Crítica de Filme | Os Boxtrolls

Bruno Giacobbo

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1 de outubro de 2014

Em tempos de discussão sobre a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, onde o politicamente correto é cada vez mais valorizado e um candidato à presidência do Brasil pode ser processado por ter se manifestado de forma preconceituosa em um debate na televisão, o longa-metragem de animação Os Boxtrolls, dirigido pelos cineastas Anthony Stacchi e Graham Annabele, é uma bela fábula infantil sobre a importância de se aceitar as diferenças e o que pode acontecer quando a intolerância é levada as últimas consequências.

Inspirado no livro ‘Here Be Monsters’, de Alan Snow, o filme traz a história da pequena ilha de Pontequeijo, governada por um grupo de homens que usa chapéus brancos como símbolo de status e toma todas as decisões em torno de uma mesa, apreciando os mais variados tipos de queijos. No esgoto desta comunidade vivem pequenas criaturas conhecidas como boxtrolls. Monstrinhos que usam caixas velhas como roupas e não fazem mal a ninguém. Seus hobbies são colecionar tranqueiras jogadas no lixo pelos humanos e consertá-las. No entanto, eles não são vistos assim.

Muitos anos atrás, uma criança desapareceu e seu pai, um importante e querido inventor, foi dado como morto. Com a culpa imediatamente atribuída aos boxtrolls e a população morrendo de medo, os homens que dirigiam a ilha aceitaram a oferta do ambicioso Arquibaldo Penélope Surrupião: o extermínio de todos os monstrinhos em troca de um chapéu branco. Hoje, a única esperança deles é um menino órfão, muito esperto, que foi criado pelas próprias criaturinhas.

Produzido em ‘stop motion’, técnica em que os personagens são fabricados manualmente e os movimento precisam, obrigatoriamente, serem feitos um a um até termos uma história, o filme de Stacchi e Annabele contrasta com as animações modernas mais recentes, produzidas em computador, como, por exemplo, ‘Cavaleiros do Zodíaco – A Lenda do Santuário. Seu diferencial é o roteiro que, com uma simplicidade infantil, discute questões delicadas como as apontadas no início desta crítica.

Com estreia marcada para esta quinta-feira, dia 2 de outubro, Os Boxtrolls traz ainda uma outra lição manjada, mas importante e útil para os adultos usarem com as crianças, sobre o relacionamento entre pais e filhos: não basta ser pai, tem que participar. O único problema se resume ao 3D, para variar, totalmente desnecessário e de qualidade ruim.

Desliguem os celulares e boa diversão.

BEM NA FITA: O roteiro que, com uma simplicidade infantil, traz lições legais para a criançada. Além de contar uma história divertida e envolvente.
QUEIMOU O FILME: O efeito 3D.

FICHA TÉCNICA:
Direção: Graham Annable e Anthony Stacchi
Elenco: Vozes de: Ben Kingsley, Isaac Hempstead-Wright, Elle Fanning, Toni Collette, Jared Harris, Simon Pegg, Nick Frost, Richard Ayoade e Tracy Morgan.
Gênero: Animação
País de Origem: EUA
Duração: 97 min.
Distribuidora: Universal Pictures

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
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