filme de Abdellatif Kechiche, ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2013, não é um longa sobre a homossexualidade ou sobre o amor, ou pelo menos não é só isso. É uma produção sobre a vida, sobre uma menina que vira mulher, e que, nesse percurso, se apaixona, sofre, procura se encontrar e se achar numa sociedade onde “ela finge o tempo todo”.

A história do filme, baseada na HQ francesa “Le Bleu est une couleur chaude”, de Julie Maroh, é sobre Adèle (Adèle Exarchopoulos), jovem de 17 anos que ainda está no colégio, adora literatura francesa e está insatisfeita, à procura de algo a mais que falta em sua vida. Tenta preencher essa falta saindo com um colega da escola, mas não é o que quer. Se sente fingindo até o momento de encontrar por acaso Emma (Léa Seydoux), mulher de cabelos azuis, mais madura na idade e na realização pessoal. Emma é um mundo novo: lésbica assumida, artista, segura de si mesma e de família rica e aberta. Para Adèle é uma fulguração, a primeira paixão intelectual e sexual. O filme mostra anos de sua vida e acompanha essa historia de amor intenso, real e sofrido.

Dupla carismática e relação verossímil

Dupla carismática e relação verossímil

Kechiche realiza um “documentário” dos sentimentos de Adèle, que são os típicos e reais sentimentos de uma adolescente que está crescendo, que está se procurando. A escolha do uso da câmera, sempre em primeiro plano no seu rosto, é a clara intenção do diretor de nos fazer conhecer a personagem. E no profundo, nas intimidades das suas emoções, o espectador acaba identificando-se nela. O sentimento por Emma é muito forte. É o primeiro amor, apaixonado. As cenas de sexo, realístico e alvo de polêmicas, não são vulgares, mas sim necessárias, porque são verdadeiras, assim como todo o filme.

O longa tem três horas, mas não cansa. Ele mexe com o espectador, que sai do cinema sentindo-se uma Adèle, porque, usando as palavras do jornalista italiano Federico Pontiggia, “sabemos que a vida não é um filme, mas esse filme é a vida”.

Azul É A Cor Mais Quente é distribuído pela Imovision e estreia no dia 6 de dezembro nos cinemas.

BEM NA FITA: Sem dúvida, a atriz protagonista Adèle Exarchopoulos, que tinha 17 anos à época das filmagens, fez uma ótima interpretação conseguindo ser acreditável como adolescente e como jovem mulher, considerando também as longas cenas de sexo explícito (12 minutos), que, com certeza, não foram fáceis.

QUEIMOU O FILME: Absolutamente nada. Ao contrário, o diretor conseguiu transformar uns quadrinhos medíocres em uma obra-prima cinematográfica.

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FICHA TÉCNICA:

Nome: Azul É A Cor Mais Quente (La Vie d’Adèle – chapitre 1 & 2)
Elenco: Léa Seydoux, Adèle Exarchopoulos, Salim Kechiouche, Jérémie Laheurte, Catherine Salée
Direção: Abdellatif Kechiche
Roteiro: Abdellatif Kechiche e Ghalia Lacroix
Produção: França
Fotografia: Sofian El Fani
Edição: Ghalia Lacroix, Albertine Lastera, Jean- Marie Lengelle e Camille Toubkis
Gênero: Drama/Romance
País: França
Ano: 2013
Tempo: 179 min
Classificação: a verificar

Colaboração

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