Crítica de Filme | Força Maior

Bruno Giacobbo

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4 de março de 2015

Postulante sueco ao Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano, Força Maior conta a história de uma família que em meio ao caos e a correria diária consegue tirar cinco dias de folga para esquiar nos Alpes. No entanto, o que parecia ser uma viagem tranquila para Tomas (Johannes Bah Kuhnke), Ebba (Lisa Loven Kongsli) e seus filhos, se transforma em uma experiência traumática quando uma avalanche se precipita em direção à varanda do restaurante onde, calmamente, eles almoçam. O longa-metragem dirigido por Ruben Östlund esteve no páreo até o ultimo momento e foi justamente cortado da disputa quando a Academia definiu os cinco candidatos.

O espectador desavisado, que comprar o ingresso sem ler nada ou tendo visto apenas os cartazes, poderá achar que esta é mais uma obra do estilo cinema-catástrofe. Família feliz come o pão que o diabo amassou. Mas, não é. Há, sim, uma catástrofe no centro de sua trama. Acontece que ela é de outra ordem. Muito mais dolorosa: a descoberta da verdadeira natureza da pessoa com quem você compartilha, há bastante tempo, toda uma vida. Ao olhar de frente a tragédia, Tomas age de forma oposta a que se espera de qualquer pai zeloso. Ele foge. Já Ebba, como boa leoa, protege as crias e se indigna com o parceiro, aos seus olhos, agora, um leão covarde.

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O conflito entre o casal e as discussões que ocorrem na sequência são os melhores momentos de Força Maior. O problema é que, aos poucos, a história empalidece e fica cansativa por não conseguir manter o nível de tensão lá em cima durante todo o filme. Algumas passagens tornam-se risíveis. E não é aquele riso típico de quem está nervoso. Se ainda fosse, não haveria mal algum. Há também outro detalhe que incomoda. Uma virada um tanto quanto abrupta em relação ao destino de Tomas. Diante destes pecados, a bela fotografia, a interpretação de sua protagonista e a proposta da película, interessante e diferente, perdem vigor e o resultado final fica bem aquém do potencial inicial.

Desliguem os celulares e boa diversão.

BEM NA FITA: A proposta do filme e a fotografia.

QUEIMOU O FILME: A irregularidade do filme que o torna cansativo.

FICHA TÉCNICA:

Direção e roteiro: Ruben Östlund.
Elenco: Johannes Kuhnke, Lisa Loven Kongsli, Vincent Wettergren, Clara Wettergren, Kristofer Hivju, Fanni Metelius, Karin Myrenberg, Brady Corbet, Johannes Moustos, Jorge Lattof, Adrian Heinisch e Michael Breitenberger.
Produção: Philippe Bober, Erik Hemmendorff e Marie Kjellson.
Fotografia: Fredrik Wenzel.
Duração: 118 min.
Ano: 2014.
País: Suécia, Dinamarca, França e Noruega

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
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