Crítica de Filme | Evereste

Alyson Fonseca

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23 de setembro de 2015

Riscos incalculáveis. Dificuldades enormes. Anos de treinamento para desafios impossíveis de prever. As condições mais duras, impensáveis. E, ainda assim, por quase um século, aventureiros no mundo todo tentam dar mais sentido às suas vidas tentando escalar o lugar mais alto—e mais perigoso—da Terra: o Monte Evereste. Talvez sejam inspirados pelo espírito pioneiro encarnado por lendas do alpinismo como Tenzing Norgay e Sir Edmund Hillary. É possível que busquem o contato com a máxima grandeza da Mãe Natureza. Seja qual for a motivação, transformação espiritual ou um banho de adrenalina, não se pode negar que o ser humano se vê a sós quando a ambição e a fragilidade do homem se encontram com uma feroz tempestade no topo do mundo.

Inspirado nos incríveis acontecimentos decorrentes de uma tentativa, em 1996, de se chegar ao topo da montanha mais alta do mundo e mais tarde publicada no livro autobiográfico Into Thin Air: A Personal Account of the Mt. Everest Disaster (No Ar Rarefeito: Um Relato da Tragédia no Everest em 1996 (Companhia das Letras)), escrito pelo escritor, jornalista e alpinista Jon KrakauerEvereste, que estreia nesta quinta-feira (24/09), documenta a emocionante jornada de duas expedições que chegam ao limite diante de uma das mais fortes nevascas já registradas na história da humanidade. Com amizades forjadas na luta e no desespero—e sua essência posta à prova pelo ambiente mais hostil do planeta—os alpinistas enfrentam obstáculos quase impossíveis, e o que era a obsessão de uma vida inteira se transforma em uma batalha monumental pela sobrevivência.

O filme se passa naquele ano de 1996 e conta a história de dois grupos de alpinistas liderados por Rob (Jason Clarke) e Scott (Jake Gyllenhaal) que se uniram na tentativa de escalar o monte Evereste, mas uma grande nevasca coloca a vida de todos em risco. Com a esposa grávida (Keira Knightley), Rob é menos aventureiro que Scott, se preocupando com a segurança dos membros de sua equipe. Ele lutará bastante para tentar proteger a todos.

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Adaptado para o cinema pelo vencedor do Oscar Simon Beaufoy (Quem Quer Ser um Milionário?) e William Nicholson (Gladiador) e dirigido pelo islandês Baltasar Kormákur (Dose Dupla), Evereste apresenta um roteiro que foge muito bem do drama exagerado, mas que podaram a história de tanta emoção que acabou gerando um filme com o qual o espectador possui facilidade em se envolver e se emocionar. O filme apresenta uma mulher gestante aflita com a viagem do marido e do que ele irá enfrentar, pessoas que foram gastaram milhares de dólares para escalar 8.848 metros acima nível do mar, ou seja, a altitude de cruzeiro de um avião a jato 747. Além de mostrar o emocionante desafio de outras pessoas que lutaram para sobreviver em um ambiente congelante.

Kormákur realiza um épico, talvez não foi esta a intenção do diretor islandês, nessa ficcionalização de uma história real ocorrida em 10 de maio de 1996, quando num único dia três expedições diferentes foram pegas por uma dramática tempestade de neve repentina no topo do monte mais alto do mundo. De qualquer forma, parte de uma decisão consciente, ao tornar a banalização do Evereste um elemento central da trama.

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No elenco, o destaque vai para nomes como Jason ClarkeJake GyllenhaalJosh BrolinRobin WrightJohn HawkesEmily WatsonMichael KellyKeira KnightleySam Worthington, Evereste conta com boas atuação, que só não são melhores por causa do roteiro mal desenvolvido no início da projeção, mas que na segunda parte ganha mais ritmo e prende mais a atenção do espectador. Gyllenhaal tem uma ótima presença em cena. Outros destaques vão para Brolin, Hawkes e Knightley, principalmente, na cena em que sua personagem conversa com o marido pelo caríssimo telefonema via satélite (US$ 25,00/minuto), sabendo que o mesmo está em situação extrema de perigo.

Algumas curiosidades, Christian Bale foi escolhido para ser o ator principal de Evereste, em uma história que deveria se concentrar principalmente em seu personagem. Quando Bale abandonou o projeto para atuar no épico Êxodo: Deuses e Reis, os produtores decidiram alterar o roteiro e mostrar a história de vários alpinistas. Com orçamento de US$ 65 milhões, Evereste foi o filme de abertura do 72º Festival de Veneza 2015, no dia 02/09.

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Com uma modesta, porém fascinante trilha sonora assinada pelo italiano e vencedor do Oscar Dario Marianelli (Desejo e Reparação), Evereste apresenta excelentes efeitos visuais, que serão bem mais aproveitados se assistido em 3D Imax (O Blah Cultural assistiu o filme na pré-estreia do filme, na sala Imax). O efeitos foram usados na medida certa para que pareça realmente que os atores passaram por tudo que aqueles alpinistas passaram. No fim, cumpre com eficiência o papel de ser uma adaptação de uma história verídica, além de ser um filme de aventura dentro da média para os padrões de Hollywood. Não vai te levar a se aventurar ou adentrar no mundo dos esportes radicais mas com certeza vai dar a sensação de como é escalar uma montanha. Lá no final, pouco antes dos créditos finais, aquela emocionante homenagem que vai deixar os espectadores de olhos molhados.


Cartazes: 
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FICHA TÉCNICA:
Título original: Everest
Gênero: Aventura, Drama, Suspense
Direção: Baltasar Kormákur
Roteiro: Justin Isbell, Lem Dobbs, Mark Medoff, Simon Beaufoy,William Nicholson (cinema),  Jon Krakauer (livro)
Elenco: Jason Clarke, Josh Brolin, John Hawkes, Robin Wright, Michael Kelly, Sam Worthington, Keira Knightley, Emily Watson, Jake Gyllenhaal
País: Estados Unidos
Estreia: 24/09/2015 (Brasil)
Distribuição: Universal Pictures do Brasil
Para maiores informações, acesse:
Site oficial do filme | Página oficial no Facebook
 

Alyson Fonseca

Crítico Cultural e Correspondente do Blah Cultural em Recife / Pernambuco.
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