Crítica de Filme | Confissões de Adolescente

Bernardo Moura

Inspirado no livro homônimo de Maria Mariana e na série dos anos 90 de mesmo nome, Confissões de Adolescente retorna aos cinemas brasileiros para o deleite dos jovens daquela época e para os de agora também. Sob a batuta do diretor da série Daniel Filho ao lado da diretora Cris d´Amato, o filme apresenta uma nova escalação para o time das quatro irmãs filhas do mesmo pai.

Os nomes foram trocados, mas as essências das garotas de diferentes idades continuam a mesma: Tina, a mais velha, de 19 anos (Sophia Abrahão), Bianca, de 17 (Bella Camero), Alice, de 15 (Malu Rodrigues) e Karina, a caçula, de 12 (Clara Tiezzi). Na versão do seriado, Tina era Diana, cuja personagem era vivida pela autora do livro que inspirou a série, Maria Mariana; Bianca era Barbara, vivida por Georgina Góes; Alice era Natália, vivenciada por Daniele Valente e a caçula Karina se chamava Carol, vivida pela atriz Deborah Secco. O pai apenas sofreu uma mudança de ator. Antes, era interpretado pelo ator Luiz Gustavo; agora, é por Cassio Gabus Mendes.  Vale lembrar que na versão atual as atrizes do seriado fazem participações especialíssimas (ou como aparecem nos créditos, “participações afetivas”).

A pegada juvenil e sem pudor continua nesta versão para o cinema. Os problemas como gravidez indesejada, o primeiro beijo, a primeira transa, o primeiro emprego, economia de dinheiro e por aí vai não são esquecidos. O universo escolar como pano de fundo para a maioria das histórias é fielmente retratado. Não acho exagero em dizer que na história dos filmes para adolescentes do cinema brasileiro,  este  filme retratou 100% da identidade escolar.  Como sabemos, há os diferentes estilos e tribos numa escola: o tímido, a lésbica, o CDF, a patricinha, a esquisita que quase ninguém fala com ela, a professora que não é ouvida, as farras e bagunças dentro de sala de aula, a corrida para não chegar atrasado com a inspetora olhando o relógio (digo por experiência própria) e as festinhas. Isso tudo está lá, na telona.

O uso de palavrões é bem escolhido e aparecem uns seios aqui e acolá das atrizes. Estas que não ficam devendo em nada às atrizes da formação original. Sophia e Bianca estão bem. Mas, Malu e Clara são os destaques. Fazendo com que suas tramas sejam mais envolventes e com um teor alto de veracidade.

Alice e seus dúvidas com a primeira transa (Foto: Divulgação)

Alice e suas dúvidas com a primeira transa (Foto: Divulgação)

Só que o filme por se tratar de cotidiano infanto-juvenil, vai apresentando uma linguagem de novela na grande tela. Com o decorrer do filme, você vai tendo impressão de que Confissões é a versão de “Malhação” para as telonas. E mais: por se tratar do texto-base do diário de Maria Mariana, a versão para o cinema aqui acaba caindo na confusão ao espectador. Isso quer dizer que o filme fica um pouco embolado e o arco do filme (sinopse) atua da mesma forma como se estivesse tentando andar em uma linha reta  após umas quatro doses de tequila.

Vemos isso quando a personagem de Tina briga com o namorado e passa por seu drama em seguir ou não em frente. Só que para ilustrar a profundidade do drama que ela estava passando, Daniel Filho nos oferta cenas contando como os dois se conheceram no passado. Tudo isso regado a muitos links e conexões com as outras tramas.

Outras tramas que, inclusive, funcionam muito bem. O artifício de hiperconectividade, de mostrar interação nas redes sociais e na gravação de vídeos para apresentar o problema ao espectador (dando o caráter de que você também faz parte da história) foi muito bem feito.

Estreando na sexta-feira, 10 de janeiro, Confissões de Adolescente tem todos os motivos do mundo para ser o sucesso da temporada de férias do pessoal que estará descansando nas férias. E se for lançado um CD com a trilha sonora do filme, eis mais um motivo para o triunfo da película. Tem Clarice Falcão, Naldo Benny, Djavan…

Dica: Não saia antes dos créditos finais. O elenco faz um clip bonitinho da música-tema do seriado nos anos 90, cantada pelo Djavan, “Sina”.  Bom filme!

BEM NA FITA: A ideia de interatividade e conexão entre as histórias

QUEIMOU O FILME: Sophia Abrahão cantando e a linguagem um pouco embolada

[embedvideo id=”PRzkD4Zfquc” website=”youtube”]

FICHA TÉCNICA:

Direção: Daniel Filho e Cris d´Amato

Elenco: Sophia Abrahão, Isabella Camero, Malu Rodrigues, Clara Tiezzi, Cassio Gabus Mendes, Deborah Secco, Maria Mariana, Georgina Góes, Daniele Valente, Thiago Lacerda, Caio Castro, Hugo Bonemer, Cintia Rosa e Olívia Torres.

Roteiro: Matheus Souza

Produção: Sony Pictures

Distribuidor: Sony Pictures

Produção: Globo Filmes e Lereby Productions

Gênero: Comédia Romãntica/ Comédia

País: Brasil

Bernardo Moura

NAN