Crítica de Filme | O Médico Alemão [2]

Danielle Meniche

Entrei no cinema sem maiores pretensões com relação a esse filme de Lucía Puenzo, candidato ao Oscar de Melhor Película Estrangeira. Confesso que nem li a sinopse, mas apesar disso o filme prendeu minha atenção desde o começo e pelo curioso fato do personagem principal chamar-se Helmut Gregor (Alex Brendemühl) – eu já tinha ouvido esse nome em algum documentário perdido pelo Youtube – codinome do Anjo da Morte, Josef Mengele, durante sua passagem pela Argentina.

Lilith: o exemplar perfeito.

Lilith: o exemplar perfeito.

>>> Confira a crítica do filme do ponto de vista de um argentino

Logo no início do filme percebe-se a obsessão de Helmut/Mengele pela observação das características e peculiaridades humanas, principalmente de Lilith (Florencia Bado), uma menina de doze anos com corpo de oito, cuja família se transfere para um hotel em Bariloche e acolhe o misterioso médico como seu primeiro hóspede.

Ali eles sentem a influência cultural e educacional alemãs no local. Naquela época a região estava repleta de fugitivos nazistas e era um terreno perigoso para uma menina curiosa como Lilith que se envolvia cada vez mais no mundo de Helmut/Mengele.

O Anjo da Morte

O Anjo da Morte

Aos poucos a personalidade doentia do personagem principal é revelada, seja nos comentários sobre suas experiências genéticas com animais a fim de criar exemplares puros, ou sua “solicitude” em realizar o sonho de Enzo (Diego Peretti), patriarca da família, e transformar sua fábrica de bonecas em realidade estabelecendo um padrão ariano para os brinquedos, olhos azuis e cabelos loiros. Mas, Helmut/Mengele tem outros interesses e conta com o apoio de Eva (Natalia Oreiro), a matriarca cuja confiança ele conquistou – qualquer coisa relacionada à Criação do Homem não é mera coincidência – e realiza um tratamento duvidoso em Lilith para que ela cresça normalmente.

O Médico Alemão é uma história baseada em fatos reais perturbadores e que nos leva a pensar no porque alguns cientistas usam seus conhecimentos de forma tão egoísta e predatória.

Enfim, é um filme muito bom e com momentos surpreendentes apesar de conhecermos a trajetória do Anjo da Morte.

Vale a pena assistir.
BEM NA FITA: O suspense crescente que o filme proporciona. Um verdadeiro passatempo.
QUEIMOU O FILME: Nada que seja relevante mencionar.
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FICHA TÉCNICA:
Título Original: Wakolda
Direção: Lucía Puenzo
Elenco: Natalia Oreiro, Alex Brendemühl, Diego Peretti, Elena Roger, Alan Daicz, Guillermo Pfening , Ana Pauls, Abril Braunstein, Florencia Bado e Juani Martínez.
Roteiro: Lucía Puenzo
Origem: Argentina/Espanha/França/Noruega
Gênero: Drama/Histórico
Duração: 93 min
Ano de lançamento: 2013
Classificação etária: 14 anos
Estreia no Brasil: 20 de Março

>>> Confira também a crítica desse filme feita por um argentino 

Danielle Meniche

Danielle Meniche Cruz nasceu em São Paulo em 27 de maio de 1983 e é formada em Propaganda e Marketing. Em outubro de 2011 lançou seu primeiro livro de crônicas, Palavras que Tocam o Coração (Clube de Autores), que reuniu textos publicados no Blog da Meniche. Publicou o conto O Guarda-Roupa em 2012. Em 2013 participou das antologias Livre para Voar (Andross Editora), Palavra é Arte (Cultura Editorial), Mulheres e Ponto (Litteris Editora) e O Tempo Não Apaga (Celeiro de Escritores). É colunista dos sites Blah Cultural, Arca Literária e Página Cultural, além de colaborar com outros portais. A literatura é seu propósito de vida. Este ano lançará o livro Breves Coisas da Vida pela Chiado Editora.
NAN