Crítica de Filme | Lugares Escuros

Bruno Giacobbo

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18 de junho de 2015

Todo grande sucesso comercial impulsiona a realização de continuações ou de outras obras do mesmo autor. Seja em Hollywood ou em qualquer lugar do planeta, esta é uma regra de ouro. Logo, não haveria de ser diferente com a escritora Gilliam Flynn. O lucro de aproximadamente US$ 300 milhões e as mais de 20 indicações a prêmios conquistadas mundo afora por “Garota Exemplar” (2014), com direção de David Fincher, naturalmente, geraram o interesse imediato por novas adaptações cinematográficas de livros da autora. O que os novos e velhos fãs talvez não soubessem é que quando a saga de Nick e Amy chegou aos cinemas, Lugares Escuros (2015), baseado no best-seller anterior da americana, já estava em fase de finalização. O resultado poderá ser conferido, nesta quinta-feira, nos cinemas de todo o Brasil.

Dirigido e adaptado pelo cineasta francês Gilles Paquet-Brenner, o longa-metragem traz a história de Libby Day (Charlize Theron e Sterling Jerins) que viu, quando criança, em 1985, a mãe e as duas irmãs serem assassinadas na fazenda onde a família vivia em uma pequena cidade do interior do Kansas. Pressionada pela polícia, ela testemunhou e ajudou a condenar o próprio irmão, Ben Day (Corey Stoll e Tye Sheridan), acusado de pertencer a um culto satânico, pelos crimes. Hoje, 25 anos depois, desempregada, desajustada, ela quase não pensa no assunto. No entanto, ao ser procurada por um grupo de investigadores particulares autodenominado “Clube do Assassinato”, a jovem colocará suas lembranças em xeque revisitando lugares escuros e antes insondáveis de sua memória.

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A história é mostrada através de flashbacks. Cenas do presente, com Libby adulta, são intercaladas com outras que mostram o que aconteceu mais de duas décadas atrás. Esta maneira de narrar, somada ao mistério bem engendrado por Flynn, despertam a curiosidade do público. Desde o primeiro instante, há aquela inquietação gostosa provocada por bons enredos policiais. Contudo, devido ao variado número de personagens que surge do nada, é provável que os espectadores levem algum tempo até identificar quem é quem na trama e, durante este tempo, tudo soe um pouco confuso. O formato é o mesmo de “Garota Exemplar”, o resultado diferente. A explicação passa, possivelmente, pelo fato do roteiro não ter sido adaptado pela própria escritora. E, claro, pelo filme não ser dirigido por Fincher, um mestre neste tipo de obra, vide os casos de “Seven” (1995), “Zodíaco” (2007) e “Millenium – O Homem que Não Amava as Mulheres” (2011).

O título, que faz referência justamente aos lugares da memória que a protagonista se obriga a revisitar em busca de respostas sobre o passado e os fatos ocorridos, em 1985, é o que de melhor o filme tem. Tanto pelo seu significado, como por encontrar eco em pelo menos dois momentos: na personalidade sombria de Libby, em mais uma boa atuação de Theron, e na bela fotografia escura das cenas do passado, que dá à obra um quê de noir. Lugares Escuros não chega a ter a pujança da adaptação anterior de um livro de Flynn, mas é um passatempo bem interessante.

Desliguem os celulares e boa diversão.

FICHA TÉCNICA:

Direção e roteiro: Gilles Paquet-Brenner.
Produção: A.J. Dix, Matt Jackson, Stéphane Marsil, Matthew Rhodes, Cathy Schulman, Charlize Theron.
Elenco: Charlize Theron, Nicholas Hoult, Chloë Grace Moretz, Christina Hendricks, Corey Stoll, Drea de Matteo, Tye Sheridan, Sean Bridgers, Andrea Roth, Azure Parsons, Richard Gunn, Laura Cayouette, Glenn Morshower, Sterling Jerins, Addy Miller, Jeff Chase, Shannon Kook, J. LaRose, Justin Lebrun, Denise Williamson, James Moses Black, Jason Douglas, Sheri Davis, Vanessa Amaya, Cody Daniel, James Martin Kelly.
Direção de Fotografia: Barry Ackroyd.
Edição: Douglas Crise e Billy Fox.
Trilha Sonora: BT e Gregory Tripi.
Figurino: April Napier.
Direção de Arte: Daniel Turk.
País: França.
Ano: 2015.
Duração: 113 minutos.

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
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