Crítica de Filme | O Homem de Aço

Leandro Stenlånd

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12 de julho de 2013

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CRÍTICA POR RENNIE COWAN | REVIEW BY RENNIE COWAN
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TRADUZIDO POR LEANDRO  STENLAND | TRANSLATED BY LEANDRO STENLAND

Superman ou Kal-El, sendo ambos, o último filho de Krypton ou quem sabe Clark Kent? Algumas pessoas ficam viajando sobre a fantástica origem do herói em questão. Cada pôster, cada trailer, cada imagem dava a todos nós uma esperança de que esse Homem de Aço (Man of Steel) seria bem diferente de seu anterior (Superman – O Retorno), e posso afirmar que foi. E como foi.

Com o bombástico sucesso de Christopher Nolan e sua trilogia do Batman, não seria nada clichê saber que o maior herói da história fosse voltar à tona em grande estilo. Somando forças entre David S. Goyer (roteirista da trilogia Batman) e Zack Snyder (Watchmen, 300), na direção, fez dessa fusão uma razão cósmica para que universo já ficasse em total delírio aguardando o filme que seria o retorno do filho de Krypton às telonas, mas sem aquele fiasco que foi o longa de 2006. Claro que com a adição de Nolan, a crítica mundial e, consequentemente, os fãs vieram a aplaudir a iniciativa da Warner em fazer valer o famoso ditado “em time que está ganhando não se mexe”.

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Se formos analisar ator por ator, iríamos gastar mais tempo falando dos mesmos em particular do que do filme, mas posso dizer que já havia gostado do trabalho de Henry Cavill em “The Tudors“, seriado magnífico, onde a atuação era por si só complexa, afinal, a história dos Tudors nunca foi algo fácil de se compreender, muito menos de se assistir. Entretanto, Henry estava lá com uma brilhante atuação que, na certa, somou pontos também no filme “Os Imortais”, como Teseu, que, sinceramente, eu achei fraco, ainda que o ator estivesse impecável.

Indo para O Homem de Aço, na história, Krypton (planeta do Superman) é praticamente uma espécie de paraíso. Se não fosse pelo teor tecnológico adicionado ao local, diria que, por ser tão lindo, seria uma espécie de clone do Avatar.  Por um destino nada justo, a região entra em colapso e, com isso, toda o planeta começa a entrar em declínio. E o que era belo, torna-se trágico. Seus pais (Jor-El e Kara) então decidem enviar seu filho para um outro mundo, situado em outra galáxia, chamado Terra (por que sempre nós?), para que o último filho de Krypton viesse a sobreviver. Graças ao nosso amado Russel Crowe, ele sobrevive.

Na Terra, o maior herói da história é simplesmente um imigrante que veio de um planeta destruído (Krypton). Digamos que seria o homem mais solitário em todo o universo, um forasteiro, quem sabe. Ainda assim, uma pessoa de bem, de coração puro, algo que veio de seus pais. O envio de Kal-El por parte de Jor-El em uma nave espacial para o nosso mundinho não foi por acaso: ele já sabia que seu filho viria a se tornar uma espécie de Deus para toda a humanidade.

O que Zack Snyder fez neste épico filme – apesar de não ser a melhor produção de super-herói que já assisti – foi simplesmente mostrar as características mais, digamos, humanas (?!) do herói. O diretor trouxe ao público algo mais tocante, vivo e sentimental, afinal, seus poderes parecem muito mais uma maldição do que uma dádiva dos deuses.

Depois de uma longa jornada viajando pelo espaço e de ter sido resgatado, vem a juventude do herói que é conflitante e cheia de tédios, afinal, ter poderes e não poder usá-los por medo de como a humanidade fosse lidar com isso é praticamente como ter dinheiro, ver uma TV de 84 polegadas e não poder comprar, senão vão fofocar na rua… Exemplo chulo, mas é mais ou menos assim, viver se escondendo, não podendo fazer o que se gosta com os poderes que foram dados ao jovem Clark, fazendo com que sua força se torne sua maior fraqueza.

Todo esse enredo diante de Clark fez com que a trama, por certos momentos, ficasse um pouco cansativa, afinal, todo reboot tem o famoso ‘lenga lenga’ de contar tudo detalhadamente, ainda que o primeiro filme tenha sido um ano atrás e todos venham a lembrar da origem de um herói. Mas não tem mesmo para onde correr, é necessário deixar batido o famoso “início, meio e fim”.

