Crítica de Filme | Batman vs Superman: A Origem da Justiça

Adolfo Molina

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22 de março de 2016

Em termos de cinematografia universal das adaptações dos quadrinhos, a Marvel é responsável por já ter seu plano definido há muito tempo e, consequentemente, neste ano, já está na Fase 3, onde toda a sua metodologia universal dos heróis já está aplicada. Planejamento este que a DC tardiamente começa a desenvolver e executar; o primeiro passo – por mais que tenha sido experimental – foi “Homem de Aço”.

Alguns poucos anos depois, especulava-se sobre o filme que iria iniciar o ambiente cinematográfico da DC Comics, em parceria com os estúdios da Warner. Ben Affleck confirmado como Batman (escolha essa que gerou mais reações negativas do que o oposto), a manutenção de Henry Cavill como Superman e o que já sabia de imediato seria o esperado confronto entre os maiores heróis do universo DC. As diversas perguntas de como seria contada esta história, a inserção de personagens novos com os antigos e a criação da expectativa para o cânone da Liga da Justiça foram respondidas em Batman vs Superman: A Origem da Justiça.

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– Análise com spoilers leves –

O filme percorre os fatos recorrentes da aparição dos kryptonianos em Metrópolis e toda a repercussão, mas observados por Bruce Wayne (Ben Affleck). A partir deste ocorrido, o bilionário de Gotham nutre sintomas de raiva, considerando o alienígena como uma espécie de pária. Em contraponto, a sociedade é dividida: alguns endeusam e idolatram Superman (Henry Cavill) enquanto outra parte o analisa como acima da lei e da moral humana. Opinião também compartilhada do governo americano, que deseja julgar o herói, condenando suas ações.

A trama conflituosa entre Batman e Superman é vagarosamente apresentada, partindo das ideias e observações de Clark Kent, repórter do Planeta Diário, contra as ações de vigilante do morcego de Gotham. No entanto, a catalisação ocorre por intermédio de Lex Luthor (Jesse Eisenberg), os provocando e alimentando a briga.

Em paralelo a trama principal, há as manifestações dos outros personagens: Lois Lane (Amy Adams) tem um papel importante como investigadora das tramas subversivas, além de ser o contraponto emotivo de Clark. Lex também parece não só incomodar as pessoas locais, mas como também a estrangeira Diana Prince (Gal Gadot), que vai à festa beneficente de Luthor para retomar um documento importante.

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Assim como os trailers revelaram, apesar do conflito principal, ambos se reúnem, junto com a Mulher Maravilha, para combater um mal maior: Lex, após uma experiência com o corpo do general Zod e próprio sangue, cria o Apocalipse, que originalmente, tem como um único objetivo: matar o Superman.

O visual, como característica atenuante e contínua de Snyder, é vislumbrante e sensorial. Cria uma visceralidade que se impõe nas cenas de luta, na ambientação noturna e principalmente, na adequação ao estilo sujo e escuro da iluminação. Outro ponto forte da direção é a liberdade de tempo do filme. Tudo tem um bom timing, sem tantas alongações ou pouco tempo de cena, que traga uma falta de presença dos personagens. No entanto, não há uma condição natural para a exposição sentimental dos mesmos, o que é um erro proprietário de Zack.

A fotografia se assemelha ao modo de guia da direção: paisagens com cores estouradas e sobre posicionadas para gerar desconforto, mas de um modo geral mais suavizado. O roteiro possui seus furos sobre a estrutura de motivação de alguns personagens e, consequentemente, suas ações. Outros buracos se concentram nos espaços deixados propositalmente para serem preenchidos futuramente, dadas as continuações dos filmes.

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As atuações são muito boas, mas são ligadas inerentemente às boas observações dos personagens. Se ele é bem desenvolvido (Superman e Batman trabalham uma química feroz e bem aparente), o(a) ator(atriz) também vai bem. O Batman aqui é trabalhado de uma maneira mais tática e militar, tendo o Alfred muito mais como assistente tático do que propriamente um conselheiro, mas mesmo assim, uma atuação descontraída de Jeremy Irons. Muito de suas tecnologias e métodos de batalha são inspirados nas mecânicas dos games da série Batman: Arkham. Uma proposta interessante que visa uma adequação a um público mais jovem.

As cenas de ação são poderosas, bem estudadas e planejadas. Snyder bebe muito de fontes dos quadrinhos “Cavaleiro das Trevas”, de Frank Miller para ilustrar o cenário de batalha dos heróis. Além do mais, a exposição de poder, principalmente da Mulher Maravilha é um ponto estonteante, dada sua imponência em tela.

Batman vs Superman: A Origem da Justiça é o start definitivo do universo cinematográfico da DC, que apesar de dar um grande passo objetivando mais apresentar este universo do que propriamente estabelecer-se como um código audiovisual único, ascende às expectativas e entrega um filme de ação poderoso, mas menor do que o roteiro permitiria ser.

Confira o trailer:


FICHA TÉCNICA:
Título original: Batman vs Superman: Dawn of Justice
Distribuição: Warner Bros.
Data de estreia: qui, 24/03/16
País: Estados Unidos
Gênero: Ação
Ano de produção: 2016
Duração: 153 minutos
Direção: Zack Snyder
Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Gal Gadot, Jeremy Irons, Amy Adams, Jesse Eisenberg.

Adolfo Molina

Jornalista hiperativo, estranho e que ama falar e escrever. Sou o que sempre busco ser. Comunicar e mudar as pessoas. Levar o bem através de tudo que amo!
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