Crítica de Filme: R.E.D. – Aposentados e Ainda Mais Perigosos

Alan Daniel Braga

A franquia (já posso chamar assim?) RED teve início em 2010 com o primeiro longa-metragem, baseado livremente no quadrinho homônimo de Warren Ellis e Cully Hamner, que, por sua vez, foi publicado pela DC Comics. No filme, Frank Moses (Bruce Willis) é um agente da CIA aposentado que tenta levar uma vida normal até ter a casa atacada por agentes. A única pessoa que tem contato direto com o veterano é Sarah (Mary-Louise Parker), a telefonista que cuida de seu contracheque, que não o conhece pessoalmente, mas por quem ele está interessado. Moses deduz que logo perceberão sua ligação com Sarah e parte para protegê-la. Para entender o porquê de ter sido atacado, Frank conta com os antigos companheiros Joe (Morgan Freeman), Marvin (John Malkovich) e Victoria (Helen Mirren), todos aposentados, perseguidos e saudosos da atividade.

A bilheteria do primeiro filme agradou e, como não poderia deixar de ser, agora vem a sequência. Em ‘R.E.D. – Aposentados e Ainda Mais Perigosos‘ (RED 2), Frank Moses (Willis) tenta levar uma vida pacata com Sarah (Parker), embora esta tenha mais interesse pela vida de aventuras que o ex-agente levava antes. A ação volta à vida do casal quando informações confidenciais sobre um dispositivo nuclear desaparecido são publicadas no Wikileaks. Moses conheceu o desaparecido inventor do dispositivo (Anthony Hopkins) e, por ter ligação com a operação secreta chamada Nightshade, é mais uma vez perseguido. Para “salvar o mundo”, ele contará novamente com a ajuda dos amigos loucos e aposentados (Malcovich e Mirren). A missão leva-os a Paris, Londres e Moscou, onde eles precisarão sobreviver a um exército de assassinos, terroristas e oficiais do governo, todos com o propósito de ter a posse da próxima geração de armas. O longa conta com as participações de Catherine Zeta-Jones, Byung-hun Lee, Neil McDonough e, como dito, de Anthony Hopkins.

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O conflito interno de Moses e Sarah é, mais uma vez, por sua relação amorosa. Ele quer mantê-la segura, ela quer aprender a viver com o Moses de verdade. A partir da relação dos dois e das crises de ciúme, surgem boas piadas. A Victoria de Helen Mirren também continua a mesma – decidida, fria, irônica – e protagoniza uma das cenas de ação de maior destaque no filme. O personagem que mais aparece mudado é Marvin, de John Malkovich. Embora ainda continue engraçado e um pouco ‘sequelado’, o personagem ganha ares de ponderação e vira conselheiro sentimental. A participação é maior do que no filme anterior, mas sempre como fiel escudeiro de Moses, ficando, por vezes, à margem das situações.

Para manter uma tradição na franquia, o que temos nesta sequência é novamente uma grande e boa dose de ação e humor. Não há tempo de respirar, nem mesmo durante a apresentação da trama. Mas o ritmo do filme, feito para manter a diversão e camuflar os furos, acaba por sobrepor-se à trama. São muitas reviravoltas e em determinado momento você se pergunta: Como foi mesmo que tudo aquilo começou? Por que estamos aqui?

Em todo caso, abstraindo certas questões (nas quais não me aprofundo para não gerar mais spoilers), estava simpatizando muito com o filme, as transições quadrinescas, as cenas de luta, até chegar o momento do clímax. Foi no final que o filme me perdeu e me deixou novamente implicante (parte de minha natureza rabugenta). Porque por mais absurdas que sejam as cenas de ação de um filme, a boa execução na tela (e a diegese) sempre faz a gente aceitar o impossível (sempre lembro o True Lies como exemplo destes filmes de ação que te deixam com um sorriso no rosto e um contraditório “Que mentira deslavada” na cabeça). O que não dá para engolir é o que é negado ao espectador. E o que descobrimos no fim do filme é que Moses, além de agente secreto, é ilusionista. E como no ilusionismo, o espectador não precisa saber como a mágica foi feita. O que importa é que tudo se resolveu e é isso aí, vamos pra outra. Mas eu… Eu não. Foi ali que eu fiquei.

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No mais, tirando os clichês, furos e o final mágico, ‘R.E.D. – Aposentados e Ainda Mais Perigosos’ é um filme divertido, com bons efeitos, válido para quem curte o gênero e quer quase duas horas de risos, tiros e explosões.

BEM NA FITA: Ação, humor, efeitos e, claro, a reunião de um time de atores de primeira linha.
QUEIMOU O FILME: Os clichês e o final, que nos faz voltar atrás e procurar os furos da trama.
FICHA TÉCNICA:
Elenco: Bruce Willis, Mary-Louise Parker, Anthony Hopkins, John Malkovich, Helen Mirren, Catherine Zeta-Jones, Lee Byung-hun.
Direção: Dean Parisot
Gênero: Ação
Tempo de Duração: 116 minutos
Ano de Lançamento: 2013
Distribuidora: Paris Filmes
Estreia: 02 de agosto

Alan Daniel Braga

Publicitário e roteirista de formação, foi de tudo um pouco: redator, produtor, vendedor, clipador, operador de som e imagem, divulgador, editor de vídeos caseiros, figurante e concursado. Crítico, irônico e um tanto piegas, é conhecido vulgarmente como Rabugento e usa essa identidade para manter um blog pouco frequentado (Teorias Rabugentas). Também mantém uma página no Facebook (Miscelânea Rabugenta), com a qual supre a necessidade de conhecer músicas, artistas e pessoas novas. Está longe de ser Truffaut, mas gosta de dar voz aos incompreendidos. (Acesse http://teoriasrabugentas.blogspot.com.br/ e curta https://www.facebook.com/MiscelaneaRabugenta)
NAN