Crítica de Filme: Educação Sentimental
Bernardo Moura
O filme Educação Sentimental, de Júlio Bressane, aplaudido e aclamado pelo mundo afora e em terras brasileiras, foi lançado no último Festival do Rio e teve sua estreia mundial ocorrida no Festival de Locarno, na Suíça, em agosto passado, evento que reúne longas-metragens conceituados e autorais do cinema mundial.
Se prêmios e aplausos fossem trocados pela qualidade do filme, Educação Sentimental sairia louvado. O que não é o caso. Tido como uma aula de cinema, o filme conta a história da professora solitária quarentona Áurea e o encontro “por acaso” do jovem rapaz que ela pega para aluno para falar sobre a tal Educação. O longa fala somente sobre isso. A relação dela e com o aluno e do quanto ela quer passar sobre a vida, sobre seu mundo para o jovem garoto. Até aí, tudo beleza. O problema é que para o espectador que está no cinema acaba ficando chato demais, pois a “aula” a que o roteiro se refere acaba se tornando uma aula de física com matemática e com aqueles professores mais carrascos e que ficam pegando no seu pé para você fazer o exercício (lembrou-se dos tempos de escola? Pois é). Este filme é bem isso. Logo, acaba ficando sacal, nada atrativo e desconfortável para o espectador.
A interação dos atores não acontece como o roteiro prega. Portanto, a atriz Josie Antello, que interpreta a professora sabe-tudo, parece que está falando sozinha ou com a parede. O jovem, interpretado pelo ator Bernardo Marinho, quase não aparece. Sua interpretação brilhante e digna de um belo palco de teatro não evolui. E esta interpretação se choca na tela no lado de dentro e não passa com naturalidade e sutileza para o público que está na poltrona.
A reviravolta que consta na sinopse do filme não acontece. Isso porque a tal reviravolta acaba sendo um déjà-vu de tantos roteiros de cinema que já foram escritos e já sabíamos que aconteceria desde o marco zero do filme. Ah, mas há também pinceladas de sensualidade explícita da professora que mostra a sensibilidade do clímax dos personagens. E só.
A fotografia do longa é linda e viva. Pena que se perde no meio de tanto blá-blá-blá desnecessário e nos devaneios do diretor. Há momentos que as cenas ficam fora de contexto de propósito. Cenas estas que seriam para ilustrar graficamente o texto e expor com a prática o que é dito no texto dos personagens. Todavia, isto não acontece. Temos a impressão de que foram feitas só pela fotografia mesmo e o pessoal da Arte caprichou nas cores e “vou botar na tela (no produto final) só porque achou bonitinho”.
Educação Sentimental é um filme sonolento e pode deixar muita gente desconfortável na poltrona. A não ser que você seja um aluno de cinema e esteja com o desejo extremo de conhecer um novo olhar sobre o mundo da vida. Parafraseando meu amigo e companheiro de críticas aqui no BLAH, Bruno Giacobbo: “Desliguem os celulares”.
BEM NA FITA: A fotografia e a interpretação de Josie Antello.
QUEIMOU O FILME: O filme tem 84 minutos. Parece que tem o triplo.
FICHA TÉCNICA:
Nome: Educação Sentimental
Direção: Júlio Bressane
Roteiro: Júlio Bressane e Rosa Maria Dias
Elenco: Josie Antello, Bernardo Marinho e Debora Olivier
Produção: Marcelo Maia
Fotografia: Walter Carvalho e Pablo Baião
Montagem:Rodrigo Lima
Música:Guilherme Vaz
Produtora: República Pureza Filmes
Duração: 84 minutos
País: Brasil
Ano:2013