Crítica de filme | Ponte dos Espiões

Malu Portela

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21 de outubro de 2015

Não há um universo de coisas a se dizer sobre ‘Ponte dos Espiões’. O mais recente filme de Steven Spielberg, roteirizado a seis mão por Matt Charman, Ethan Coen e Joel Coen, não o faz um clássico de nossos tempos mas, sim, um tributo aos clássicos.

Em tempos de séries televisivas resumindo o cotidiano audiovisual dos espectadores, onde se pode encontrar personagens multidimensionais, em que os  protagonistas mais amados são aqueles com os lados mais sombrios em voga, Spielberg opta por fazer um filme ao estilo anos 50, em que James Donovan, interpretado por Tom Hanks é um homem íntegro e capaz de  se sacrificar por fazer a coisa certa, um homem bidimensional, no máximo, guiado por seu moralismo e valores.

Um conselho de quem odeia criar grandes expectativas porque sabe que a frustração poderá ser iminente, especialmente quando se trata de filmes: ‘Ponte dos Espiões’ não é um filme sobre espionagem propriamente dita, caso sinta a necessidade de rotulá-lo em algum gênero. O filme trata da história de Donovan, um advogado incumbido de defender o espião soviético, Rudolf Abel (Mark Rylance),  em tribunal americano. Porém, o veredicto já é o esperado de tempos de pânico e incerteza no contexto de uma Guerra, por mais que essa seja de informações. A autodefesa e preservação de uma nação na frente dos direitos de uma possível ameaça. Eis então que começa o thriller Guerra Fria em si, Donovan é o escolhido para mediar a troca entre o espião soviético que defendeu, e o espião americano Francis Gary Powers (Austin Stowell) capturado pela União Soviética.

Dentro dessa sinopse extensa ainda encontram-se muitos elementos que construíram o filme. Um de seus méritos é intercalar de maneira clara e eficaz três histórias que se desenrolam e imbricam ao longo das quase duas horas e meia do longa. Apesar de ser um filme que obedece ao clássico em termos de roteiro e, conseqüentemente, a maior parte das escolhas de linguagem de Spielberg, em que você se leva pelo suspense, do que está por vir, mas já viu e reviu essa fórmula incontáveis vezes e sabe muito bem como terminará, ‘Ponte dos Espiões’ é impecavelmente bem feito. É possível respirar o terror de se viver em tempos os quais as pessoas esperavam uma bomba cair sobre suas casas a qualquer momento ou, agora passando para território alemão, o mesmo sentimento de angústia somado a falta de liberdade para escolher de que lado ficar, o oriental ou ocidental.

Mais perto dos homens movidos por ideais  de ‘Lincoln’ e ‘O resgate do Soldado Ryan’, Spielberg se afasta do arriscado ‘Munique’. ‘Ponte dos Espiões’ é longe de ser um filme obrigatório na filmografia do cineasta, mas ganha na precisão de retratar um período da história da humanidade de maneira formidável e nas referências  hitchcockianas e (muitos) toques cômicos de Billy Wilder.

Confira o trailer abaixo:

FICHA TÉCNICA:

Título original: Bridge of Spies
Distribuição: Fox
País: Estados Unidos
Gênero: Drama
Ano de produção: 2015
Duração: 135 minutos
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Matt Charman
Elenco: Amy Ryan, Tom Hanks, Mark Rylance, Eve Hewson

Malu Portela

Sua vida parece ser um eterno road movie. Na estrada, descobriu seu amor pelo cinema: cursou a New York Film Academy, em 2012, no ano seguinte entrou para a Escola de Cinema Darcy Ribeiro e agora está prestes a se formar em publicidade. Também escreve sobre assuntos variados em seu blog pessoal oautorretrato.blogspot.com.br Apenas espera chegar ao final dessa viagem se conhecendo um pouco melhor.
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