Crítica de Filme | O Último Ato

Bruno Giacobbo

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1 de abril de 2014

Um ator que não se furta a aceitar papéis de todos os tipos corre um risco enorme. Por melhor que ele seja, às vezes, acaba se metendo em enrascadas e arranhões em sua imagem tornam-se inevitáveis. Al Pacino é um destes. Lembrado por personagens épicos como Michael Corleone, Tony Montana ou Frank Slade, ele coleciona diversos fiascos também. Alguns bem recentes, como, por exemplo, em um filme que contracena com Adam Sandler e interpreta a si mesmo – Sim, eu me recuso a escrever o nome desta infâmia. No entanto, sua redenção não poderia demorar a vir. E, ironicamente, ela veio em um longa-metragem onde interpreta um ator decadente.

O Último Ato, dirigido por Barry Levinson e baseado em um romance de Philip Roth, conta a história de Simon Axler, um veterano astro da Broadway que vê sua vida virar de ponta a cabeça após sofrer um acidente em cena. Levado para o hospital, ele acorda 16 dias depois e percebe que não se lembra de absolutamente nada. Pior do que isto: a partir daí, passa a ter problemas com o seu dom e se descobre, psicologicamente, incapaz de voltar a atuar.

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Como se já não tivesse problemas de sobra, Axler se envolve ainda em uma série de confusões com duas mulheres igualmente belas e problemáticas, Sybil (Nina Arianda) e Pegeen (Greta Gerwig). Após conhecê-lo no hospital e inspirada em um antigo filme, a primeira oferece dinheiro para que ele mate seu marido. Por sua vez, a segunda é uma antiga fã, filha de um casal de amigos, que na infância nutria uma paixão platônica pelo astro.

Com uma trama envolvente e para lá de instigante, O Último Ato é teatro filmado da melhor qualidade. Com diálogos estimulantes, a essência do longa está no carisma de seus atores principais. Em plena forma, aos 74 anos, Al Pacino irradia um magnetismo, da telona, como há muito não acontecia e a interpretação de uma estrela dos palcos coincide com o momento da carreira do ator em que ele está privilegiando, justamente, este tipo de arte. Já Gerwig, mais conhecida do público brasileiro por sua atuação em ‘Frances Ha‘, é a coadjuvante perfeita ao interpretar uma jovem volúvel que age com o único objetivo de satisfazer seus desejos e prazeres, assim como este filme extraordinário onde nem tudo é o que parece.

Desliguem os celulares e boa diversão.

BEM NA FITA: O enorme prazer de ver grandes atores em ação.
QUEIMOU O FILME: Nada.
FICHA TÉCNICA:
Diretor: Barry Levinson
Roteiro: Buck Henry e Michal Zebede
Elenco: Al Pacino, Greta Gerwig, Kyra Sedgwick, Dianne Wiest e Charles Grodin
Diretor de Fotografia: Adam Jandrup
Edição: Aaron Yanes
País: Estados Unidos
Gênero: Drama e Comédia
Ano: 2014

 

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
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