Crítica de Filme | Belas e Perseguidas

Bruno Giacobbo

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1 de julho de 2015

O que leva uma atriz famosa a emendar um filme indicado ao Oscar, que lhe rendeu uma indicação da Academia com uma bomba sem tamanho? A resposta óbvia é dinheiro. Muito dinheiro. Contudo, em Hollywood, esta transição parece uma espécie de esporte radical. De forma que, a bonitinha e competente Reese Witherspoon é só mais uma estrela incapaz de resistir a tal motivação financeira e a não pesar bem sua escolha. Afinal, haja dólares para pagar o mico que é participar de Belas e Perseguidas, uma comédia sexista, absolutamente sem graça e de gosto para lá de duvidoso.

Na trama dirigida por Anne Fletcher, o que só agrava o machismo reinante da película, Rose Cooper (Reese Whiterspoon) é uma policial atrapalhada e sem nenhuma prática em missões de rua. Um dia, ela é escalada junto com um agente mais experiente para levar um traficante arrependido e sua esposa (Sophia Vergara, a outra bela) até um tribunal em Dallas, onde eles irão depor contra um chefão das drogas. Como entrega o título, a missão será um fracasso total, obrigando as belas e perseguidas a viajarem sozinhas. O que em um bom thriller policial poderia servir de mote para cenas emocionantes, aqui, serve de pretexto para um monte de baboseiras e piadas idiotas.

A história é apenas um detalhe. Pouco importa a vida pregressa da protagonista, contada em uma cena que serve como uma espécie de prólogo. Pouco ou nada importam as motivações por trás de outros personagens, algumas reveladas em viradas de roteiro pouco críveis. O que importa, de fato, são as insinuações sexuais entre a policial e a testemunha. Decotes, calcinhas, trocas de roupa nada discretas e tomadas rodadas em banheiros pululam o filme com o único intuito de ouriçar os homens e arrancar risadas forçadas. Nada contra obras que mexam com o imaginário do público masculino. Muito pelo contrário, mas é preciso que estas cenas sejam contextualizadas.

Belas e Perseguidas Meio

Há ainda espaço e tempo, por incrível que pareça, para gags sobre famosos e citações de clássicos. Justin Bieber e Scarface, de Brian De Palma, estão entre os contemplados com estas singelas homenagens. Se a platéia tiver paciência, e ficar para as costumeiras cenas pós-créditos, verá outras piadas com artistas e perceberá que o “falha nossa” pode até ser mais engraçado que o filme em questão. Neste caso, com certeza é. Em um destes momentos, Whiterspoon parece ter a exata noção do papel ridículo que se prestou ao fazer este filme. Ironicamente, ela solta: “Esqueci o texto na cena da minha vida”.

Belas e Perseguidas é o quinto longa-metragem dirigido por Fletcher que surgiu, inicialmente, como coreógrafa de diversos filmes de sucesso, entre eles, “Boogie Nights” e “Titanic”, ambos de 1997, e da série de televisão “A Sete Palmos” (2001 a 2005). Apesar de não ter nenhum filmaço no currículo, algumas de suas obras anteriores, “Vestida para Casar” (2008) e “A Proposta” (2009), por exemplo, cumpriam ao menos a função de entreter e divertir sem apelar, algo que não acontece neste trabalho.

Desliguem os celulares.

FICHA TÉCNICA:
Direção: Anne Fletcher.
Produção: Luis Balaguer, Sofía Vergara e Jeff G. Waxman.
Roteiro: David Feeney e John Quaintance.
Elenco: Reese Witherspoon, Sofía Vergara, Michael Mosley, Robert Kazinsky, Joaquín Cosio, Vincent Laresca, John Carroll Lynch, Matthew Del Negro, Richard T. Jones e Evaluna Montaner.
Trilha Sonora: Christophe Beck.
Direção de Fotografia: Olivier Stapleton.
Montagem: Priscilla Nedd-Friendly.
Duração: 87 minutos.
País: Estados Unidos.
Ano: 2015.

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
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