Crítica de filme: O Espetacular Homem-Aranha

Wilson Spiler

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8 de julho de 2012

Há exatos dez anos depois, a Sony Pictures resolveu arriscar e fazer um reboot do Homem-Aranha nos cinemas. Consagrada pela crítica e, principalmente, pelos rigorosos fãs do aracanídeo, a trilogia de Sam Raimi (exceto o terceiro longa) ainda está muito fresca na memória dos espectadores. Como ver o ótimo Tobey Maguire ser substituído pelo “menino” Andrew Garfield (que, convenhamos, não é mau ator)? É que o protagonista anterior vestiu tão bem o uniforme azul e vermelho que é difícil mesmo não comparar. Não falo nada da Mary Jane (interpretada brilhantemente por Kirsten Dunst) porque a namorada do nosso herói no filme é Gwen Stacy (Emma Stone).

O slogan de O Espetacular Homem-Aranha diz “a história nunca antes contada”. De fato, ela nunca foi contada, mas porque simplesmente não existia. Não vou me exceder, para evitar possíveis spoilers, mas desde já revelo que o modo como ele foi picado e a morte do Tio Ben são completamente diferentes da trama original. Também senti falta do editor do jornal Clarim Diário, J. J. Jameson, um dos personagens mais icônicos das HQs do aracnídeo.

Martin Sheen e Sally Field como Tio Ben e Tia May, respectivamente, fazem uma dupla respeitável, mas também não há como evitar comparações com a de 2002, Cliff Robertson e Rosemary Harris, que me desculpem, levam vantagem. A famosa frase “Grandes poderes exigem grandes responsabilidades”, tão recitada nos quadrinhos e presente no original de Sam Raimi, não aparece na nova versão, embora seja usada como referência em outros sermões do pai adotivo de Peter Parker. É difícil assimilar também a relação entre Flash e Peter, que após alguns desentendimentos, tornam-se colegas.

Porém, O Espetacular Homem-Aranha tem também suas qualidades. E muitas. Primeiramente, é sim um filme bem divertido. Para quem viu “500 dias com ela”, é impossível não relacionar o romance entre Peter Parker e Gwen Stacy com Tom Hansen e Summer Finn. As “fofurices” das aproximações dos dois casais estão todas lá. Marc Webb recebe ponto positivo nesse quesito. Mas o diretor também se sai bem na ação. Os takes do herói pulando entre os prédios e as lutas entre ele e o Lagarto são de tirar o fôlego. Nesse ponto, vale destacar a incrível agilidade do “amigão da vizinhança”, bem maior do que na trilogia de Raimi (ok, a tecnologia ajuda). No longa, é possível ver também um personagem mais bem-humorado, com as famosas piadas tão presentes nos quadrinhos. A tão criticada nova roupa do Homem-Aranha, a meu ver, também não prejudica em nada. Pelo contrário, é bem aceitável.

Mas talvez a cena mais bonita do filme (em termos de técnica de direção e de fotografia) seja a da ponte, onde o aracnídeo se vê dividido entre deter o Lagarto e salvar uma criança que está sozinha no carro dependurado pela teia. Ao optar por resgatar o menino, com o veículo pegando fogo, ele mostra o rosto para o desesperado garotinho e diz: “eu sou como você: humano”. Peter pede ao menino, então, para por a máscara dele e prossegue: “você vai se sentir mais forte”. Duvido que quem lia os quadrinhos na infância não tenha se visto representado por aquele pobre rapazinho.

Com relação ao elenco, Andrew Garfield, definitivamente, não é Tobey Maguire, mas não sente o peso e se sai bem no papel. Faz um Peter Parker tímido e inseguro, incapaz de chamar uma garota para sair, e convence como um adolescente. Emma Stone também vai bem, desfilando charme e competência como Gwen Stacy. Já Rhys Ifan, que interpreta o Dr. Curt Connors e, consequentemente, o vilão Lagarto, mostra talento e incorpora o personagem com segurança, embora diferente das HQs. Nesse ponto, não gostei tanto foi da maquiagem do vilão, que merecia um rosto mais “reptiliano”, digamos assim.

Entre erros e acertos, O Espetacular Homem-Aranha vale o ingresso. Não é o filme do ano, mas é diversão garantida. Se você não é ou foi leitor assíduo dos quadrinhos, aproveite. Já se é um fã daqueles chatos, é bom passar longe das salas de cinema.

NOTA: 7,5.

BEM NA FITA:

– Cenas de ação

– Piadas

– Agilidade do herói

– Romance entre Peter Parker e Gwen Stacy

QUEIMOU O FILME:

– É covardia comparar aos originais de Sam Raimi

– Ausência do editor-chefe do Clarim Diário, J. J. Jameson

– Onde está a frase “Grandes poderes exigem grandes responsabilidades”?

– Maquiagem do Lagarto

FICHA TÉCNICA:

NOME: O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man)

ELENCO: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Martin Sheen, Sally Field, Denis Leary, Chris Zylka, Irrfan Khan, Annie Parisse, Campbell Scott, C. Thomas Howell

DIREÇÃO: Marc Webb

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
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