Crítica de Filme: Copa de Elite
Anderson Vidal
Quando entrei na cabine para assistir a este longa a primeira coisa que ouvi de um dos jornalistas foi: Sempre que assisto a algum filme, venho sem expectativas para mais ou para menos. E achei o certo, portanto, relaxei e me livrei de quaisquer expectativas que eu estava sobre a película, a fim de aproveitar o que o cinema nacional estava oferecendo.Eu tentei, juro que tentei. Mas não consegui. Vamos lá, o que significa a palavra ‘paródia’? Segundo o nosso querido dicionário Aurélio, paródia significa: imitação burlesca, irônica. Pois bem, a definição de ”A maior paródia brasileira de filmes nacionais” não se encaixa adequadamente ao termo paródia utilizada no filme. Com exceção de uma ou duas vezes de forma absolutamente minúscula que comentarei mais a seguir, não houve paródia.
A história gira em torno do capitão Jorge Capitão (Marcos Veras), que trabalha no BOPE que, após evitar o sequestro do camisa número 10 da Argentina durante a Copa, acaba sendo odiado pelo público brasileiro e ganhando um apelido proibido a ser mencionado aqui. Com isso ele é expulso da corporação, e terá que aprender a trabalhar em equipe com Bruna Alpinistinha (vivido pela ótima e divertida Júlia Rabello) para tentar evitar um atentado contra o Papa na final do campeonato.
Vamos falar logo sobre as paródias utilizadas no longa. Diferente das fórmulas americanas (Todo mundo em pânico, Inatividade paranormal e afins), Copa de Elite não tira sarro dos filmes nacionais, apenas se adéqua as situações no enredo do longa. Poucos são os momentos em que ele realmente brinca, com Minha mãe é uma peça, por exemplo, a única zoação é quando mostra em segundo plano, Alexandre Frota (no papel de mãe do Capitão) utilizando o banheiro e urinando de pé, fora isso, nada mais foi parodiado no filme.
Outro filme parodiado superficialmente foi A Mulher Invisível, no qual aparece uma matéria na televisão mostrando o homem mais feliz no mundo, daí aparece esse homem com uma família invisível, super feliz – pra não dizer o contrário.
A única paródia que foi utilizada de uma forma divertida e realmente zoada foi sobre o filme Se eu fosse você – que aliás, foi a única cena que me fez rir. Jorge Capitão troca de corpo com Bruna, e durante o processo de destrocar de corpo, em uma praça, vai sempre aparecendo outra pessoa e trocando de corpo novamente, até que a praça toda esteja com os corpos trocados, foi realmente divertido.
Perdi-me na hora de saber se Copa de Elite é para ser levado a sério ou não. Porque podemos ter duas visões. Primeira: se for a ser levado a sério, o trabalho de Marcos Veras (que eu admiro bastante) e de Rafinha Bastos está horrível. Nenhum dos dois comediantes nos faz rir. Marcos Veras se entrega em um personagem completamente arrogante e que demora a ser cativado pelo público – e só consegue isso devido à personagem de Júlia, acho que o próprio ator não foi cativado pelo personagem. E o mesmo ocorre com Rafinha, que carrega muito mal o titulo de vilão da história. Agora a segunda visão: se não for pra se levar a sério, as péssimas atuações estão perfeitas. A falta de entrosamento do elenco também se encaixa nessa visão. Mas como aqui temos apenas comediantes, então levarei em conta a primeira visão. Eles falharam até no que sabem fazer de melhor: nos fazer rir.
O grande problema de Copa de Elite é realmente prometer um filme parodiado e não se entregar nisso – sim, paródia é a palavra chave para filme não ter dado certo. Ainda mais quando o mesmo é anunciado como uma grande paródia. Outro problema, acredito eu, seja pelo fato da maioria dos filmes parodiados são de comédia, diferente das formulas americanas que parodiam filmes de terror e que ficam realmente engraçados. Portanto, Copa de Elite pega ótimos filmes nacionais de comédia – que realmente nos fazem rir, e tenta criar outro filme de comedia em cima do já existente, e não funciona.
E o pior de tudo, parece que haverá uma continuação nas Olimpíadas. Quem viver, verá.
E vale destacar também, de uma forma não muito positiva, o trabalho de mixagem de som, que foi horrível. As musicas surgindo em meio às cenas e do mesmo jeito desaparecendo, um trabalho muito mal acabado.
Copa de Elite estreia nos cinemas no dia 18 e após esta data saberemos como o público irá receber este longa.
BEM NA FITA: A atriz Júlia Rabello, a única que parece que estava se divertindo e sendo natural.
QUEIMOU O FILME: A maçante música “Show das Poderosas” que fizeram a gente engolir goela abaixo em diversos momentos. Piadas fracas. O excesso de palavrões que tentava ser engraçado, mas que ficou apenas chato.
FICHA TÉCNICA:
Diretor: Vitor Brandt.
Elenco: Marcos Veras, Júlia Rabello, Rafinha Bastos, Daniel Furlan, Milton Filho, Rafael Studart, Anitta, Victor Leal, Bento Ribeiro, Alexandre Frota, Thammy Miranda.
Produção: Mayra Lucas, Paulo Boccato.
Roteiro: Vitor Brandt, Pedro Aguilera.
Duração: 90 min.
Ano: 2014.
País: Brasil.