A Teoria da evolução de Darwin é imposta duramente neste longa. A todo momento fala-se de evolução, a cada momento, a cada minuto e até mesmo nas lutas, a palavra evolução é citada.

Que Kevin Costner é um magnífico ator todos sabemos, mas em O Homem de Aço ele supera qualquer expectativa encarnando o papel de pai do Super-Homem, algo difícil para qualquer ator, mas a atuação dele é de tirar o fôlego. A famosa frase “Você é a resposta do porquê estamos sozinhos no universo” vem do lado afetivo do pai, que, ao saber que seu filho levantou um ônibus escolar depois dele ter caído da ponte, foi diretamente explicar ao jovem Clark os perigos de expor seus superpoderes. “O que eu deveria de fazer? Deixá-los morrer?”. A resposta do menino foi forte e tocante, ainda mais quando Kevin responde: “Talvez sim”. É algo tremendamente conflitante para o jovem e lindo de assistir para todos nós, afinal, eu senti no íntimo da minha alma a necessidade de ouvir palavras tão duras, mas também tão doces ao mesmo tempo.

Saindo um bocado do campo e indo para a cidade grande, o papel vivido por Amy Adams como Lois Lane ganha força ao tentar explicar o tal objeto que caiu no planeta que estava praticamente congelado há mais de 20.000 anos (nossa, hein?).

Em um filme onde praticamente uma hora é gasta tentando desenvolver a história do herói em forma juvenil e mostrar os prós e contras de ser um alienígena com super força, visão de calor e sopro congelante, chegou a hora da trama começar a ter um teor mais complicado. Se para Lois explicar quando, como, onde e por que um objeto caiu na Terra, explicar a chegada do General Zod ao planeta removendo ”por completo” o segredo de Clark de tentar se esconder, dando ao herói 24 horas para se render, é algo ‘bem complicado’, não? Pois é, o vilão chega em sua belíssima nave e, como há um real paralelo entre Superman e Jesus Cristo, especialmente ao sabermos que o herói havia gasto 33 anos de sua vida se escondendo e de repente ter de se expor ao mundo, fazendo com que o herói fosse ao encontro de seu inimigo, levando destruição à famosa cidade de Smallville (que na verdade se passa em Kansas) e um imenso embate começaria.

Com a aparição do vilão, surgiria então um furo de reportagem para o Planeta Diário, não? E com isso vem claro a aparição de Perry White (Laurence Fishburne) que não fica atrás no quesito de atuação, uma vez que era bem provável que não fosse tão simples demonstrar a rigidez e destreza do chefe do Planeta Diário, que por muito tempo vimos nele uma figura meio antipatica e sisuda.

Visualmente falando, O Homem de Aço arrepia a cada cena vista, seja ela vindo das fantasias ou dos efeitos especiais – que, por sinal, são magníficos, ainda que exagerados, mas, convenhamos que um filme tão esperado, tinha que ter o que outros não tiveram até então. As cenas de impacto tecnológico são simplesmente espetaculares, levando os fãs da Marvel a momentos de total frustração por não ter tido a oportunidade de ver Nolan, Goyer e Snyder juntos em uma produção de tamanha proporção. Trechos que lembram os efeitos adicionados em “Transformers” também são bem quistos, afinal, uma espécie de polvo com tentáculos gigantes é mais bizarro e engraçado que necessariamente algo que passe medo para a pessoa que assiste o longa, ainda assim, uma cena das boas.  O uso da visão de calor é algo bem criativo (os efeitos especiais), pois finalmente, dessa vez é possível ver que sai mesmo de dentro do corpo do herói ou vilão, é possível sentir no ímpeto da alma queimar seus olhos ao vê-los ardendo em chamas, seja lá de que lado esteja vindo. E se você acha que para por aí a questão de efeitos especiais, está enganado, muito enganado. Amir Mokri simplesmente abusou de tudo que podia para fazer com o que a esperança que vem do significado do Símbolo S estampado no peito do herói, viesse passar as sensações reais de se ter uma visão de calor ou um sopro super gelado, ou até mesmo se sentir tão forte quanto o Super.

