Crítica de Filme | Bob Esponja – Um Herói Fora D’Água

Wilson Spiler

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4 de fevereiro de 2015

Criado em 1999  pelo biólogo marinho e animador Stephen Hillenburg, Bob Esponja (com a alcunha de Calça Quadrada) virou uma febre entre as crianças estadunidenses e chegou ao Brasil no ano seguinte pelo canal Nickelodeon e pela Rede Globo. O desenho narra as aventuras e os empreendimentos do personagem-título e de seus diversos amigos na fictícia cidade subaquática Fenda do Biquíni. No entanto, hoje o programa agrada tanto aos pimpolhos, quanto aos marmanjos, por suas aventuras divertidas e relativamente ingênuas. Em 2004, a animação ganhou seu primeiro longa-metragem.

11 anos depois, eis que o personagem ganha seu segundo filme misturando animação, CGI e atores. Bob Esponja – Um Herói Fora D’Água, que estreia nesta quinta-feira (05/02), tem a seguinte trama: o pirata Alameda Jack (Antonio Banderas) consegue encontrar um livro mágico onde todos os planos malignos que escreve se tornam realidade. Entretanto, ele precisa da última página da obra, que no fundo do mar, para encerrar a história com final feliz (para ele, claro). Enquanto isso, incomodado com o sucesso do Siri Cascudo, a lanchonete do Sr. Sirigueijo que tem a exclusividade na produção do hambúrguer de siri, Plankton, o dono da lanchonete Balde de Lixo, resolve traçar uma verdadeira estratégia de guerra para roubar a fórmula da iguaria, que é a base da alimentação da população da Fenda do Biquíni. Mas alguma coisa sai errado e a fórmula desaparece, deixando a pacata comunidade à beira do apocalipse. Com isso, Bob Esponja, vai ter que unir forças com o ambicioso Plankton em uma viagem no tempo e no espaço para tentar recuperar a receita, contando com a ajuda de seu fiel escudeiro Patrick, do Lula Molusco, da esquilo cientista Sandy e também do mercenário Sr. Sirigueijo.

A turma toda metida em altas confusões

A turma toda metida em altas confusões

Pois bem, Bob Esponja – Um Herói Fora D’Água, como era de se esperar, não é nenhuma obra-prima do cinema moderno. Voltado para um público-alvo bem específico (as crianças), a animação deve agradar bastante aos pimpolhos. Todas as características do desenho estão lá na telona: a risada desengonçada do personagem principal, a burrice simpática do Patrick, a a antipatia engraçada do Lula Molusco, a ambição financeira do Sr. Sirigueijo, a maldade quase ingênua do Plankton e até as viagens altamente psicodélicas. Impossível os pequenos não se identificarem. No entanto, esse último quesito é que talvez tenha sido exagerado.

Embora saibamos que a série de TV realmente faz umas viagens dignas de dar inveja aos mais brilhantes roteiristas, no longa-metragem, isso pesa um pouco. Com a construção de uma máquina do tempo, Bob Esponja passeia por épocas e galáxias diferentes, com direito a golfinho com corpo de humano que solta laser pela cabeça. Mais tarde, o mesmo mamífero vira uma espécie de fada mágica. É um pouco demais, não? Fora que essa parte da viagem no tempo é extremamente corrida e confusa, o que pode fazer com que as crianças percam um pouco o foco. Além disso, a película torna-se um pouco arrastada nessa busca pela receita. Apesar de ser tudo muito corrido, diversas cenas são extremamente desnecessárias.

A turma toda como super-heróis: bombados

Super-heróis bombados

No entanto, Bob Esponja – Um Herói Fora D’Água tem muitas qualidades, a começar, por manter as essências dos personagens, como dito acima. A parte animada – nos dois estilos – também é muito boa. Os efeitos em 3D são alguns dos melhores já vistos em um desenho e o CGI faz uma belíssima interação com os atores de carne e osso, tornando essa mistura verossímil (dentro da ficção, é claro!). Fora que o longa garante boas risadas, com destaque para as cenas de Plankton entrando no cérebro do Bob Esponja e da piada ruim, onde uma banda faz a já clássica batida da bateria para determinar a falta de graça da mesma. Não posso deixar de citar também a bela remontagem da abertura do desenho. DIVERTIDÍSSIMO!

Com relação às atuações, bem, basicamente apenas Antonio Banderas pode ser avaliado, já que os outros humanos são apenas figurantes. Aqui, o ator espanhol, com seu personagem Barba Burguer, faz o que dele se espera: uma atuação caricata. O trabalho do astro latino não é ruim, pelo contrário, mas era o que se podia esperar de um vilão de um filme do Bob Esponja, oras! A interação dele com os pássaros também é bem bacana, voltando ao quesito dos efeitos visuais.

Antonio Banderas com os pássaros: interação perfeita e divertida

Antonio Banderas com os pássaros: interação perfeita e divertida

Num todo, Bob Esponja – Um Herói Fora D’Água deve agradar bastante ao seu público-alvo, mas os pais não precisam torcer o nariz para a missão de levar os pequenos ao cinema. Certamente será um bom passatempo para distrair a cabeça e manter seus filhotes entretidos.

BEM NA FITA: efeitos visuais; essências dos personagens mantidas.

QUEIMOU O FILME: muito psicodelismo; trecho corrido (e longo) da viagem do tempo.

TRAILER:

FICHA TÉCNICA:

Título original: The Spongebob Movie: Sponge Out Of Water
Gênero: Animação
Direção: Mike Mitchell, Paul Tibbitt
Roteiro: Glenn Berger, Jonathan Aibel, Stephen Hillenburg
Elenco: Antonio Banderas, Bill Fagerbakke, Brody Rose, Carolyn Lawrence, Christopher Backus, Clancy Brown, Jesica Ahlberg, Kaitlyn Ervin, Kari Klinkenborg, Kevin J. O’Connor, Mr. Lawrence, Noah Lomax, Rodger Bumpass, Sirena Irwin, Slash, Thomas F. Wilson, Tom Kenny, Veronica Alicino
Produção: Craig Sost, Mary Parent, Nan Morales, Paul Tibbitt
Fotografia: Phil Meheux
Montador: David Ian Salter
Trilha Sonora: John Debney
Ano: 2015
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 05/02/2015 (Brasil)
Distribuidora: Paramount Pictures International
Estúdio: Nickelodeon Movies / Paramount Animation / United Plankton Pictures

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
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