Um outro detalhe é o uso do 3D no filme, algo praticamente descartável, uma vez que o longa não foi produzido com essa tecnologia, mas convertido para tal. Creio eu que em IMAX 3D Full deva mudar algo.

Mas se visualmente falando o longa tira de todos os fãs excelentes críticas, a sonoplastia não fica atrás. Hans Zimmer é rei, mestre, Deus, e tudo mais naquilo que faz e de  forma soberba. Posso afirmar que cada soco dado no rosto de Zod (ou seja em qualquer parte de seu corpo) vale a pena devido à brilhante trilha sonara aderida ao filme. Vale lembrar que uns 50% do sucesso da trilogia de Batman é praticamente devido à sua trilha envolvente. É praticamente uma dimensão paralela à extensão da plenitude vindo da orquestra do compositor em qualquer filme, seja ele em “A Origem”, na “trilogia Batman” e, consequentemente, em O Homem de Aço. Posso dizer que a grandeza das habilidades do maestro criam uma aurora boreal em quaisquer circunstâncias.
O que você deve estar se perguntando é: E a luta entre Superman e Zod, como fica? Pois bem, é um confronto que ganha proporções épicas a cada segundo, Os combates são intensos e consideravelmente grandes para o momento em que se adequa na tela. Michael Shannon é intocável para os terráqueos e passível de sentir dor ao chegar na Terra (período de adaptação do vilão ao clima terrestre). Cada soco, cada chute, cada zoom in utilizado em momentos dos efeitos especiais, os choques com os prédios , o uso da superforça para parar um caça americano, dentre muitas coisas mais nesse duelo entre o mocinho e o vilão, levou a minha atenção o quão competente Goyer foi ao escrever o roteiro. A luta final é como todos queremos: grande, justa, esplêndia, e em seu ápice, Kal-El afasta finalmente do planeta todo o mal que havia ameaçado o mesmo!
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A pergunta que todos tem feito é que caiu na net recentemente o boato de que Superman vem a matar ZOD. Mas peraí, como um herói poderia matar um vilão se ele é o herói? Realmente isso acontece? Pois bem, do ponto de vista técnico, ele é um herói não um Deus…Deuses são perfeitos, heróis possuem suas imperfeições, seus dilemas, seus problemas internos e com isso se houve realmente uma morte, foi por acidente.

Num resumo, O Homem de Aço é o filme que realmente esperávamos do maior ícone da história dos quadrinhos. Praticamente foi se encontrado aquele que sempre escondeu os rastros de sua localização, foi dado a alguns a noção dele ser um anjo da guarda, para outros um fantasma que nunca se adaptou… Agora temos um ideal pelo qual estamos sendo guiados. O Homem de Aço sim, nos ajudará a fazer maravilhas, e uma dessas façanhas é assistir um longa tão intenso, soberbo e cativante, que é de fazer chorar tudo que é visto num todo. Se a Liga da Justiça tem chance de bater Os Vingadores? Hoje posso dizer que tenho esperança.

BEM NA FITA: Quase tudo é impecável!

QUEIMOU O FILME: O uso de algumas cenas desnecessárias como a da tentente do exército dizendo que o Superman é “gostoso”. Pufff…

FICHA TÉCNICA:

Nome: O Homem de Aço (Man of Steel)
Elenco: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Kevin Costner, Diane Lane, Russell Crowe, Laurence Fishburne, Antje Traue, Ayelet Zurer, Christopher Meloni, Michael Kelly, Harry Lennix, Richard Schiff, Dylan Sprayberry, Cooper Timberline
Diretor: Zack Snyder
Roteirista: David S. Goyer, Historia por David S. Goyer and Christopher Nolan, Baseado nos personagens dos quadrinhos da DC Comics. Superman criado por Jerry Siegel e Joe Shuster
Produção: Syncopy
Produtores: Charles Roven, Christopher Nolan, Emma Thomas, Deborah Snyder
Produtor Executivo: Thomas Tull, Lloyd Phillips, Jon Peters
Diretor de Fotografia: Amir Mokri
Produtor de Design: Alex McDowell
Designer de Fantasias: James Acheson, Michael Wilkinson
Musicas: Hans Zimmer
Supervisor de Efeitos Especiais: John “DJ” Desjardin


O Homem de Aço estreia  dia 14 de junho em boa parte do mundo. No Brasil? Aguardemos até dia 12 de julho…

 

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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